22 fevereiro 2011


Diz-se que o cinema é o equilíbrio perfeito entre o real e o irreal. Que as imagens em movimento emprestam uma dose perfeita de realidade à fantasia que é a sétima arte. Mas o arrebatamento que alguns filmes causam, nos faz repensar esse equilíbrio, fazendo-nos considerar a hipótese daquela história estar acontecendo exatamente naquele momento em que estamos assistindo. Somos tocados pelos acontecimentos, sentimos o que os personagens sentem, vemos o que eles veem, da maneira que eles enxergam o mundo... E isso, nenhum recurso 3D consegue superar: essa experiência de ser capturado pela ficção, de se entregar à sua verdade irreal!

O novo longa de Darren Aronofsky, de O Lutador (2008), tem essa capacidade de colocar o espectador na pele da personagem principal, Nina, vivida por Natalie Portman, de Entre Irmãos (2009). E, de cara, já deixa suspenso no ar uma pergunta perturbadora: o que há além da perfeição, se o que é perfeito está acabado? Se a perfeição é a exclusão dos defeitos, das imperfeições, ser perfeito parece algo muito diferente de ser humano. Como não sofrer tentando não ser humano? Como não se ferir na busca obsessiva por superar os próprios limites?

Nina sofre. Sofre porque se sente o tempo todo incapaz de ser perfeita, embora empregue todo seu tempo e energia na tentativa de sê-lo. E, se considerarmos sua ocupação de bailarina, o seu sofrimento parece ainda maior. O balé, com sua disciplina rigorosa e a constante busca da perfeição, acaba se configurando como um cenário cruel para Nina. Na expectativa de conseguir a posição de destaque na companhia de balé para interpretar o cisne branco e o cisne negro, Nina se leva e nos leva ao extremo. E sua mãe, Erica Sayers (Barbara Hershey), é uma ex-bailarina que mais parece a carrasca da filha, mantendo-a num universo maternal e de um controle perverso, colaborando para as obsessões e perda da noção de realidade sofridas pela filha.

Nina apresenta sinais de distúrbios alimentares, autoflagelação e delírios, exibindo uma personalidade controladora, tensa e instável. Ela trava uma relação doentia até com a ex-bailarina principal, Beth Macintyre (Winona Ryder em participação especialíssima), por se sentir culpada ao substituí-la. Nina está sufocando, nós vamos juntos ao longo do filme. Os personagens do ótimo Vincent Cassel (Thomas Leroy) e de Mila Kunis (Lily), tentam trazer Nina para a realidade por intermédio do erotismo e do prazer, mas acabam por confundir ainda mais a bailarina, potencializando as suas paranoias.

Cisne Negro já deixa claro, na sua sombria e poderosa sequência inicial, que trata-se de uma história perturbadora. O reflexo do rosto de Nina no vidro do metrô, os closes dos pés maltratados pela dança, suas terríveis alucinações, sua angústia... Tudo faz de Cisne Negro um exemplar de terror psicológico de muita qualidade, dirigido com competência e povoado por personagens densos e inquietantes, com destaque para Natalie Portman, que se entrega física e emocionalmente ao personagem, de tal forma que nos oferece uma sensação incomodamente intensa de que Nina é real.



Por: Mônica Lobo

20 fevereiro 2011

Chega Fevereiro e o Brasil inteiro tem um encontro marcado com as festividades carnavalescas que animam e enchem de alegria e cores ruas e avenidas pelo país. Em meio a tanta culturalidade, o estado de Pernambuco se sobressai entre tantos outros, pois lá, especificamente na capital Recife e na charmosa cidade de Olinda, acontecem as principais manifestações desse período. Um misto de cores, estilos, ritmos e tribos são os ingredientes que formam o carnaval pernambucano, considerado como mais multiculturalizado do país.

Em Recife, terra dos grandes blocos de ruas e das seculares agremiações, o destaque vai para o famoso bloco do Galo da Madrugada. Criado há muitos anos, ele vem arrastando multidões por onde passa, alcançando a incrível marca de ser o maior bloco carnavalesco do mundo. Além dele, Recife se destaca pelos espetáculos noturnos, principalmente no marco zero da cidade, Rua da Moeda e na Torre Malacoff, onde blocos cantarolando marchinhas antigas, melodiosamente embalam os seus visitantes a viajar pelos antigos e gloriosos carnavais recifenses.

