Dos trios elétricos e cordões da Bahia,
ao frevo e fantasias de Recife e Olinda, aos sambódromos paulista e carioca:
conhecida como a maior festa popular do país, o carnaval atrai foliões de todo
o Brasil e do mundo para um "combo" de música, dança, extravagâncias
e alegria. Ao menos, é isso que a mídia mostra e a maioria dos brasileiros
prefere dar atenção.
É, sobretudo no carnaval, que o folião
se sente ainda em clima de férias e se permite extravasar toda a sua energia
antes das instituições acadêmicas funcionarem a todo vapor e o ano propriamente
começar. Onde deixa as responsabilidades de lado e vai para as ruas a fim de
curtição máxima, do prazer intenso em poucos dias.
Mais do que nunca a iniciativa privada
utiliza o espaço público, fazendo com que as classes mais altas sejam as que
realmente podem curtir a festa, os menos favorecidos economicamente ou
trabalham durante o carnaval, ou pagam o abadá ou o camarote "VIP"
doze vezes com juros ou estão do outro lado do cordão, pulando na pipoca.
Aliás, essa exclusão social fica explícita no carnaval de Salvador, por
exemplo, se refletirmos, o cordão representa uma fronteira, só participa quem
tem poder aquisitivo, quem pode pagar. Quem está dentro pode, quem não está: se
sacode.
Há que se questionar o descaso dos
meios de comunicação com os acontecimentos não vinculados ao clima
carnavalesco, do alto investimento em saúde e segurança prioritariamente nessa
época e a redução desses recursos essenciais no resto do ano, a quarta-feira de
cinzas é resultado do folião. E o que era uma festa cultural se torna uma
indústria onde os interesses econômicos prevalecem sobre os sociais.
As cinzas da quarta-feira de cinzas não
são causadas pela festa em si. Mas pelo ser humano em sua condição. A de ser
passivo e de se achar errado continuar calado. Além disso, o clima carnavalesco
é o lado animalesco do homem, o amontoado mofado que fica enrustido
hipocritamente de certa forma durante o ano por não ser socialmente aceitável,
é liberado durante o carnaval onde tudo é liberado e permitido. Seria muito
significativo se através da consciência coletiva - aproveitando o fervor das
redes sociais e o seu poder de rápida comunicação ao nosso favor - nos uníssemos
para repensar e possivelmente ajustar esses quesitos supracitados do tão
esperado feriado do ano. Afinal, não podemos deixar uma festa tão colorida se
acinzentar assim.
Aluna:Tamires Amorim
Professor: Diogo Didier
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTamires, muito boa sua redação, bem conduzida e suas reflexões transmitem maturidade e preocupação com o social. Parabéns! Beijos...
ResponderExcluir