29 julho 2013


Sempre exalto nas minhas aulas a importância da escrita para a vida. Faço isso porque indiscutivelmente é ela que nos fez e faz representar os múltiplos significados da realidade circundante através dos códigos até então existentes. Também foco na necessidade que temos de dominar as palavras escritas, não apenas como regra, mas como instrumento sócio-educacional capaz de estabelecer entre o outro o interativo conhecimento proporcionado pelo texto. 

No entanto, mesmo sabendo de tudo isso, muitos alunos ainda apresentam sérias dificuldades com o texto. É importante pontuar, nesse sentido, que a nossa educação tem uma grande parcela de culpa nessa questão. Infelizmente, muitas escolas não trabalham devidamente com os textos e nem tão pouco destacam a importância dele para a vida dos estudantes. Como resultado disso, formam-se jovens desinteressados pela escrita, os quais serão “obrigados” a fazer textos diversos ao longo da sua trajetória estudantil, nos vestibulares e universidades da vida, muitas vezes em prazer.

Nesse ponto, a Redação do ENEM surge como a principal vilã dos estudantes. Sendo a prova de maior importância do vestibular, ela é temida por todos aqueles que passaram a acreditar que não sabem escrever ou não gostam de escrever. Acontece que ninguém nasce escrevendo. Aprende-se, com uma boa educação, a dominar a palavra escrita. Porém, quando essa educação é deficiente, o aluno cria a falsa ilusão de que não escreve, de que não é capaz, de que não sabe escrever e o pior, de que não gosta da escrita. Será mesmo que você não gosta, não sabe, ou não é capaz de escrever?

Claro que não! TODOS são capazes de elaborar um bom texto e tirar uma excelente nota no ENEM ou qualquer outra prova do vestibular ou concurso público. Entretanto, para isso, como tudo na vida, você precisa de alguns passos. O primeiro deles é reconhecer as suas limitações. Fazendo isso, você será capaz de focar no que realmente está em falta, seja no quesito coesão, coerência, leitura, etc. o segundo passo (que eu aconselho) é se arriscar. Não adianta nada reconhecer os seus erros se você não se arrisca, ao ponto do outro ver as suas falhas e, quem sabe, puder corrigi-las.

Seguindo esse raciocínio, o terceiro passo é a prática da leitura e da escrita. Ler é fundamental (e não é só para redação não!) para ampliar o vocabulário, para conhecer textos diversos, para enriquecer o conhecimento de mundo sobre várias questões, etc. Ou seja, com a leitura, você terá a possibilidade de aprender e, sobretudo apreender conhecimentos mil sobre os mundos que estão a sua volta. Além desse, a escrita aparece coladinha, fazendo uma linda parceria com a leitura, pois não adianta apenas ler, é preciso registrar o que se lê, expressar-se no papel e, se possível, compartilhar com alguém a sua produção textual.

A princípio, não precisa ser um texto simetricamente perfeito, dotado de todas as qualidades para que um texto seja um texto. NÃO! Pode ser qualquer texto, de qualquer tamanho e gênero. Em outras palavras, faça pequenas frases, ou grandes parágrafos. Faça dissertações, ou contos, crônicas, novelas e poemas. Tanto faz o que você irá fazer, contanto que você faça, escreva, produza se arrisque. Não caia nessa lábia falaciosa de que só os letrados podem e sabem escrever, pois isso é a mais pura inverdade. Muitas pessoas formadas, mestres e até doutores têm gigantescas dificuldades com o texto. Imagine então você que está apenas começando.

E os sintomas de quem não sabe escrever são iguais em todos os lugares. Suor, mãos trêmulas, ideias desconexas, vergonha de expor em público o que fez (com medo de serem avaliadas negativamente). Às vezes possuem erros gritantes de gramática (algo que vai além da produção de texto), etc. Reações essas que não escolhem pessoa nem condição social. Tudo isso é comum e pode ser facilmente resolvido, pois se lembre de que no quesito falha na produção textual, o aluno é a principal vítima.

Vale salientar, ainda, porém, que muitos estudantes se valem desse argumento “o governo não investiu na minha educação de base e por isso não sei escrever e não vou escrever”. Dizendo isso, o aluno está, sem querer, alunando nela a oportunidade de navegar pelas águas da redação, onde ora o mar está manso (para aqueles que escrevem), ora está em fúria (para a maioria que não escreve). Para escolher o bom tempo de entrar nas águas redacionais, você deve está preparado, praticando, errando, acertando e, a partir dos erros, buscando o melhor direcionamento para chegar aonde se deseja, que no caso de vocês é a tão sonhada vaga no vestibular.

Além dela, é claro, vale destacar que produzir textos não se encerra com as provas dos vestibulares. Na academia muitos irão escrever (para não dizer todos) e serão cobrados constantemente de forma escrita. Ao contrário dos colégios e cursinhos, onde os professores (as) se desdobram para ensinar, orientar e modelas os seus erros, na universidade você não terá mais esse tratamento. Lá é outra instância e por essa razão você deverá mostrar que domina múltiplas competências, inclusive a escrita. Por isso que muitos alunos despreparados, quando conseguem entrar na faculdade pelo vestibular, não conseguem sobreviver lá dentro. Dentre as muitas razões, a principal delas é a excessiva jornada de trabalhos, dentro e fora da sala de aula, os quais a escrita é amplamente cobrada.

Sem contar que, depois de formados, a vida em sociedade exige cada vez mais profissionais que dominem a língua portuguesa, não apenas na pronúncia (algo que também é muito importante), mas sobretudo na forma escrita. E não há nada mais constrangedor do que alguém não conseguir expressar os seus conhecimentos de forma escrita, por medo, por vergonha, ou por desconhecimento. Vale pontuar que, diferente do colegial, a sociedade não será boa ou paciente com quem não demonstra conhecimento. Ela, impiedosamente, irá eliminar os mais fracos, dando espeço para os mais fortes, essa é a lei da sobrevivência social a qual insistimos em ignorar.

Por essa razão, gente, eu reitero o que falei e falo em sala de aula: ESCREVER É PARA A VIDA! E não adianta tentar fugir dela. Volta e meia ela encontrará você e testará o seu domínio sobre ela. Não é minha pretensão formar futuros escritores, nem letrados, (por mais que eu quisesse). Quero que cada aluno se conscientize da importância que o texto tem hoje para a vida futura. Saber ler bem, compreender o que se lê e dominar as palavras escritas é crucial para se sobressair nessa sociedade de alienados e de pessoas que usam a palavra para ludibriar o outrem. Então, pratiquem, muito, muito, muito...porque isso vai ser útil no futuro, com certeza. E se precisarem de orientação, podem contar comigo!
Vez e voz
         A discrepância de uma sociedade, a qual vivencia polêmicas que vão de encontro a opiniões populares, marcada pela corrupção, falta de investimentos, priorização do fútil e a desvalorização da vida podem ocasionar certos conflitos entre povo e políticas públicas. Porém, em alguns países dominados pela aristocracia rural o que se sobressai são as vozes dos que têm mais e a dos restantes são sucumbidas e desprezadas. Desta forma, a voz do povo soa até o momento que beneficia os poderes e se cala quando prejudica os planos.

