03 janeiro 2011

O que é Heteronormatividade?

Desde pequenos somos educados a seguir rigidamente certos padrões impostos pela sociedade no que tange a nossa sexualidade. Há uma divisão comportamental, da qual meninos devem agir de uma maneira e meninas de outra. Esse modelo de educação acaba semeando os primeiros frutos da heteronormatividade, padrão canonizado de regras que acaba limitando a liberdade do outro de viver abertamente a sua sexualidade. O resultado dessa educação sexista é a formação de adultos despreparados para aceitar e/ou conviver com o “diferente”.

Mas afinal, o que significa heteronormatividade? Numa acepção etimológica da palavra, “hetero” que em Grego quer dizer “diferente” e “norma” que em Latim quer dizer “esquadro”, constituem a formação da palavra heteronormatividade, ou seja, um conjunto de ações, relações e situações praticadas entre pessoas de sexos opostos. Assim, toda uma gana de sexo, sexualidade e identidade de gênero deveriam se esquadrar dentro dos moldes da heteronormatividade, sendo esta a única orientação sexual considerada “normal”. A grande discussão em torno dessa palavra é a limitação que ela impõe aos LGBTTs(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transex), uma vez que no ceio de sua origem há uma gana de proibições que acabam dando origem a discriminações, preconceitos e, consequentemente homofobia.

Infelizmente, para a nossa sociedade o que é correto deve estar padronizado, então os gays seriam a escória social, pois não constituem e nem tampouco integram os modelos eternalizados pelas convenções moralizadas. Por isso que tantas barreiras ainda não foram ultrapassadas pelos homossexuais. Falo do casamento gay, ou união civil, da adoção de crianças, e tantas outras coisas que esbarram na nossa heteronormativa burocracia. Ainda há muita resistência, pois a nossa sociedade não foi educada a conviver com a homossexualidade dentro da sua amplitude. Perpetuamos em nossas crianças que existem apenas homens e mulheres, ou seja, tudo o que for contrário a isso é anormal.

Partindo desse pensamento, não é difícil saber de onde surgem os atos de violência cometidos contra os gays. Nós mesmos, muitas vezes inconscientemente, somos os causadores de todos os males sociais que nossas crianças irão enfrentar na idade adulta. E isso não se restringe apenas aos homossexuais, mas a todas as outras minorias marginalizadas.

Quando dizemos aos nossos filhos que não se juntem com determinada criança por causa da cor da sua pele, estamos criando futuros racistas; quando dizemos que não queremos meninas junto com meninos, estamos ampliando o patriarcalismo que segregava as mulheres das atividades sociais; quando proibimos as nossas crianças de se misturarem a outras de classe inferior, ou seja, pobres, estamos alimentando a desigualdade social que afeta centenas de pessoas Brasil a fora. Tudo isso, de alguma forma pode afetar radicalmente a forma com que as nossas crianças enxergarão o mundo no futuro e as pessoas que nele vivem.

Em contrapartida, deixo claro que não sou contra a heteronormatividade, pelo contrário, acredito na sua importância na construção da nossa sociedade, como elemento formador da vida e de vital crucialidade na formação do ser humano. A discussão aqui é como ampliar esse conceito de heteronormatividade, enquadrando outras vertentes sociais, entre as quais os homossexuais são partes constituintes. É não criar padrões solidificados para uma questão tão abrangente quanto à da sexualidade humana, abrindo um leque de possibilidades para que seja discutidos/entendidos, racionalmente a liberdade do outro em querer viver a sua sexualidade.

Como se sabe, viver abertamente a homossexualidade não é uma tarefa fácil, sobretudo numa sociedade tão heteronormativa quanto a nossa. Nela, os gays não podem casar e nem constituir família, ainda, pois estas ações são restritas aos heteros e estão incluídas no âmbito heteronormativo discutido há pouco.

Em linhas gerais, penso que padronizar a sexualidade humana é uma atitude muito tacanha, tamanha a homorrealidade existente em nossa sociedade. Temos que parar de enxergar os gays como minorias e começar a vê-los como uma grande massa que atua, consome, pensa, trabalha e que não é diferente de nenhum outro cidadão. Uma das atitudes mais sensatas do nosso Governo para 2011 é a criação de uma apostila que leva para a escola a problemática da homofobia e, consequentemente da sexualidade. O Brasil tem que começar a galgar passos largos nessa questão para tentar reverter o atraso mental da nossa sociedade sobre a sexualidade alheia. São avanços dessa magnitude que o nosso país precisa para sair da vala da ignorância e da intolerância, ambas cristalizadas por dogmas normativos dos quais não condizem com a realidade social da qual vivemos.

21 comentários:

  1. Diogo,

    O texto é super interessante e necessário para a realidade que estamos vivendo.

    Parabéns mais uma vez.
    Você é show.


    abraços

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  2. Diogo,

    Muito bem explicado. E necessário. Parabéns.