Não muito distante da capital, a cidade de Olinda encanta os seus foliões com suas ladeiras estreitas e cheias de história, seus batuques de maracatus, a beleza do artesanato local e ainda a delicias da culinária regional. Grandes nomes da música pernambucana, consagrados nacionalmente, como o cantor Alceu Valença, residem nessa cidade, enaltecendo a cultura desse lugar. Seus bonecos gigantes também devem ser lembrados, pois representam o que há de mais peculiar do carnaval de Olinda.

O mercado da ribeira é outra boa pedida para quem quer ter um contato mais direto com a cultura de Olinda. Nesse local os mais típicos sons olindenses como o frevo, o maracatu e o caboclinho são opções convidativas para conterrâneos e turistas caírem no passo. Para quem ainda tem energia, vale a pena conferir a bela vista do Alto da Sé e sentar em alguns dos muitos bares instalados, todos com boa comida e gente bonita. Esses são apenas alguns dos muitos atrativos do carnaval pernambucano, sem dúvidas um dos melhores do Brasil.

FREVO

Dentre as diversas manifestações culturais de pernambuco sem dúlvida o Frevo se destaca. Porque quando o Frevo toca não tem outraa multidão toma conta das ruas do Recife. Até a década de 30, o Frevo sobreu profundas influências do dobrado e das marchas militares e, ainda, da modinha e do maxixe. tornando um gênero musical bem característico com o ingremento de figuras melódicas e rítmicas que ao longo do tempo trouxeram maestros como Nelson Ferreira, Capiba, e recentemente José Menezes, Duda e outros.

Vejamos os três tipos de frevo: frevo-de-rua, de caráter instrumental e andamento vivo, executado por orquestra de metais e palhetes; frevo-de-bloco, de andamento mais moderado, executado por orquestra denominada de pau-e-corda ou seja de instrumento de sopro-flauta e palhetas- mais cordas ( violões, bandolins, cavalos e banjos ), cujas letras são cantadas por um coral feminino e, finalmente, o frevo-canção, também de andamento vivo, com introdução e acompanhamento orquestral, tal como o frevo de rua,, tendo porém o apoio de uma letra, interpretada por cantor ou por cantora, aconpanhado de coro misto.

A sombrinha é um dos elementos coreográficos mais importantes da carnaval de pernambuco.Durante o carnaval as ruas do Recife e Olinda são invadidas por lindas sombrinhas coloridas e o verdadeiro passista, aquele que realmente "cai no passo", sempre a carregará consigo. Mas o que é a sombrinha? O que ela significa? Algumas hipóteses foram aventadas para esplicar a sua origem.

Uma delas está relacionadas a fenômenos climaticos naturais, chuva e sol.

Outra hipótese sustenta que a sombrinha seria o translado para o frevo do guarda chuva do Bumba-Meu-Boi ou do pálio do Maracatú.

Relata-se também que a sombrinha era ultilizada como porta alimentos, já que foram vistos guardas-chuvas com comida presa em suas haste central.

Uma outra hipótese, a mais atraente, admite ser a sombrinha uma contrafaçã. para sua explicação e defesa temos que nos tansportar ao século passado e até mais profundamente, nos primórdios da escravidão no Brasil. Em meados do século XIX, em pernambuca sorgirão as primeiras bandas de múcicas maciais, execultando dobrados, machas e polcas. Essas bandas desfilavão pelo centro de Recife e duas delas, a Quarto Batalhão de Artilharia, conhecida como regente um espanhol, parece ter sido as dias primeiras bandas de destaque da cidade. Estes agrupamentos musicais militares eram acompanhados por grupos de capoeristas que dançavam e lutavam, os quais se tornaram fiéis as bandas que acompanhavam, além de rivais entre si. Afora a rivalidade entre os grupos, havia também a luta contra o daminador português, muitas vezes atingidos pelos golpes dos capoeristas, acompanhados de suas armas como a faca o punhal ou um pedaço de madeira. Pela desordem que provocaram, os capoeristas foram proibidos de desfelar.