           O “slogan”, “Brasil um país de todos” é uma frase metafórica, mas seu verdadeiro sentido se constrói no, “é de poucos”. Donos de terras, políticos, desenvolvem-se em função do capitalismo, da sua própria melhoria e enquanto isso o povo é deixado ao esquecimento sem desfrutar dos seus direitos que segundo John Locke já são inerentes ao homem: liberdade, propriedade e vida, todos muito distantes desta realidade. Nota-se que se realmente fosse de todas as reivindicações que acontecem já teriam sido resolvidas e organizadas a tempo.

         “A voz do povo é a voz de Deus”. Em período eletivo esta frase é muito bem colocada. Nessas circunstâncias o povo se faz necessário, útil, a voz e as necessidades de uma sociedade falam mais alto. Porém, após a eleição, aonde que se encontram os políticos quando o povo grita por melhores condições de vida, como no sertão e em outros países onde há fome.

           Contudo, em lugares onde se prioriza a vida as coisas acontecem de forma diferente, o ser humano é posto acima de tudo e sua voz é ressoada constantemente. Percebe-se isso, no caso dos E.U.A, relatos do IBGE afirmam que a quantidade de pobres é ínfima e que todos os atos são feitos com o consentimento popular. Outro fato, está no caso do presidente do Egito Mohamed Morsi destituído de sua função por não haver desenvolvimento. Nesses países observa-se que o plebiscito é importante e até mesmo necessário para o crescimento da sociedade.

          Portanto, fica nítido que todos esses fatores foram herdados de todo um contexto histórico e é preciso toda uma nova modificação nesse setor. Assim, há uma necessidade de um representante do povo para que nós tenhamos “vez e voz” diante de uma república dominada por ser e ter. Desta maneira, haveria uma grande evolução e um destaque no país.

Aluno: Alisson Ulisses dos Santos Silva

Professor: Diogo Didier
Maioria dos jovens católicos discorda da igreja em questões como união entre pessoas do mesmo sexo, aborto, uso da pílula do dia seguinte e proibição do sacerdócio para mulheres
Segundo pesquisa divulgada hoje (22) pela ONG Católicas pelo Direito de Decidir, 56% dos jovens católicos (de 16 a 29 anos) e 43% dos que têm mais de 30 anos apoiariam se a igreja decidisse ser favorável à união entre pessoas do mesmo sexo. O estudo foi encomendado ao Ibope Inteligência para analisar o perfil dos brasileiros a respeito de questões como aborto, união entre pessoas do mesmo sexo, uso da pílula do dia seguinte, proibição do sacerdócio para mulheres, celibato e punição para religiosos envolvidos com pedofilia ou corrupção.

Considerando a pesquisa globalmente, incluindo católicos, evangélicos, outras religiões, agnósticos e ateus, os números são inferiores: 51% dos jovens e 41% dos que já passaram dos 30 apoiariam a uniãohomossexual. Nesse recorte, o perfil mais conservador é dos que se declaram evangélicos, entre os quais apenas 34% dos jovens até 29 anos e 28% dos que têm mais de 30 apoia total ou parcialmente.

Entre os pesquisados católicos, 62% dos jovens discordam total ou parcialmente da prisão de uma mulher que precisou recorrer ao aborto e, entre os que têm mais de 30 anos, o índice cai para 59% (no geral, incluindo todas as religiões, os dados são muito próximos: 63% e 58%, respectivamente). O estudo mostra que 82% dos jovens católicos e 76% dos mais velhos acham que a igreja deveria “permitir” que as mulheres católicas usassem a pílula do dia seguinte.

Quando o Ibope perguntou aos católicos sobre a punição rigorosa aos religiosos envolvidos em pedofilia, assédio sexual ou corrupção, 90% dos jovens e 88% dos mais velhos apoiariam totalmente ou em parte.

Para a coordenadora da ONG, Regina Soares Jurkewicz, nas questões relativas à moral e à sexualidade, a pesquisa mostra distanciamento entre a realidade social e a política da igreja. “Há uma tendência de dissonância entre o que a igreja prega e a prática das pessoas.” Segundo ela, o levantamento revela a grande insatisfação dos católicos em relação “à política do silêncio” com a qual o Vaticano tenta impedir o aprofundamento das investigações sobre pedofilia e corrupção na igreja. “São católicos, mas não praticam o que a igreja diz”, afirma Regina, não só em relação à pedofilia, mas em relação às questões morais e sexuais em geral.

Estratificado por escolaridade, o estudo do Ibope demonstra que, quanto menos a pessoa estudou, mais conservadoras são suas opiniões. Por exemplo, 52% dos que têm até a 4ª série discordam total ou parcialmente da prisão da mulher que recorrer ao aborto por necessidade, número que sobe para 59% da 5ª à 8ª série e entre os que têm ensino médio e para 67% com nível superior. “A pesquisa mostra a influência do acesso à educação na sociedade. Quanto mais as pessoas estudam, mais têm condições de refletir e ter acesso à informação”, diz Regina.

Sobre o papa Francisco, em visita ao Brasil esta semana, a coordenadora do Católicas pelo Direito de Decidir considera que o novo pontífice, pelo menos até o momento, tem um aspecto positivo e outro negativo ou ainda por esclarecer. “Ele tem posturas muito simpáticas ao focar sua atenção mais nos pobres, não ostentar nada muito rico. Mas no que tem a ver com moral sexual não tivemos nenhum sinal positivo”, lembra. “Enquanto bispo, aliás, ele se mostrou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.”

Para Regina Soares Jurkewicz, “não é só o papa, mas a cúria como um todo precisa olhar com mais atenção para essa e outras questões”.

A pesquisa foi realizada entre maio e junho de 2013. O Ibope Inteligência ouviu a opinião de 4.004 brasileiros, entre os quais 62% (2.496) se declaram católicos, 23% evangélicos e 15% são adeptos de outras religiões, agnósticos ou ateus. Cerca de 31% do total (1.224) tinham entre 16 a 29 anos de idade e 2.780 mais de 30 anos.



Escravizada por uma visão predominantemente masculina, a mulher vem contrariando todo pensamento antagônico a respeito da conquista do seu espaço na sociedade. Além de serem popularmente conhecidas por serem do sexo frágil, estão aprisionadas a uma ditadura que estereotipa seu caráter. O fato é que elas ainda não venceram por completo o ideário machista presente na história da humanidade, porém estão obtendo paulatinamente a grande vitória de anos de luta contra tal repressão.

A ideia de que o homem é superior e que merece ser mais privilegiado é preconceituosa e errônea. Hoje, é possível enxergar sólidas mudanças no cenário político, por exemplo, no qual importantes países para a economia num olhar mundial são regidos por mulheres. É o caso da Argentina, que é comandada pela Cristina Kirchner, e o Brasil, dirigido por Dilma Rouseff.

