29 abril 2011

Júlio Cavani

Projeto #eusougay faz sucesso na internet com uma campanha colaborativa

O que era para ser apenas um desabafo pessoal se transformou em uma campanha inédita, com sucesso na internet e envolvimento de artistas famosos. Diante do aumento de 30% nos índices de violência contra homossexuais no Brasil e após a indignação com a morte de Adriele Camacho de Almeida - jovem de 16 anos que foi assassinada por parentes da namorada, no interior de Goiás -, a jornalista pernambucana Carol Almeida, 32 anos, que mora em São Paulo, criou um blog colaborativo (http://projetoeusougay.wordpress.com)que praticamente já representa uma nova mobilização nacional em nome da paz. A proposta é simples: Quem quiser participar deve enviar por e-mail uma foto de si mesmo com um cartaz, folha de papel, placa ou qualquer letreiro com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY.

As fotos serão editadas e montadas em um vídeo que depois circulará na internet e por festivais, debates, seminários, festas e nos mais diversos tipos de encontros. A discussão, segundo Carol, não se restringe à violência contra homossexuais, pois vai além e trata de compaixão, fim dos sentimentos de ódio e respeito ao próximo, em nome de um mundo melhor. Um dos diferenciais da campanha é justamente seu caráter espontâneo, sem o envolvimento direto de organizações não-governamentais (ONGs) ou instituições.

Adesão

Entre as celebridades que já participaram estão a apresentadora de TV Sarah Oliveira, que postou um vídeo no blog, e o grupo Cansei de Ser Sexy (banda brasileira de maior sucesso internacional atualmente). Uma grávida também mandou uma foto, assim como um casal (homem e mulher) aos beijos e até um cachorro poodle. A frase é escrita com as palavras coladas e antecedida pelo sinal # para ser utilizada como hashtag (mecanismo facilitador de buscas) no Twitter. O e-mail para envio é: projetoeusougay@gmail.com.


entrevista >> Carol Almeida

“Rosto à indignação”

Quais são os diferenciais dessa campanha em relação a outras?
Acho que a diferença primordial é que toda essa ideia não surgiu exatamente como uma campanha. Surgiu como um desabafo. O legal dela é que, pela primeira vez, estou vendo pessoas dando rosto à sua indignação quanto ao ódio contra tudo e contra todos que hoje é facilmente cultivado como discurso coletivo.

Alguns comentários postados no blog questionam a campanha por diferenciar os homossexuais do resto da sociedade. Por que você acha importante essa ênfase diferenciadora?
Absolutamente todos nós, se formos buscar uma identidade que nos defina, somos diferentes um do outro. Se digo, por exemplo, que sou brasileira, isso significa que existem várias outras pessoas não-brasileiras no mundo. O único atributo que nos faz iguais é sermos, todos, humanos. Quero buscar na saliência das nossas diferenças essa nossa exclusiva igualdade, a de sermos humanos e, como tais, fraternos. Fraternidade que, não por um acaso, está no primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Apesar desses crimes, você acha que a sociedade brasileira tem evoluído na questão do respeito às diferenças sexuais?
A evolução em relação à tolerância da orientação sexual existe, mas anda a passos ainda muito curtos no Brasil. Além de conseguir leis que defendam os direitos dessas pessoas, é preciso haver um trabalho de educação no país sobre o assunto, em escolas, no trabalho e, claro, nas famílias.
Na Alemanha há pelo menos dois importantes políticos que são gays assumidos: o prefeito de Berlim e o ministro das relações exteriores. Você acha que o Brasil estaria preparado para algo assim?

Na Alemanha, já que você citou este exemplo, o casamento gay, que é apenas um dos direitos civis que podem ser conquistados pelso gays, é permitido desde 2001. Dez anos depois, no Brasil, ainda não temos uma lei que puna a homofobia. Há uma distância entre nós, mas acredito que com o apoio de alguns deputados que estão agora empenhados em resolver essas questões, rapidamente o país pode chegar a ter uma representação política mais plural em cargos não apenas do legislativo, mas do executivo.

Você acha que o povo brasileiro é, em geral, preconceituoso contra homossexuais?
Acho que o povo brasileiro, possivelmente, ainda tem menos acesso a informações e educação que outras sociedades. E ignorância costuma gerar opiniões confusas. A campanha é uma resposta ao ódio na sociedade, não a algum grupo específico.


Ranking de homicídios

Segundo Rhemo Guedes, coordenador do Centro Estadual de Combate à Homofobia e membro da ONG recifense Leões do Norte, o estado de Pernambuco liderava o ranking de homicídios cometidos contra homossexuais. Mas, no último ano, conforme dados coletados pelo GGB (Grupo Gay da Bahia), reduziu esses índices e agora ocupa a sexta posição. Contudo, ainda existem muitos casos de homofobia subnotificados. “Isso quer dizer que não são divulgados, mas que estão presentes na família, escola, trabalho, na academia, entre outros, uma vez que vivemos numa sociedade que costumeiramente ignora a possibilidade de ser homossexual, oprimindo homens e mulheres a um padrão heteronormativo”.