Por essa mesma época, surgiram os primeiros clubes de carnaval de Pernambuco, entre eles o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (1889) e o C.C.M. Lenhadores (1897), formados por trabalhadores, cada um possuindo a sua banda de música. Ora, os capoeristas necessitavam de um disface para acompanha as bandas, agora dos clubes, já que eram persiguidos pela polícia. Assim, modificaram seus golpes acompanhando a música, originando tempos depois o "passo" (a dança do Frevo) e trocando suas antigas armas pelos símbolos dos clubes que, no caso dos Vassourinhas e Lenhadores, eram constituídos por pedaços de madeira encimados por uma pequena vassoura ou um pequeno machado, usados como enfeites. A madeira era usada como arma. A música também sofreu transformações e, lentamente, provavelmente para acompanhar os passos ou golpes dissimulados dos capoeristas, deu origem ao mais extasiante ritmo do carnaval pernambucano, denominado frevo pelo povo, por corruptela do verbo ferver. A sombrinha teria sido utilizada como arma pelos capoeiristas, à semelhaça dos símbolos dos clubes e de outros objetos como a bengala. De início, era o guarda-chuvas comum, geralmente vellho e esfarrapado, hoje estilizado, pequeno para facilitar a dança, e colorido para embelezar a coreografia. Atualmente a sombrinha é o ornamento que mais caracteriza o passista e é um dos principais símbolos do carnaval de Pernambuco e do Brasil.

Histórico

o carnaval recifense possui uma música e uma dança carnavalesca própria e original, nascida do povo. De origem urbana, surgiu nas ruas do Recife nos fins do século XIX e começo do século XX. O frevo nasceu das marchas, maxixes e dobrados; as bandas militares do século passado teriam dado sua contribuição na formação do frevo, bem como as quadrilhas de origem européia. Deduz-se que a música apoiou-se desde o início nas fanfarras constituídas por instrumentos de metal, pela velha tradição bandística do povo pernambucano.

A palavra é: FREVO!

A palavra frevo vem de ferver, por corruptela, frever, dando origem a palavra frevo, que passou a designar: "Efervecência, agitação, confusão, rebuliço; apertão nas reuniões de grande massa popular no seu vai-e-vem em direções opostas como pelo Carnaval", de acordo com o Vocabulário Pernambucano de Pereira da Costa. Divulgando o que a boca anônima do povo já espalhava, o Jornal Pequeno, vespertino do Recife, que mantinha a melhor secção carnavalesca da época, na edição de 12 de fevereiro de 1908, faz a primeira referência a palavra frevo.

O Frevo música

Pode-se afirmar que o frevo é uma criação de compositores de música ligeira, feita para o carnaval. Os músicos pensaram em dar ao povo mais animação nos folguedos de carnaval, e a gente de pé no chão, queria música barulhenta e animada, que desse espaço para extravasar alegria dentro daquele improviso. No decorrer do tempo a música ganha características próprias acompanhada por um bailado inconfundível de passos soltos e acrobáticos. Nas suas origens o frevo sofreu várias influências ao longo do tempo, produzindo assim variedades. A década de trinta serve de base para a divisão do frevo em: Frevo-de-Rua, Frevo-Canção, Frevo-de-Bloco.

FREVO-DE-RUA

É o mais comumente identificado como simplesmente frevo, cujas características não se assemelham com nenhuma outra música brasileira, nem de outro país. O frevo-de-rua se diferencia dos outros tipos de frevo pela ausência completa de letra, pois é feito unicamente para ser dançado. Na música é possível distinguir-se três classes: o frevo-abafo ou de encontro, no qual predominam os instrumentos metálicos, principalmente pistões e trombones; o frevo-coqueiro, com notas agudas distanciando-se no pentagrama e o frevo-ventania, constituído pela introdução de semicolcheias. O frevo acaba, temporariamente, em um acorde longo e perfeito. Frevos-de-rua famosos Vassourinhas de Matias da Rocha, Último dia de Levino Ferreira, Trinca do 21 de Mexicano, Menino Bom de Eucário Barbosa, Corisco de Lorival Oliveira, Porta-bandeira de Guedes Peixoto, entre outros.