A inferiorização domiciliar também é uma triste realidade. Graças a coragem e ousadia da vítima emblemática da violência, Maria da Penha após ter sofrido agressões de seu marido por duas vezes, na qual em uma delas foi eletrocutada e ficado paraplégica, tomou a atitude de denunciar o agressor, que foi preso após nove anos, e em 2006 foi sancionada uma lei com seu nome, baseada em suas experiências. Mais uma batalha ganha por elas.

Tais conquistas geraram maiores críticas e descriminações. A verdade é que as femininas não tem o interesse em tomar o lugar dos homens, porém tem o desafio árduo de serem reconhecidas de maneira igual, impugnando o conceito patriarcal presente em alguns lugares, sobretudo no Oriente Médio onde elas precisam sair com turbantes de 47% delas estão desempregadas, segundo pesquisas da Organização das Nações Unidas.

Mesmo tendo adquirido mais ascensão da sociedade, ainda há desafios a serem enfrentados, Fica claro, portanto, que embora sua aceitação se expandiu, as guerreiras conseguirão seu lugar gradativamente e colocará a valer a ideia de direitos iguais independente de gênero.


Aluno: Vinícius Eduardo S. de Oliveira.
Professor: Diogo Didier
     
     O cenário brasileiro está repleto de falhas em várias partes. As verbas públicas não são investidas na sociedade de forma como deveriam. Os olhares voltados para a realização de eventos mundiais permitem que se agravem os problemas nas áreas de saúde, educação, segurança e até mesmo na infraestrutura das cidades.

     Dentre as mazelas sociais encontradas no Brasil, se tem a questão da saúde pública. É notável que os hospitais não têm capacidade de atender à demanda de pacientes à espera de atendimento, deixando que estes sejam tratados de maneira precária em corredores das próprias unidades de saúde por uma quantia escassa de médicos.

     A questão da educação também é um fator que pesa. A desvalorização do trabalhador educacional gera o desestímulo que pode ser transmitido para os estudantes. Isso sem contar a extensa carga horária do professor, já que o mau remuneramento de sua atividade o obriga, em muitos casos, a trabalhar em várias escolas para se manter dignamente.

     Além do mais, existe a defasada estrutura das cidades. Exemplos são vistos facilmente em noticiários, que retratam enchentes e desmoronamentos de barreiras, ruas e estradas esburacadas, e pontos onde não há iluminação, tornando propícia a ação de bandidos e intensificando a violência, fazendo com que a segurança da população se torne algo a desejar.


     Sendo assim, percebe-se uma contradição no país onde são gastos milhões de reais para que se possa sediar eventos de grande porte, e não se investe na sociedade da maneira correta. Tal realidade só será modificada quando o próprio cidadão perceber que seus direitos básicos estão ao seu alcance, porém só se tornarão concretos quando priorizados. 

Aluno: Moisés Cristiano
Professor: Diogo Didier
 
De Paulo Ghiraldelli Jr *
 
Cresci vendo Mickey e Pateta criarem os sobrinhos do primeiro. Claro, havia Minie, mas jamais vi aquela ratinha levar um dos sobrinhos ao banheiro! Havia também Donald e Tio Patinhas, que cuidavam de Huguinho, Zezinho e Luizinho. Margarida? Ora, ela não ajudava em nada e, enfim, tinha também suas sobrinhas que, por sua vez, não recebiam nenhuma atenção de Donald. Mickey e Donald nunca cobraram nada da rata e da pata. Eles herdaram aqueles sobrinhos e os criaram em um ambiente bem diferente do meu. Eu fui criado por pai, mãe e avós maternos. A minha família se parecia com a dos manuais de “Estudos Sociais” do meu tempo de escola, as de Donald e Mickey estavam quarenta anos avançadas no tempo, eram mais ou menos o que hoje chamaríamos de “família gay”.
 
Eu cresci e não posso dizer que virei alguém “completamente normal”, uma vez que me tornei ... filósofo! Mas, ao menos eu me garanto, ou seja, consegui casar três vezes, ter dois filhos, perturbar pouco as esposas e dar boa escola aos rebentos. Consegui ter emprego e “ganhar a vida”. E os sobrinhos de Donald e Mickey? Bem, menos bobos que os garotos da Turma da Mônica ou os filhos dos Flinstones – ou talvez mais favorecidos pela indústria do entretenimento – eles não tiveram de crescer. Desse modo, não puderam servir de matéria para estudantes de Humanidades que iriam nos aporrinhar com dissertações e teses sobre eles e sobre a Patópolis governada por quem veio de “famílias gays”! Que a Disney seja abençoada por isso!
 
O certo que temos nas mãos é que, em matéria de educação de filhos e criação de novas gerações, não temos nada de certo.
 
Duvido que a geração que criou a Juventude Nazista a criou para ser a juventude que foi. E isso, mesmo que, se olhamos retrospectivamente, viermos a nos convencer que o filme A fita branca (Michael Haneke, Alemanha, 2009) faz sentido. Mas, para aquela geração de pais que cuidaram de pequenos alemães nas aldeias, a urbanização não seria tomada como tão poderosa a ponto de fazer de seus filhos os inventores e produtores do Holocausto, o genocídio moderno.
 
Sendo assim, é de uma pretensão imensa, e até falta de bom senso, ficar de pé e pronunciar discursos em favor de um ou outro tipo de família, com ar de dono do mundo. Nesse campo, não somos doutores, nenhum de nós é, nem mesmo o Dr. De Lamare! Filho, futebol, sentença de juiz, bunda de criança e mulher menstruada não são como cometas, isto é, previsíveis. Por isso mesmo, cabe aí a experiência, ainda que não o experimento.
 
Do ponto de vista laico, podemos ter objeções éticas ao experimento com humanos, mas nossa restrição se ameniza se falarmos em experiência, a decisão das pessoas de se agruparem para viver como famílias que Disney previu há tantos anos como fórmula corriqueira. Há algum problema se nos tornarmos uma grande Patópolis? Bem, em Patópolis a violência sempre foi menor que a nossa atual – nem se pode dizer que Mancha Negra e os Metralhas eram violentos – e o trânsito jamais se apresentou problemático como o de São Paulo. Caso aquela sobrinhada toda, crescida no estilo gay, tivesse ficado adulta, Patópolis hoje seria ingovernável?
 
Assim, as objeções que temos ao que Disney botou na tela do cinema e nos quadrinhos são até pequenas. Talvez a instituição realmente que tenha voz aí, em matéria de objeção nesse caso, seja a Igreja Católica. Ela desconfia de tudo. E é bom que alguém, nesse mundo, ainda desconfie de tudo. Sua desconfiança, no entanto, não a leva a dizer que uma experiência assim, como a que poderia ter sido a de Patópolis se os sobrinhos ficassem adultos, não dará certo. O que ela diz apenas é que rato é rato, pato é pato e humano é humano. Ou seja, nós não temos que imitar Patópolis, e isso porque somos humanos. E o humano é diferente do animal, de um modo até perverso, na doutrina da Igreja. As práticas humanas são morais, sendo que a Igreja delimita o mores de modo que nossa vida seja compatível com aquilo que as divindades desejariam de nós.
 