Para Rhemo, a campanha #eusougay, de uma maneira descontraída, fomenta o debate sobre a livre orientação afetivo-sexual, estimulando, especialmente jovens, a aceitarem sua homossexualidade. “É importante destacar que o meio utilizado – a internet – favorece ainda mais essa troca instantânea de mensagens afirmativas sobre a possibilidade de ser gay e contra o preconceito”.

“Em Pernambuco, as discussões sobre a homofobia avançaram muito, sobretudo na Região Metropolitana do Recife”, esclarece Rhemo. “Na capital, desde de 2002, há uma lei municipal (16.780/2002), de autoria do ex-vereador Isaltino Nascimento, que pune a discriminação por orientação afetivo-sexual”, destaca.

Fonte: Diario de Pernambuco

Aline Moura

Punições podem ser advertência, multas de até R$ 50 mil e interdição do estabelecimento

Um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa deve abrir um novo debate sobre o preconceito no estado. A matéria é de autoria do deputado estadual Oscar Barreto (PT) e determina sanções para “pessoa jurídica” que discrimine alguém por conta de “deficiência, orientação sexual, religião, origem, raça, sexo, cor e idade”. Se o texto for aprovado, as medidas punitivas podem atingir associações, cooperativas, empresas ou igrejas. A proposta estabelece várias penas, como advertência, multas de até R$ 50 mil e interdição do estabelecimento.

De antemão, o projeto tem apoio do líder do governo, Waldemar Borges (PSB), e do líder da oposição, Antônio Moraes (PSDB). Mas ambos não devem “fechar questão” sobre o assunto. Isso significa, na avaliação de Borges e de Moraes, que cada deputado será liberado para votar de acordo com seus valores caso a proposta chegue ao plenário.

A matéria começou a tramitar em quatro comissões temáticas da Assembleia Legislativa e promete causar polêmica. O texto não cita claramente o nome “igrejas”, mas como prevê sanções para “pessoa jurídica de direito privado”, no artigo 3º, deve chamar a atenção de evangélicos e católicos. Dependendo da interpretação, o projeto atinge diretamente padres e pastores que pregam contra a homossexualidade ou religiões que são minoria, como o Espiritismo e o Candomblé.

No ano passado, a disputa presidencial terminou sendo pautada por questões religiosas e foi um dos motivos para a então candidata Dilma Rousseff (PT) não vencer no primeiro turno. “Eu sou contra discriminação de qualquer tipo, sou pessoalmente a favor da matéria, mas isso não é uma questão de governo. Não é o caso de ‘fechar questão’, mas de tentar convencer as pessoas”, declarou Borges. “A princípio, vou votar a favor do projeto porque ele é abrangente e trata do preconceito, mas não posso falar em nome da bancada”, acrescentou Moraes.

Oscar Barreto garantiu que a proposta não é direcionada a um público específico. Ele entende, no entanto, que irá beneficiar especialmente as pessoas mais velhas que procuram emprego, além de simpatizantes das religiões afrodescendentes e o movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Segundo Oscar, a matéria considera discriminação, por exemplo, demissão por preconceito, proibição ou dificuldade de acesso a um estabelecimento público ou privado. Entre outros pontos, o texto ainda diz a “pessoa jurídica” pode sofrer punições por conta de posturas dos proprietários, prepostos ou empregados no efetivo exercício de suas atividades profissionais.

Saiba mais
Desafios do movimento LGBT

O artigo 5º da Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Mas o movimento LBGT luta no Congresso Nacional por uma lei mais objetiva, que trate especificamente do assunto e criminalize a homofobia.

No Congresso, o projeto que mais interessa ao segmento LGBT é o PLC 122/2006. Ele criminaliza a homofobia, mas gera uma polêmica grande entre católicos e evangélicos. Muitas igrejas consideram que esta será a “Lei da Mordaça”.

Existe uma lei no Recife, aprovada na gestão do então prefeito João Paulo (PT), ainda em 2002,
que proíbe qualquer discriminação ao cidadão com base em sua orientação sexual. Mas a ONG Leões do Norte diz que ainda não há órgão específico para colher as denúncias.

O projeto de lei 189/2011 deve provocar nova polêmica nas igrejas do estado, especialmente por ter sido proposto por um deputado do PT. No ano passado, o partido virou
alvo de movimentos mais conservadores.

Na última eleição, as denominações evangélicas mostraram força, elegendo dois deputados estaduais mais votados de Pernambuco, o pastor Cleiton Collins (PSC) e o presbítero Adalto (PSB), respectivamente com 137,1 mil e 120,1 mil votos.