FREVO-CANÇÃO

Nos fins do século passado surgiram melodias bonitas, tais como A Marcha n° 1 do Vassourinhas, atualmente convertido no Hino do carnaval recifense, presente tanto nos bailes sociais como nas ruas, capaz de animar qualquer reunião e enlouquecer o passista. O frevo-canção ou marcha-canção tem vários aspectos semelhantes à marchinha carioca, um deles é que ambas possuem uma parte introdutória e outra cantada, começando ou acabando com estrebilhos. Frevos-canção famosos: Borboleta não é ave de Nelson Ferreira, Na mulher não se bate nem com uma flor de Capiba, Hino de Pitombeira de Alex Caldas, Hino de Elefante de Clídio Nigro, Vestibular de Gildo Moreno, entre outros.

FREVO-DE-BLOCO

Deve ter se originado de serenatas preparadas por agrupamentos de rapazes animados, que participavam simultaneamente, dos carnavais de rua da época, possivelmente, no início do presente século. Sua orquestra é composta de Pau e Corda: violões, banjos, cavaquinhos, etc. Nas últimas três décadas observou-se a introdução de clarinete, seguida da parte coral integrada por mulheres. Frevos-de-bloco famosos: Valores do Passado de Edgar Moraes, Marcha da Folia de Raul Moraes, Relembrando o Passado de João Santiago, Saudade dos Irmãos Valença, Evocação n° 1 de Nelson Ferreira, entre outros.

O Frevo dança

Vários elementos complementares básicos compõe toda dança, em especial no frevo os instrumentos musicais serviam como arma quando se chocavam agremiações rivais. A origem dos passistas são os capoeiras que vinham à frente das bandas, exibindo-se e praticando a capoeira no intuito de intimidar os grupos inimigos. Os golpes da luta viraram passos de dança, embalados inicialmente, pelas marchas e evoluindo junto com a música do frevo.

A SOMBRINHA

Outro elemento complementar da dança, o passista à conduz como símbolo do frevo e como auxílio em suas acrobacias. A sombrinha em sua origem não passava de um guarda-chuva conduzido pelos capoeiristas pela necessidade de ter na mão como arma para ataque e defesa, já que a prática da capoeira estava proibida.

Este argumento baseia-se no fato de que os primeiros frevistas, não conduziam guarda-chuvas em bom estado, valendo-se apenas da solidez da armação. Com o decorrer do tempo, esses guarda-chuvas, grandes, negros, velhos e rasgados se vêm transformados, acompanhando a evolução da dança, para converter-se, atualmente, em uma sombrinha pequena de 50 ou 60 centímetros de diâmetro.

O VESTUÁRIO

Também como elemento imprescindível em algumas danças folclóricas, o vestuário que se precisa para dançar o frevo, não exige roupa típica ou única. Geralmente a vestimenta é de uso cotidiano, sendo a camisa mais curta que o comum e justa ou amarrada à altura da cintura, a calça também de algodão fino, colada ao corpo, variando seu tamanho entre abaixo do joelho e acima do tornozelo, toda a roupa com predominância de cores fortes e estampada. A vestimenta feminina se diferencia pelo uso de um short sumário, com adornos que dele pendem ou mini-saias, que dão maior destaque no momento de dançar.

Passos do frevo

A dança do frevista é geralmente caracterizada pela sua individualidade na exibição dos passos. Os passos nasceram da improvisação individual dos dançarinos, com o correr dos anos, dessa improvisação se adotaram certos tipos ou arquétipos de passos. Existem atualmente um número incontável de passos ou evoluções com suas respectivas variantes. Os passos básicos elementares podem ser considerados os seguintes: dobradiça, tesoura, locomotiva, ferrolho, parafuso, pontilhado, ponta de pé e calcanhar, saci-pererê, abanando, caindo-nas-molas e pernada, este último claramente identificável na capoeira. A seguir descrições dos cinco primeiros citados:

DOBRADIÇA

Flexiona-se as pernas, com os joelhos para frente e o apoio do corpo nas pontas dos pés. Corpo curvado para frente realizando as mudanças dos movimentos: o corpo apoiado nos calcanhares, que devem está bem aproximados um do outro, pernas distendidas, o corpo jogado para frente e para trás, com a sombrinha na mão direita, subindo e descendo para ajudar no equilíbrio. Não há deslocamentos laterais. Os pés pisam no mesmo local com os calcanhares e pontas.