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  3. kkkkkkkkk....sinto cheiro de plagio no ar!! huahuhauuahua...Nossos blogs casaram bem essa semana...vc falando na heteronormatividade em termos de sexualidade e preconceito e eu abordando junto à moda e comportamento. Adorei o resultado...parabéns a nós. Vou deixar meu link, caso seus leitores se interessem em uma outra abordagem sobre a mesma temática.

    http://vitrineurbanavr.blogspot.com

    bjx

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  4. OLha muito legal isso, nunca tinha lido algo sobre esse conceito e nem parado para pensar sobre isso,
    muito bom :)

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  5. Diogo, quando eu penso que as coisas vão se encaminhar para uma (pelo menos) acomodação, vejo tanta intolerância sendo praticada através de noticiários e mesmo nas ruas que chega a ser desanimador. Acho que só mesmo partindo dos lares e das escolas é que vamos ter futuramente pessoas formadas com menos preconceitos e concepções arcaicas. O maior problema que vejo em tudo isso é a tal da hipocrisia. Ela, junto da ignorância, são , a meu ver, os maiores inimigos da evolução humana. Mas isso não pode arrefecer a luta pela igualdade de direitos e pelo fim dos preconceitos em todos os níveis. Um abraço e parabéns mais uma vez pela abordagem excelente. Paz e bem.

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  6. Gostei, muito, do nome do teu blog.

    Feliz 2011

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  7. Abordagem informativa interessante. Esses temas não são muito levantados,ou quando são há exageros.
    Penso que será através da educação que se poderá ter uma nova visão sobre o que levantou. É no dia-a-dia que se formam os valores.

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  8. A educação ainda é a nossa principal arma, única ferramenta capaz de construir cidadãos mais conscientes e preparados para apluralidade existente no mundo.

    É evidente que o processo de mudança favorável aos lgbtts ainda perconrrerá um longo caminho, repleto de obstáculos.

    Mas, acredito que se começarmos a semear as primeiras sementes da tolerância, logo logo elas daram frutos de igualdade e respeito, alimentos esses que germinaram árvores mais tolerantes e menos ignorantes.

    Obrigado pelo carinho das palavras de TODOS!

    bjoxxxxxxxxxxx no coração!

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  9. Olá, passei para agradecer sua visita, e dizer-te que adoro participar de seu blog, sua escrita traduz sinceridade
    Desejo a ti e aos seus um novo ano repleto de esperança e luz
    Abraços carinhoso
    Preciosa Maria

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  10. Obrigado PERCIOSA! Sua presença aqui me deixa muito feliz também...um 2011 de coisas boas e novas para nós...xero!

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  11. Oieeeeeeeeee DIOGUITOOOOOOOOOOO
    ai que xaudadessssss docê menino lindooo!!!
    Eu estou otima e espero que você tambem e que o seu 2011 seja carregadinho de amor e que a vida te traga uma linda historia de amor com um gatão bem lindo assim como você e que se tiver casamento que eu seja madrinhaaaaaaaa, rsrsr
    ixi maria eu gostei da idéia...ja pensou...o casamento na praia, nossaaaaaaaaaaaaa vai ser lindo persisto na idéia de eu ser a dinda ta.
    Beijossssssss meu amor e tudo de otimo para você.
    Eu estava morrendo de saudades.

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    1. vamos dar uma trepada fim de semana sua cachorra desmamada que mama só piroca?

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  12. kkkkkkkkkkkkkk...como eu quero que isso aconteça Marega! estou tão encalhadinho rsrsrsrsrsrs....tenho um "ficante", mas acho que a nossa relação não vai engrenar...

    Mas nem se preocupe, assim que eu achar alguém BEM LEGAL, você será uma das primeiras a saber...

    Sobre a ideia de ser madrinha, FECHADO rsrsrsrs a vaga já é sua rsrsrrs...bjoxxxxxxxxxxxxx no coração!

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  13. Desculpa Preciosa, eu digitei seu nome errado, mas já tá corrigido, tá bom?! bjoxxxxxx

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  14. Mais um texto interessante e rico em conhecimento. Parabéns amigo, abraços!

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  15. Obrigado querido! adoooooooooorei escrever esse texto. Na verdade, já queria discutir esse tema há algum tempo, mas sempre adiava-o. Desse vez resolvi arregaçar as mangas e escrever o que estava guardado. Fico feliz que vc e todos os outros tenham gostado...

    bjoxxxxxxxxxxxxxx

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  16. ser feliz é ser gente... se sentir e ser capaz de amar não de forma diferente mas sim da maneira amavel e completa, ser feliz não difere na cor, no falar, no ser igual a todos? SER FELIZ é dizer que é feliz por dentro, por fora e a parte para a quem amamos e ate mesmo para aqueles que dizem que nos somos anormais... seja capaz de ser você mesmo sem nenhuma restrição...

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  17. A atração sexual só existe por causa da procriação, logo, "heteronormatividade" não faz o menor sentido!

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  18. Você disse que não é contra a "heteronormatividade", e disse que ela é importante na formação, então deixo o meu questionamento, em qual sentido você acha ela importante, quais os prós?

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  19. Penso que Hetero/a está mais para a procriação do que como definição de sexualidade! Há inclusive o paradoxo de sempre "existiu" banheiro por gênero! Numa ocasião entrei no banheiro com um colega, primeira hora (de manhã) e ele havia acabado de chegar e perguntou se podia entrar no box comigo. Envolvente me abraçou por trás e comentou que havia transado com a esposa, bem cedo e mesmo assim me desejou e estava ali me penetrando. Ai eu disse a ele, quantos tiveram a primeira transa e homo como estávamos tendo, de repente, pelos hormônios aflorados e, depois a Família e Sociedade começando a "cobrar" a chegada do herdeiro: ainda tem o check list (na minha geração e de meus irmãos: namoro ao casamento)!

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