Não estou dizendo que a doutrina da Igreja não possa mudar e vir a aceitar a “família gay”. Sabemos que a Igreja muda. Como ela muda?
 
Nós laicos ou semi-religiosos mudamos por meio da política. Discutimos, guerreamos, criamos hegemonias e consensos. Nossas mudanças são relativamente rápidas. Ou assim se parecem. As mudanças da Igreja são antes que exclusivamente políticas, alterações filosóficas e teológicas. Mesmo que se possa dizer, pelos críticos da Igreja, que elas são estratégicas (ou até matreiras), e que visam apenas autosobrevivência, elas continuam tendo um forte componente teológico e filosófico.
 
Uma mudança que se quer tem duas etapas: primeiro, é necessário que se queira efetivamente; em segundo lugar, é necessário que exista uma teologia reconstruída, em bases filosóficas – racionais, portanto – que possa gerar uma nova narrativa a respeito do que é ser cristão. Essa nova narrativa, coesa e razoavelmente harmônica com o que se tinha antes, tem de mostrar ao devoto e ao padre como uma narrativa com a qual Deus estaria de acordo. Essa parte é difícil, depende de intenso e longo trabalho intelectual, que não é feito de modo puro, mas no contexto do embate político que nunca cessa. A nossa pressa de fazer a Igreja mudar esbarra no modo próprio da Igreja caminhar.
 
O movimento gay que não entende isso pode falar coisas incultas, tolas, e acabar por se convencer de que o melhor é entrar em guerra contra a Igreja Católica, como se estivesse lidando com qualquer seita caça-níquel. Ora, a Igreja Católica, bem como as protestantes históricas, são entidades formadas antes de tudo por intelectuais. Esses homens podem muito bem viver em uma Patópolis de um suposto futuro, mas, para assim fazer, eles precisam de construir um pensamento que dê esse futuro como o que possa colocar as coisas na terra em harmonia com aquilo que as divindades celestes pediriam.
 
A Igreja nunca foi uma construção baseada na fé e simplesmente na fé, ela desde seu início se fez a partir de textos, de produção e reunião de textos, preocupada com a produção de uma narrativa unificada, algo completamente diferente de tudo que o mundo greco-romano imaginava como religião, mas sabia o que era como filosofia.
 
Os políticos brasileiros nem sempre entendem isso. Acostumados a partidos cujos programas são desrespeitados, eles acham que a Igreja é mais ou menos como suas agremiações ou, agora, suas Ongs (o Papa insistiu nisso: a Igreja não é uma Ong). Qualquer estatuto pode ser encontrado na internet e pronto, está aí criado ou recriado o clube que irá viabilizar o candidato nas próximas eleições. O movimento gay tem faceta intelectual, mas enquanto movimento social às vezes respira esse clima da política de partido e então desaprende a lidar com a Igreja. Bate de frente na hora que tinha de encostar de lado. Morde na hora do beijinho.
 
Penso que é inútil ao movimento gay fazer de Francisco um inimigo. Aliás, mais fora de sentido, ainda, se isso é por conta do que escuta de uma esquerda argentina que, enfim, está no governo, e que é indisposta com Bergólio por motivos que não são nobres e muito menos vantajosos para os gays brasileiros e do mundo todo. O movimento gay ganha mais se pensar a Igreja como expus, como uma instituição que tem de lidar, antes de tudo, com teologia. O movimento gay perde tempo escutando frases contra o casamento gay e se dá melhor se entender de que modo está evoluindo o pensamento social de Francisco e as questões teológicas do conjunto da Igreja. O movimento gay ganha mais se olhar as coisas antes pela filosofia que pela política.
 
* Paulo Ghiraldelli Jr., 55, filósofo, escritor, cartunista e professor da UFRRJ

Artigo publicado pelo iG

15 julho 2013


A mulher sempre foi o principal tema de muitas canções que ouvimos constantemente. Seja no samba carioca, ao xaxado de “Paraíba masculina, muié macho, sim sinhô”, cantado pelo saudoso Luiz Gonzaga, a mulherada é usada como elemento principal, muitas vezes de forma poética. Nesse sentido, elas costumavam aparecer sempre como algo precioso a ser conquistado, como uma joia rara escondida nos mais recônditos cantos da terra. Ou como musas inimagináveis que mais pareciam seres incorpóreos, cobiçadas por galantes trovadores apaixonados. Isso ainda há, mas em escala menor. Atualmente, o que prevalece são as canções onde as mulheres são destacadas cada vez mais pelos seus atributos sexuais, onde o amor deu lugar ao corpo e a paixão foi substituída pelo “quadradinho de oito”. Seja como for, o que merece destaque nesse momento é a perene presença delas na música brasileira, para bem ou para mal.

Desde sempre, a presença do “sexo frágil” se faz comum nos diversos ritmos que embalam tantos brasileiros quanto estrangeiros. Por essa razão, poderíamos dizer que havia uma valorização da mulher nas tantas letras das quais elas são cantadas e encantadas. De fato, a mulher “fonte de mel nos olhos de gueixa”, da lindíssima canção de Caetano Veloso, deu lugar a outra mais ousada e mesmo assim linda. Falo daquela mulher que se deixou, ou vem deixando de ser cantada apenas como se fosse uma peça de um poema romântico. Isto porque, por mais que alguns críticos musicais e os artistas e a sociedade mais conservadora ignore ou diga que a música X ou Y é de baixa qualidade, porque denigre a imagem mulher, seu corpo, etc., na verdade, tais músicas só existem porque elas gostam e enxergam nelas uma referência. Tudo bem que é inegável o poder exercido pelas mídias, sobretudo a televisiva, na difusão de uma determinada música, porém isso por si só não é suficiente. Basta ver o sucesso da música “show das poderosas”.

Prepara! É com essa palavra num tom de evocação que se inicia o mais novo hit do momento cantado e dançado pela atual musa do verão Anita. O sucesso dessa canção que conta, como todas as outras do gênero, com versos simples e uma coreografia provocante, ganhou o gosto do grande público brasileiro, ao ponto de se tornar febre em festas e outras tantas baladas pelo país. Em seus versos, uma mulher poderosa se apresenta de forma firme, dominadora e independente, marcas essas que não eram comuns nas tantas outras músicas populares que tiveram as mulheres como pano de fundo. Na verdade, esse funk traz à tona algo que já está sendo sentido em várias partes do mundo e, sobretudo no Brasil: a reviravolta feminina numa cultura que, em outrora, era completamente controlada pela ala masculina. E a música é apenas o começo. E nestas músicas ainda prevalece uma mulher que não é mais definível, mas que se auto define, da forma que quiser, por mais agressivo que pareça para alguns.