TESOURA

A - Passo cruzado com pequenos deslocamentos à direita e à esquerda. Pequeno pulo, pernas semiflexionadas, sombrinha na mão direita, braços flexionados para os lados.

B - O dançarino cruza a perna direita por trás da esquerda em meia ponta, perna direita `a frente, ambas semiflexionadas. Um pulo desfaz o flexionamento das pernas e, em seguida, a perna direita vai apoiada pelo calcanhar; enquanto a esquerda, semiflexionada, apoia-se em meia ponta do pé, deslocando o corpo para esquerda. Refaz-se todo o movimento, indo a perna esquerda por trás da direita para desfazer o cruzamento. Neste movimento, o deslocamento para a direita é feito com o corpo um pouco inclinado.

LOCOMOTIVA

Inicia-se com o corpo agachado e os braços abertos para frente, em quase circunferência e a sombrinha na mão direita. Dão-se pequenos pulos para encolher e estirar cada uma das pernas, alternadamente.

FERROLHO

Como a sapatear no gelo, as pernas movimentando-se primeiro em diagonal (um passo) seguido de flexão das duas pernas em meia ponta, com o joelho direito virado para a esquerda e vice-versa. Repetem-se os movimentos, vira-se o corpo em sentido contrário ao pé de apoio, acentuando o tempo e a marcha da música. Alternam-se os pés, movimentando-se para frente e para trás, em meia ponta e calcanhar; o passista descreve uma circunferência.

PARAFUSO

Total flexão das pernas. O corpo fica, inicialmente, apoiado em um só pé virado, ou seja, a parte de cima do pé fica no chão, enquanto o outro pé vira-se, permitindo o apoio de lado (o passista arria o corpo devagar).

Fonte: www.fundaj.gov.br

Faz tempo
Mas eu ainda não te esqueci
Desde o dia que você se foi
Um pouco de mim foi contigo
E hoje, depois de tanto tempo
Ainda sinto sua presença quando respiro.
É confuso manter esse sentimento guardado
Não sei se á amor, ou se ainda estou apaixonado
O que sei é que de alguma forma quero te manter ao meu lado.
Lembra dquela música que ouvíamos juntos?
Você dizia que ela embalava o nosso amor.
E aquele filme romântico que você adorava?
Era tão engraçado quando choravamos nas cenas de beijo, lembra?
Ah, tanta coisa boa foi vivida, compartilhada e deixada para trás.
Sinto falta dos passeios de domingo
Dos beijos roubados no cinema
Nas aventuras loucas dentro e fora de casa
Do teu toque
cheiro
olhar
Sinto tanta falta que uma lágrima rola do meu olhar
Mas, antes da sua partida
Eu peguei tudo o que me fez feliz e guardei
Armazenei e escondi num lindo frasco.
Todas as vezes que sinto sua falta eu vou lá e bebo um pouco de ti
Respiro um pouco do seu ar
E fico entorpecido a sonhar
Só na possibilidade de um dia voltar a te encontrar...

Meu Amor Não vá Embora

Beto Barbosa

Composição: Paulo Debétio / Paulinho Rezende

Meu Amor não vá embora.

Beto Barbosa

Meu amor não vá embora não.
Fique mais uma estação.
Primavera faz verão.
No meu coração.

Primavera faz verão.
No meu coração.

Teu amor me acorrentou.
Nas correntezas d’um rio.
Me afogou e me levou.
Com seu olhar, tão macio.

Quando eu acreditei, que seria feliz.
Você vem e me diz,
Que seus olhos se vão. Oh meu Amor.
Vá embora não.

Meu amor não vá embora não.
Fique mais uma estação.
Primavera faz verão.
No meu coração.

Primavera faz verão.
No meu coração.

Me contou um beija-flor.
Que ouviu d’um vento vadio.
Que sem você minha flor.
Eu sou um vaso vazio.

Sou a sombra de mim.
Morro de solidão.
Não me parta assim.
Tenha mais compaixão. Oh meu Amor.
Vá embora não.


