15 julho 2013

Mendicância: exploração ou necessidade?


Respeito e dignidade não se constroem com esmolas!

  A sociedade, seja ela na antiguidade ou modernidade, sempre foi permanentemente hierarquizada. Diante de riquezas e privilégios da elite social, também se vê deploravelmente a marginalização e pobreza daqueles que sustentam esta pirâmide contraditória. Esta dicotomia feroz e injusta leva-nos ao dilema de até onde os mais marginalizados, isto é, aqueles que não possuem nem mesmo um teto, podem se tidos como cidadãos. Mediante tal situação, também se ergue a questão de como lidar com a pobreza extrema e a reconstituição da dignidade de cada um destes.

  Enquanto regulador social, o Estado deveria exercer a função de zelar pela paz e igualdade na sociedade. Porém, a mendicância é o produto de uma ineficaz administração, que, aliás, quebra e desrespeita o próprio acordo social. Este conceito, como exaurido pelo iluminista Jacques Rousseau em sua obra “O Contrato Social”, é o principio básico para a estruturação do Órgão Estatal, onde os indivíduos concordam em conviver mutuamente e igualitariamente, prezando pelo respeito e a ordem. Entretanto, isto não parece acontecer de fato, dado que os mendigos estão assim tendo seus direitos essencias violados, gerando um empasse ainda mais profundo.

  Como se não bastasse a grande contradição jurídica da problemática, as próprias pessoas contribuem para o agravamento do mesmo. No momento que vemos os moradores de rua como algo normal e rotineiro, perdemos nosso próprio senso de humanidade e respeito ao próximo. Pedir melhoras ao governo e permanecer na inércia é inválido, afinal, precisamos ser a mudança que queremos ver no próximo, ao contrário, seremos cúmplices daqueles que acusamos.

  Ao olhar por outro prisma, também se percebe o ciclo vicioso que a exclusão social traz para a sociedade. Estes que mendigam hoje por pão e água, são também os potenciais sustentadores do mundo dos narcóticos, pois, com tal forma de vida, o que espera-se é a tentativa dos mesmos de sair da realidade, aliviando um pouco suas dores. Isto leva-nos a perceber que realmente, um problema social acaba desencadeando vários outros.  Portanto, o combate aos males da sociedade deve ser feito com um pensamento pluralista e racional.

  O sistema pode ser de fato denominado de falho na regulação social. Porém, se temos problemas, devemos vê-los com responsabilidade por cada um, não jogando o peso inteiro no governo. No momento que unirmos nossas forças em prol da valorização dos indivíduos da sociedade, poderemos então trazer dignidade para estas pessoas, afinal, o que nos faz forte não é a força física, e sim a capacidade de sair da inércia social e tentar mudar a realidade.


Aluno: João Vitor de Andrade Alencar
Professor: Diogo Didier

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