No entanto, até chegar a esse ponto, elas tiveram que rebolar muito, literalmente falando. Não consigo, nem sou capaz de pontuar todas as canções que já ouvi das quais as mulheres apresentam-se de forma sensual ou, muitas vezes, vulgarizando-se. Quem não se lembra, por exemplo, do grupo Cia do Pagode? Para refrescar a memória de todos, uma das canções mais conhecidas (talvez a única) dizia a seguinte frase: “vai ralando na boquinha da garrafa”. Tal enunciado ganhava forma na dança da bailarina desse grupo, a qual descia remexendo o corpo em cima de uma garrafa. A mesma canção ficou famosa no grupo É o Tchan, que por sinal, fez muito sucesso também com outro hit do qual pedia para que o Brasil todo segurasse “o tchan”. Em todas elas há como destaque a mulher, mas ainda passiva aos desejos de uma sociedade machista, onde a ala feminina sempre foi utilizada como objeto sexual para atender aos fetiches normativos dos milhões de machos alfas existentes pelo país.

Agora, a sociedade fica “ba-ban-do...” quando veem essas mesmas mulheres na posição de liderança. Dessa análise, porém, não cabe a questão do talento musical, nem de rimas ricas ou qualquer outro elemento que enalteça a música ao patamar de “qualidade”. Nesse momento, a palavra que mais se encaixa é “representação”. A canção de Anita, bem como outras do gênero, denota um fenômeno novo no país: a transgressão sexual da mulher na música. Por que sexual? Muito simples. Nossas garotas são educadas desde cedo a não sentirem prazer. A ficarem em segundo plano no ato sexual, onde o homem ainda domina. Por isso, elas ficaram cansadas dessa vida musical a qual elas são cantadas e não podem ser representadas por elas mesmas. Cantadas por homens que muitas vezes as tratam como “Cachorras”, “Potrancas”, “Tchutchucas” e outros neologismos do gênero, geralmente diminuindo o poder feminino das relações com os seus parceiros. Elas, entretanto, preferem agora serem representadas como “Poderosas”, que de fato são.

Ai muitos vão se questionar: “e o Bonde Das maravilhas?! Aquilo é música que se preste? Um monte de garotas fazendo posições aerodinâmicas, mais parecendo dançarinas de Pole dance em casas eróticas?! E eu vou responder que sim, aquilo é música sim, mesmo que, inquestionavelmente apresente um lado danoso para a sociedade. Sem tentar me contradizer, sei bem como é periculoso, para uma sociedade com tantos problemas com o sexo como a nossa, propagar músicas desse teor. Não desconsidero isso. Porém, fazendo outra análise, é perceptível que o que elas fazem nessa e em outras canções do mesmo grupo, é subverter um sistema sexual onde elas eram condicionadas a se sensualizar para os homens. Ou seja, elas eram reproduzidas a partir de um enfoque masculino, que geralmente observam as mulheres como pedaços de carne. E isso mudou? Não, em parte, mas agora elas dominam a questão e se expõe da maneira que elas quiserem e os homens ficaram em segundo plano. Cabe, então, dizer que o “cara” não é mais eu, e sim elas.

Tudo isso numa época de bastante ascensão feminina na sociedade. No Brasil, por exemplo, elas estão em destaque em várias áreas e assumem até a liderança política do país. Todos esses avanços eram impossíveis de se imaginar, numa nação que ficou em choque com o aparecimento da minissaia e do biquíni, em outrora, onde até o voto era restrito a atmosfera masculina. Por essa razão, consigo fazer uma singela comparação entre Anita e a polêmica cantora internacional Madonna, (claro guardando as devidas proporções entre elas). Explicando melhor, Madonna ficou conhecida mundialmente por subverter um sistema onde a mulher sempre foi colocada em segundo, quiçá terceiro plano. Então, o que esta cantora fez? Mexeu com o tema, do qual a sociedade proibia (e ainda proíbe) as mulheres de se manifestarem: o sexo. Exacerbadamente, com danças sensuais, dúbias e provocativas, Madonna disse não a toda essa imposição e enfrentou a fúria da sociedade por isso. Mesmo assim não se abateu e acabou se consolidando como uma das maiores artistas do mundo. E Anita? Ela está fazendo isso a nível nacional, porém numa época onde a liberdade feminina e social não é tão fechada como há 20 ou 30 anos atrás. E avisa: “se não está mais a vontade, sai por onde tem...”

Até onde isso tudo vai, ninguém sabe. O que se sabe, e se vê, são meninas-mulheres rompendo um sistema de conduta sexual e expondo suas vontades para essa sociedade recalcada no tocante ao sexo e suas variantes. Pode não ser a maneira mais correta, digna e salutar de falar de si mesmas, mas foi uma das poucas que elas encontraram para ecoar o que sentiam e sentem sobre esse assunto. Na verdade, o problema todo não está na música, no rebolado dessas canções, nem tão pouco no perigo que elas podem vir representar. O real problema se encontra na educação sexual ensinada e perpetuada pela nossa sociedade. Enquanto o povo não encarar o sexo como algo comum entre as pessoas, vamos continuar vendo homens e mulheres expondo suas fantasias, ou criando essas, da forma que acharem mais convenientes. E nada melhor do que a música para fixar isso, já que ela gruda em nossa mente e acabamos nos deixando levar por ela. Então, diante de tudo isso, só nos resta nos render as ameaças positivas de Anita, pois ela avisa “meu exército é pesado e a gente tem poder” e eu não quero correr o risco de me ferir nessa batalha. Você quer?

Respeito e dignidade não se constroem com esmolas!

  A sociedade, seja ela na antiguidade ou modernidade, sempre foi permanentemente hierarquizada. Diante de riquezas e privilégios da elite social, também se vê deploravelmente a marginalização e pobreza daqueles que sustentam esta pirâmide contraditória. Esta dicotomia feroz e injusta leva-nos ao dilema de até onde os mais marginalizados, isto é, aqueles que não possuem nem mesmo um teto, podem se tidos como cidadãos. Mediante tal situação, também se ergue a questão de como lidar com a pobreza extrema e a reconstituição da dignidade de cada um destes.

  Enquanto regulador social, o Estado deveria exercer a função de zelar pela paz e igualdade na sociedade. Porém, a mendicância é o produto de uma ineficaz administração, que, aliás, quebra e desrespeita o próprio acordo social. Este conceito, como exaurido pelo iluminista Jacques Rousseau em sua obra “O Contrato Social”, é o principio básico para a estruturação do Órgão Estatal, onde os indivíduos concordam em conviver mutuamente e igualitariamente, prezando pelo respeito e a ordem. Entretanto, isto não parece acontecer de fato, dado que os mendigos estão assim tendo seus direitos essencias violados, gerando um empasse ainda mais profundo.

  Como se não bastasse a grande contradição jurídica da problemática, as próprias pessoas contribuem para o agravamento do mesmo. No momento que vemos os moradores de rua como algo normal e rotineiro, perdemos nosso próprio senso de humanidade e respeito ao próximo. Pedir melhoras ao governo e permanecer na inércia é inválido, afinal, precisamos ser a mudança que queremos ver no próximo, ao contrário, seremos cúmplices daqueles que acusamos.