Meu amor não vá embora não.
Fique mais uma estação.
Primavera faz verão.
No meu coração.


13 fevereiro 2011


Homenagem do Blog: SHAPPARU

Venho por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos. Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de oito anos no máximo.

Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas. Quero acreditar que tudo é possível. Quero que as complexidades da vida passem desapercebidas por mim e quero ficar encantada com as pequenas maravilhas deste mundo.

Quero de volta uma vida simples e sem complicações. Cansei dos dias cheios de computadores que falham, montanha de papeladas, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças e necessidade de atribuir um valor monetário a tudo o que existe.

Não quero mais ter que inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento. Não quero mais ser obrigada a dizer adeus a pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida.

Quero ter a certeza de que Deus está no céu, e de que por isso, tudo está direitinho nesse mundo. Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva. Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam. Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque podemos comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.


Quero ficar feliz quando amadurecer o primeiro caju, a primeira manga ou quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas. Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os com meus amigos. Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida.

Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um jogo de bola de gude ou uma pelada. Quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a "Batatinha quando nasce..." e a "Ave Maria" e que isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia.

Quero voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar ou aborrecer. Quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia.


Quero estar convencida de que tudo isso... vale muito mais do que o dinheiro! A partir de hoje, isso é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto.

Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar... PORQUE O PEGADOR ESTÁ COMVOCÊ!!! E para sair do pegador, só tem um jeito: Demita-se você também dessa sua vida chata de adulto, . NÃO TENHA MEDO DE SER FELIZ!!!


Meru Sâmi agredeço de coração por essa linda homenagem, viu?! Que Deus continue a iluminar esse teu caminho. bjoxxxxxxxxxxxx no coração.


"OFEREÇO ESSE POST A TODAS AS PESSOAS QUE GOSTAM DESSE ESPAÇO E QUE, MESMO DISTANTES, SE FAZEM PRESENTES ATRAVÉS DOS LINDOS E SINCEROS COMENTÁRIOS".

07 fevereiro 2011


Gisberta é recordada como uma mulher belíssima, cordial e dócil
25 Fevereiro 2006

Gisberta, nascida Gilberto Salce Júnior na cidade de S. Paulo, Brasil, há 46 anos, acabou morta no fundo de um fosso malcheiroso. A "mulher belíssima, muito cuidada, profundamente feminina e dócil", que chegou a Portugal há uns 25 anos, agonizou mais de 48 horas até soltar o último bafo de vida. As notícias anunciaram a morte de um homem, mas é no feminino que a tratam as associações que privaram com o transexual e lhe prestaram auxílio: "Era uma senhora", diz Raquel Moreira, do Espaço Pessoa, que lidava com "Gis" há quase dez anos.

Umas duas semanas antes de ser violentamente agredida no parque subterrâneo que lhe servia de casa, Gisberta confidenciou a uma técnica sobre "uns miúdos que de vez em quando apareciam na obra e se metiam com ela", embora não tenha referido qualquer agressão. Aconselhada a sair, afirmou apenas: "Posso estar muito mal, mas continuo a ter a força de um homem, não vai ser por causa de uns miúdos..." Mas Gisberta há muito estava débil, fruto das maleitas do HIV e da hepatite, que a deixavam cada vez mais fragilizada.

Foi-se alterando o acompanhamento que recebeu do Espaço Pessoa ao longo dos anos. Quando aquela instituição abriu portas, em 1997, o contacto era feito através das equipas de rua, que lidam com a população que se prostitui. Gisberta, que em tempos havia feito espectáculos de transformismo em algumas casas gay portuenses, vendia o corpo na Rua de Santa Catarina. Nani Petrova, um dos travestis mais antigos da cidade, lembra mesmo que "Gis" chegou a actuar em bares míticos como o Sindikato e o Bustos, mas "não fazia do show a vida profissional, era mais prostituição".

Todos assinalam a beleza de outros tempos e a sua cordialidade: "Era uma jóia, uma pessoa muito bonita, parecia uma rapariga autêntica, maravilhosa", descreve Petrova, que a conheceu há "uns vinte anos".