  Ao olhar por outro prisma, também se percebe o ciclo vicioso que a exclusão social traz para a sociedade. Estes que mendigam hoje por pão e água, são também os potenciais sustentadores do mundo dos narcóticos, pois, com tal forma de vida, o que espera-se é a tentativa dos mesmos de sair da realidade, aliviando um pouco suas dores. Isto leva-nos a perceber que realmente, um problema social acaba desencadeando vários outros.  Portanto, o combate aos males da sociedade deve ser feito com um pensamento pluralista e racional.

  O sistema pode ser de fato denominado de falho na regulação social. Porém, se temos problemas, devemos vê-los com responsabilidade por cada um, não jogando o peso inteiro no governo. No momento que unirmos nossas forças em prol da valorização dos indivíduos da sociedade, poderemos então trazer dignidade para estas pessoas, afinal, o que nos faz forte não é a força física, e sim a capacidade de sair da inércia social e tentar mudar a realidade.


Aluno: João Vitor de Andrade Alencar
Professor: Diogo Didier

Entre a queda e a superação: A arte da sobrevivência

   Do aconchego dos ventres maternos aos braços da morte inevitável, a humanidade, diariamente, é testada e manipulada pelas vielas e caminhos que constroem a vida. Pequenos como grãos em relação ao universo, aprendemos a utilizar nosso intelecto e habilidades como ferramentas na luta diária pela sobrevivência. Entretanto, os capítulos que descrevem nossa história, leva-nos ao mistério de até que ponto viver pode se tornar um tipo de tesouro de carácter penoso e seletivo.

  Feroz, sombrio e imaleável: Esta é a face que o cotidiano mostra-nos ser. De fato, o perigo e o medo de sofrer assombram-nos constantemente diante dos desafios que passamos. Enquanto o sofrimento, um dos males inevitáveis da sobrevivência, testa-nos diariamente, o mesmo por outro lado, lapida-nos. Como explanou Nietzsche em sua filosofia, sofrer é um combustível essencial na busca pelo carácter áureo. Afinal, é natural não queremos mudar e melhorar-nos quando estamos em uma boa situação, mas a dificuldade ergue-se como um impulso para sairmos da entediante zona de conforto pessoal e buscar o destaque na sociedade em si.

  Enquanto maneiras de administrar a vida em conjunto, também se criaram sistemas econômicos para mover a sociedade e energizar as civilizações. Porém, aquilo que deveria trazer progresso, também mostra sua face oculta. Como um veneno, o dinheiro e o culto ao valor monetário repartiu o âmbito social, hierarquizando-o, além de tornar a vida daqueles que o sustenta em um verdadeiro desafio. Na busca por modernizar nossas vidas e aliviar o peso da luta diária pela sobrevivência, acabamos tornando esta mesma batalha cotidiana, em um desafio ainda maior. Trazendo boa parte dos indivíduos a uma dicotomia injusta, a qual se caracteriza por exaltar uma minoria e esquecer-se das massas em si.

  Além de tudo isto, o preconceito e a indiferença criados por nós mesmos, trouxeram dor e gritos ao homem, que desuniu-nos e cegou-nos com uma ânsia de poder maléfica, a qual resultou na flagelação de povos e a destruição de culturas. Esta demonstração de ódio gratuito levou muitos a enfrentar uma vida duplicadamente pesada, onde a esperança, único bem ainda acesso em alguns, não enche barrigas nem sacia o clamor sufocante de justiça por parte de tais indivíduos.

  Na luta contra as dificuldades diárias, acabamos por criar um ambiente ainda mais inóspito. Isto mostra-nos que o egoísmo e a ganância são males perigosos, e devem ser extirpados de nosso meio. Por outro lado, a união em prol da vida e da sobrevivência é uma arma poderosa mediante as batalhas que são travadas derradeiramente. Pois, ao unirmos o senso de comunidade e sociabilidade, poderemos enfim, tornar realidade as palavras de Gandhi: “Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.”


Aluno: João Vitor de Andrade Alencar
Professor: Diogo Didier

"A morte, por si só, é uma piada pronta.
Morrer é ridículo.
Você combinou de jantar com a namorada,
está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem,
precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no
carro e no meio da tarde morre. Como assim?
E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?
Não sei de onde tiraram esta idéia:
MORRER!!!
A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio
estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve
lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física,
quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para
estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer
da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora
de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente...
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway,
numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis.
Qual é?
Morrer é um chiste.
Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém,
sem ter dançado com a garota mais linda,
sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida.
Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e
penduradas também algumas contas.
Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas,
a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce,
caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina,
começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer.
Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte
costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã.
Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o
sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não
acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase
nada guardado nas gavetas.
Ok, hora de descansar em paz.
Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão,
desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero.
E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
Por isso viva tudo que há para viver.
Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida... Perdoe... Sempre!!!"
Adiar...Adiar...Adiar...será Sempre o melhor dos caminhos?



Entre vândalos e protestantes: Dois caminhos para um mesmo fim necessário?

   O Estado e a Sociedade são verdadeiramente forças que tendem a se chocar. Isto, pois de certa maneira, ao almejar por um poder controlador intenso, o Órgão Estatal acaba por ir de encontro às consciências e vozes das massas. Criando assim, uma dualidade entre os planos governamentais e aquilo que é almejado pelos cidadãos. Entre gritos por mudanças e mobilizações de cunho até nacional, levanta-se o dilema de até onde as várias linhas de protesto podem focar em um mesmo objetivo, sujeitando-se ao desafio do respeito mútuo.

   Obviamente, uma nação é composta por várias faces e procedências. Desta maneira, é normal compreender que em levantes populares extremos, estas várias camadas vão unir-se com um mesmo objetivo em foco. Porém, a falta de esperanças em mudanças sociais, ou até mesmo o sentimento de desengano com o maquinário estatal, leva a muitos utilizarem dos atos de vandalismo como forma de mostrar o quão grave encontra-se tal situação, demonstrando que este comportamento é fruto de um sistema ineficaz e revoltante, além de corrupto.

   Dependendo da realidade de determinado país, a depredação acaba por ser um método bastante persuasivo. Afinal, quanto mais humilhada é uma população por parte de seus representantes, a intensidade de sua ira será proporcional ao próprio descaso estatal. Fazendo revelar-se tal ação como verdadeiro produto de uma realidade criada por aqueles que são o explícito motivo da instigação das massas. O animal maltratado acaba por se voltar contra o dono maléfico.

   Por outro lado, aqueles que preferem uma linha de reivindicação mais pacífica, acabam por marginalizar os mais radicais, até mesmo retirando-os o título de protestante. Mas, na verdade, o que se aparenta é que o Governo vira-se às vozes populares somente quando é lesado de forma bruta. A própria mídia acaba por dar mais atenção quando a violência espalha-se, levando-nos a pensar e compreender que se os meios midiáticos e o Estado assim agem, é justo chamar-lhes a atenção da forma que querem, pois parece ser o jeito mais efetivo.

   Do sentimento nas ruas às faces diferentes de protesto, é necessário, antes de mais nada, um senso de unidade entre os indivíduos. No momento que se possui a consciência de que os governantes devem ser instrumentos subordinados ao povo, e não o contrário, a união e o respeito devem ser as maiores armas em busca de uma sociedade mais justa igualitária. Revelando um senso de justiça e compromisso que devem ser ensinados aos menores e estimulados nos adultos, assim, tornando a consciência política um traço cultural permanente.

Autor: João Vitor de Andrade Alencar
Professor: Diogo Didier
Você está na sala assistindo à TV. Ou está no restaurante, com seus amigos. Ou está voltando para casa depois de um dia de trabalho. Você ouve tiros, você ouve bombas, você ouve gritos. Você olha e vê a polícia militar ocupando o seu bairro, a sua rua. É difícil enxergar, por causa das bombas de gás lacrimogêneo, o que aumenta o seu medo. Logo, você está sem luz, porque a polícia atirou nos transformadores. O garçom que o atendia cai morto com uma bala na cabeça. O adolescente que você conhece desde pequeno cai morto. Um motorista está dirigindo a sua van e cai ferido por um tiro. Agora você está aterrorizado. Os gritos soam cada vez mais perto e você ouve a porta da casa do seu vizinho ser arrombada por policiais, que quebram tudo, gritam com ele e com sua família. Em seguida você vê os policiais saírem arrastando um saco preto. E sabe que é o seu vizinho dentro dele. Por quê? Você não pergunta o porquê, do contrário será o próximo a ser esculachado, a ter todos os seus bens, duramente conquistados com trabalho, destruídos. Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua, não pode entrar.
O que você faz?

Nada.  

Você não faz nada porque não aconteceu com você. Você não faz nada especialmente porque se sente a salvo, porque sabe que não apenas não aconteceu, como não acontecerá com você. Não aconteceu e não acontecerá no seu bairro. Isso só acontece na favela, com os outros, aqueles que trabalham para você em serviços mal remunerados.
Aconteceu na Nova Holanda, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, na segunda-feira passada (24/6). Com a justificativa de que pessoas se aproveitavam da manifestação que ocorria na Avenida Brasil – o nome sempre tão simbólico – para fazer arrastão, policiais ocuparam a favela. Um sargento do BOPE morreu e a vingança da polícia começou, atravessou a madrugada e boa parte da terça-feira. Saldo final: 10 mortos, entre eles “três moradores inocentes”.

Os brasileiros foram às ruas, algo de profundo mudou nas últimas semanas, tão profundo que levaremos muito tempo para compreender. Mas algo de ainda mais profundo não mudou. E, se esse algo ainda mais profundo não mudar, nenhuma outra mudança terá o peso de uma transformação, porque nenhuma terá sido capaz de superar o fosso de uma sociedade desigual. A desigualdade que se perpetua no concreto da vida cotidiana começa e persiste na cabeça de cada um.

Quando a polícia paulista reprimiu com violência os manifestantes de 13 de junho, provocando uma ampliação dos movimentos de protesto não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, houve um choque da classe média porque, dessa vez, muitos daqueles que foram atingidos por balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo eram seus filhos, irmãos e amigos. Como era possível que isso acontecesse?  

Era possível porque a polícia militar – e não só a de São Paulo, como se sabe e tem se provado a cada manifestação, nas diversas cidades – agiu no centro com quase a mesma truculência com que cotidianamente age nas favelas e nas periferias. Quase com a mesma truculência, porque algumas vozes se levantaram para lembrar que nas margens as balas são de chumbo. Balas de borracha, como foi dito em tom irônico, seria um “upgrade”. A polícia fez, portanto, o que está acostumada a fazer no dia a dia das periferias e favelas, o que é ensinada e autorizada a fazer. E muitos policiais devem ter se surpreendido com a reação da opinião pública, já que agem dessa maneira há tanto tempo e as reclamações em geral ficavam, até então, limitadas às mesmas organizações de direitos humanos de sempre.   
E então veio a Maré. E, em vez de balas de borracha, as balas eram de chumbo. Em vez de feridos, houve mortos. E, ainda que o massacre tenha tido repercussão, especialmente no Rio de Janeiro, ela foi muito menor e menos abrangente do que quando a violência foi usada no centro de qualquer cidade. Por quê? Seriam os brasileiros da Maré ou de outras favelas menos brasileiros do que os outros? Seriam os humanos da Maré ou de outras periferias menos humanos do que os outros? Sangrariam e doeriam os moradores da Maré menos do que os outros?

É preciso que a classe média se olhe no espelho, se existe mesmo o desejo real de mudança. É preciso que se olhe no espelho para encarar sua alma deformada. E perceber que essa polícia reflete pelo menos uma de suas faces. Parece óbvio, do contrário essa polícia não seguiria existindo e agindo impunemente, mas às vezes o óbvio é esquecido em nome da conveniência.  

É fácil renegar a polícia militar como algo que não nos diz respeito, como sempre fazemos com as monstruosidades que nos envergonham. Sem precisar assumir que essa polícia existe como resultado de uma forma de ver a sociedade e se posicionar nela – uma forma que perpetua a desigualdade, dividindo o país entre aqueles que são cidadãos e têm direitos e aqueles que não têm nenhum direito porque, mesmo que trabalhem dura e honestamente, são criminalizados por serem pobres.

No momento em que os mortos da Maré incomodam menos que os feridos da Paulista ou de outros lugares do Brasil, se justifica e legitima a violência da polícia. Se justifica e legitima de várias maneiras – e também por aqueles que sentem menos a violência da Maré do que a da Paulista, apesar de ela ser numa proporção muito maior, a começar pela diferença das balas. Se justifica e se legitima e se perpetua porque, ainda que não confessado, mas claramente expressado, vive-se como se os mais pobres, os que moram em favelas e periferias, pudessem ter suas casas invadidas, seus bens destruídos e suas vidas extintas.   

Se fosse você ou eu na Maré, reconheceríamos os rostos dos que tombam e estaríamos lá, aterrorizados com a possibilidade de sermos os próximos a virar estatística. O garçom que caiu morto com um tiro na cabeça é Eraldo Santos da Silva, 35 anos. Quem estava no restaurante contou que os policiais do BOPE atiraram no transformador para o local ficar às escuras e então mudar a cena do crime, retirando as cápsulas do chão. O garoto de 16 anos que foi assassinado se chama Jonatha Farias da Silva. A polícia disse que ele estava com uma arma na mão, mas várias pessoas que o conhecem desde criança afirmam ser impossível. Jonatha é descrito como um menino tímido e muito sozinho que perdeu a mãe de tuberculose aos 11 anos e vivia com um irmão mais velho num quarto de quatro metros quadrados. Engraxava sapatos e vendia biscoitos nos congestionamentos da Linha Vermelha para sobreviver, enquanto sonhava com ser mecânico. O motorista ferido quando dirigia a van alvejada por tiros é Cláudio Duarte Rodrigues, de 41 anos. Foi levado ao hospital por moradores, mas despachado para casa com a bala ainda alojada no glúteo. Só depois uma ONG obteve a promessa de uma ambulância para buscá-lo. Você ainda poderia ser a empregada doméstica que ouviu os policiais arrombarem a porta da casa do seu vizinho, ouviu seus gritos – “Me larga! Socorro!” – e o viu ser retirado de lá, dentro de um saco preto.  
Mas isso não acontece com você, nem com seus filhos. Nem comigo. Mas, ainda que não aconteça, como é possível sentirmos menos? Ou mesmo não sentir? Ou ainda viver como se isso fosse normal? Ou olhar distraidamente para a notícia no jornal e pensar: “mais uma chacina na favela”?