Também Raquel Moreira não esquece a beleza de Gisberta, entretanto destruída pela doença e pela toxicodependência.



Gilberto Salce Júnior, ou melhor, a transsexual brasileira Gisberta foi assassinada na cidade do Porto, em Portugal, em fevereiro de 2006. Antes, durante dois dias, sofreu todo tipo de violência verbal e física, mantida sob cárcere, por um grupo de adolescentes (entre 12 e 16 anos de idade).
A "Balada de Gisberta", de Pedro Abrunhosa, restitui à personagem sua condição humana, destroçada; leva-nos, com tais informações extras, a pensar sobre as políticas públicas de segurança e respeito mútuo universais; e guarda de menores.

Cantada em primeira pessoa, a canção, com suas porções generosas de fantasia, realidade e delírio, pergunta: Qual é a participação de cada um de nós (ouvintes: tocados e chocados) neste monstruoso assassinato? O que motiva tais gestos? Corpo profanado pelas crianças-carrascos, que dizem estar "brincando", Gisberta exige resposta, ação e mudança coletiva e efetiva.

É com esta canção que Maria Bethânia fecha o primeiro ato de seu show Amor, Festa e Devoção (guardado em disco de mesmo nome, 2010). Transfigurada em Gisberta (a sem nome, sem sexo: só paixão e queda) a cantora imprime o tom mais que perfeito para marcar a saída de cena: quando perigo e encanto; alerta e convite nos envolvem.

Moradora de rua, arrastada, depois da tortura, para ser arremessada dentro de um poço d'água e morrer afogada, Gisberta é símbolo e signo de nossa condição (des)humana. Aliás, ela seria queimada viva, mas a água, ao invés do fogo, pareceu ser um final "melhor": já que o corpo afundaria, apagando para sempre a imagem de Gisberta e da "brincadeira infantil".

A água e seu mugido fez de Gisberta a sereia que não nos deixa esquecer o quão longe estamos do amor (potência sempre em desenvolvimento) coletivo. Se só o (trans)amor é real, Gisberta o chama: mesmo que ele esteja tão longe.
O amor é tão longe! Há limite para a brincadeira? Qual? O fato de Gisberta ser soropositiva e toxicodependente, como sugeriram alguns advogados? Quem matou Gisberta? A água ou as crianças?, perguntou o Ministério Público. Homicídio ou afogamento?

Importa mesmo saber? O fato é que todos (indistintamente) precisamos rever conceitos, pois, enquanto enche-se as micaretas LGBT, Gisbertas à mancheia morrem. Alguma coisa está fora da ordem faz tempo: militantes, ou não, precisam perceber isso.
"Perdi-me do nome, hoje podes chamar-me de tua", diz a Gisberta que fala na canção. Ela é uma legião: carrega na voz a multidão de marginalizados, que servem apenas para dançar em palácios, oferecer-se a mil homens, e logo depois ser descartados.

Urge responder à altura: dialogar e dizer a Gisberta que, acima dos fundamentalismos, ainda vale a pena e é possível sonhar e realizar dias melhores, sem juízos finais. Agora. Pois o céu da felicidade, de cada um e de todos, não pode esperar.



Balada de Gisberta
(Pedro Abrunhosa)

"Perdi-me do nome,
Hoje podes chamar-me de tua,
Dancei em palácios,
Hoje danço na rua.
Vesti-me de sonhos,
Hoje visto as bermas da estrada,
De que serve voltar
Quando se volta p’ró nada.

Eu não sei se um anjo me chama,
Eu não sei dos mil homens na cama
E o céu não pode esperar.
Eu não sei se a noite me leva,
Eu não ouço o meu grito na treva,
E o fim vem-me buscar.

Sambei na avenida,
No escuro fui porta-estandarte,
Apagaram-se as luzes,
É o futuro que parte.
Escrevi o desejo,
Corações que já esqueci,
Com sedas matei
E com ferros morri.

Trouxe pouco,
Levo menos,
E a distância até ao fundo é tão pequena,
No fundo, é tão pequena,
A queda.

E o amor é tão longe,
O amor é tão longe
E a dor é tão perto."

Pesquisa Feita no Sabor da Letra e No Blog do Nuti