Em que nos transformamos ao sentir menos a morte de uns do que a de outros, a dor de uns do que a de outros, mesmo quando olhamos para uns e outros apenas pela TV?

O que torna isso possível?

É preciso parar e pensar. Porque esses, que assim morrem, só morrem porque parte da sociedade brasileira sente menos a sua morte. É cúmplice não apenas por omissão, mas por esse não sentir que se repete distraído no cotidiano. Por esse não sentir que não surpreende ninguém ao redor, às vezes nem vira conversa. Essa polícia que mata nos reflete, por mais que recusemos essa imagem no espelho.  

São vários os discursos que se imiscuem na vida cotidiana e penetram em nossos corações e mentes, justificando, legitimando e perpetuando a ideia de que a vida de uns vale menos do que a de outros, de que a vida dos mesmos de sempre vale menos do que a dos mesmos de sempre. Um desses discursos é a afirmação, que nesse caso foi assumida e amplificada por parte da imprensa, de que a polícia teria admitido que “três moradores mortos eram inocentes”. A frase tem tom de denúncia, ao afirmar que a polícia reconheceu a morte de “inocentes” na Maré. A declaração expressa, de fato, a ideia de que ao menos esses três não deveriam ter sido assassinados. Por oposição, cabe a pergunta: e os outros deveriam?

Essa frase diz ainda mais: se “três são inocentes”, aceita-se automaticamente e sem maior investigação que os demais seriam suspeitos de tráfico e outros crimes – e destes, quase nada ou nada é contado. É nesse ponto que se oculta algo ainda pior contido nesse discurso, que é a aceitação da pena de morte de suspeitos. Ou seja, os supostamente “não inocentes”, os supostamente “bandidos”, “traficantes”, “vândalos” poderiam, então, ser mortos? É isso o que se diz nas entrelinhas. Mas não seriam todos “inocentes”, até julgamento em contrário, dentro do ritual jurídico previsto pelo Estado de direito? Sem contar que a lei brasileira não prevê a pena de morte de julgados e condenados por crimes, nem sequer os hediondos. Mas o Estado, com o aval de uma parte significativa da sociedade, executa suspeitos.

A aceitação dessa quebra cotidiana da lei pelo Estado está presente na narrativa dos acontecimentos – e a imprensa tem um papel importante na reprodução desse discurso: “três deles eram inocentes”, “morreram em confronto”, “morreu ao resistir à prisão”, “troca de tiros” são algumas das expressões entranhadas nos nossos dias como se tudo explicassem. Como se isso fosse corriqueiro – e não monstruoso. Mesmo para a morte de “inocentes”, fora as mesmas vozes dissonantes de sempre, se atribui expressões como “efeito colateral”. E parece ter sido fácil para a classe média aceitar que o “efeito colateral” é a morte dos filhos, dos irmãos, dos pais e das mães dos pobres.

Em um artigo no site do Observatório de Favelas, que vale a pena ser lido (aqui), Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré e da Divisão de Integração Universidade Comunidade PR-5/UFRJ, faz uma análise da frase dita na TV pelo consultor de segurança pública Rodrigo Pimentel: “Fuzil deve ser utilizado em guerra, em operações policiais em comunidades e favelas. Não é uma arma para se utilizar em área urbana”. Ele criticava, em 18/6, a imagem de um policial militar atirando para o alto com uma metralhadora, perto de manifestantes que praticavam ações violentas em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Como afirma Eliana, parece um comentário “natural, racional e equilibrado”, mas, de fato, o que ele está dizendo? Que na favela pode. E, fora uma ou outra voz, como a dela, não causa nenhuma surpresa. Nem mesmo se estranha que na favela pode, nos protestos do centro não.
A palavra “confronto” encobre forças desiguais – e o que tem sido chamado de “confronto” seguidamente não é o que diz ser. Mesmo em confrontos de fato trata-se o que é desigual como se fosse igual, também simbolicamente. Como se uma das forças em confronto não encarnasse o Estado e tivesse, portanto, de respeitar a lei e seguir parâmetros rígidos de conduta – e não igualar-se a quem supostamente está no outro lado. Como se a polícia, como aconteceu na Maré, tivesse autorização para se vingar pela morte – lamentável – do sargento do BOPE, entrando na favela e arrebentando. E o sargento do BOPE Ednelson Jerônimo dos Santos Silva, 42 anos, é também uma vítima desse sistema avalizado por uma parte significativa da sociedade dita “de bem”.
A questão é que, se a polícia não tem autorização de direito, tem de fato. E tem porque a classe média sente menos a dor dos pobres. Tem autorização porque uma parcela da sociedade primeiro criminaliza os pobres – e, depois, naturaliza a sua morte. É por isso que a polícia faz o que faz – porque pode. E pode porque permitimos. A autorização não é dos suspeitos de sempre, apenas, mas de parte considerável dessa mesma classe média que vai às ruas gritar pelo fim da corrupção. Mas haverá corrupção maior, esta de alma, do que sofrer menos pelos mortos da Maré do que pelos feridos da Paulista?

A autorização para a morte dos pobres é de cada um que sente mais as balas de borracha da Paulista do que as balas de chumbo da Maré. Sentir, o verbo que precede a ação – ou a anula.  

“Estado que mata, nunca mais!” é o chamado de um ato ecumênico marcado para as 15h desta terça-feira (2/7), com concentração na passarela 9 da Avenida Brasil, pelos moradores da Maré. A manifestação, anunciada como “sem violência e pacífica”, pretende lembrar os 10 mortos de 24 e 25 de junho, inclusive o sargento do BOPE. “Não é mais aceitável a política militarizada da operação do estado nos territórios populares, como se esses locais fossem moradas de pessoas sem direitos. Responsabilizamos o governador do Estado e o secretário de Segurança Pública pelas ações policiais nas favelas. Exigimos um pedido de desculpas pelo massacre e o compromisso com o fim das incursões policiais nas favelas cariocas, sustentadas no uso do Caveirão e de armas de guerra”, diz a chamada na internet.

Este ato poderá se tornar um momento de inflexão nos protestos que atravessam o país. Saberemos então se os cidadãos das favelas estarão sozinhos, como sempre, ou acompanhados pelas mesmas organizações de direitos humanos de sempre – ou se o Brasil está, de fato, disposto a começar a curar sua abissal e histórica cisão.

Visto na: Época