Fonte: ONG Leões do Norte

A prática preocupa

Presidente da ONG Leões do Norte, que representa o maior movimento LGBT no estado, Manoela Alves recebeu a notícia sobre o novo projeto de lei do deputado estadual Oscar Barreto (PT) com cautela. Segundo ela, o Recife já tem uma lei que trata especificamente da homofobia, a de nº 16.780/ 2002, mas a norma não funciona na prática. Ela explica, por exemplo, que a prefeitura ainda não deixou claro qual é o órgão que recebe as denúncias e aplica as sanções por discriminação contra os homossexuais. Manoela Alves explicou que o maior constrangimento aos casais homoafetivos acontece em espaços comerciais, como bares e restaurantes.

“O projeto é um ganho, mas o que me preocupa é a aplicabilidade. Um casal homoafetivo de mulheres foi nos procurar recentemente porque sofreu discriminação num restaurante na Boa Vista, no Centro do Recife, mas as duas terminaram indo a um juizado especial”, declarou. “Queremos discutir o novo projeto, porque a lei não pode ser apenas mais uma, para constar… É preciso deixar claro qual o órgão vai ser responsável”, pontuou.

Segundo Oscar Barreto, a regulamentação do projeto será feita pelo governo estadual, caso ele passe na Assembleia. Ele frisou que os valores pecuniários recolhidos no caso de multas que variam de R$ 3 mil a R$ 50 mil serão integralmente destinados ao Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos e empregados em campanhas voltadas para garantia dos direitos. (A.M.)

Extraído do Diario de Pernambuco

27 abril 2011


Seu Nome

Luiza Possi

Composição : Vander Lee

Quando essa boca disser o seu nome, venha voando
Mesmo que a boca só diga seu nome de vez em quando
(repete)

Posso enxergar no seu rosto um dia tão claro e luminoso
Quero provar desse gosto ainda tão raro e misterioso do amor...

Refrão:
Quero que você me dê o que tiver de bom pra dar
Ficar junto de você é como ouvir o som do mar
Se você não vem me amar é maré cheia, amor
Ter você é ver o sol deitado na areia
(repete)

Quando quiser entrar e encontrar o trinco trancado
Saiba que meu coração é um barraco de zinco todo cuidado
(repete)

Não traga a tempestade depois que o sol se pôr
Nem venha com piedade porque piedade não é amor
(repete)

Refrão 2x

Em pronunciamento no Plenário do Senado na tarde desta terça-feira (26), a senadora Marta Suplicy (PT-SP) lamentou a frequência com que pessoas pertencentes à população LGBT vêm sendo agredidas no Brasil. De acordo com Marta, esses atos explicitam “a condição de violência na qual está exposta a parcela da população que decidiu por outra forma de amar diferente da predominante”.

A senadora lembrou que, só em 2010, o fato de amar um igual levou à morte duzentas e sessenta pessoas em todo o Brasil. “Isso comprova que, para além do preconceito e a discriminação no meio familiar e social, as humilhações e os xingamentos, a população LGBT vive em estado de medo da morte”, disse Marta.

Em seu pronunciamento, a senadora lembrou recentes casos de violência que chamaram a atenção pelo requinte de crueldade com que foram praticados. Em dois deles, ocorridos em Itarumã (GO) e Campina Grande (PB), as vítimas foram assassinadas. “Esses não podem ser considerados crimes comuns. Existem, segundo relatos da polícia, certas características próprias de crime de homofobia”, explicou.

Marta lembrou que o Brasil deve unir todos os esforços para evitar retrocessos aos direitos humanos. “O combate à homofobia e a outras formas de discriminação se fará com a aprovação de novos marcos legais, dentre eles o PLC 122/2006, que tramita nesta Casa”, disse, referindo-se ao projeto que criminaliza a homofobia, do qual é relatora no Senado. Para a senadora, além de aprovar o projeto é preciso associar à luta contra a homofobia outros valores, como a tolerância e o acatamento à dignidade das pessoas. “O Parlamento Brasileiro precisa fazer sua parte, pois longe dos cuidados e da proteção do Estado não há cidadania que seja plena, tampouco democracia que sobreviva”, finalizou.
Você é louca!” “É tão inteligente, sempre gostou de estudar, por que desperdiçar tudo com essa carreira?” Ligia Reis (foto a dir.), de 23 anos, ouviu essas e outras exclamações quando decidiu prestar vestibular para Letras, alimentada pela ideia de se tornar professora na Educação Básica. Nas conversas com colegas mais velhos de estágio, no curso de História, Isaías de Carvalho, de 29 anos, também era recebido com comentários jocosos. “Vai ser professor? Que coragem!” Estudante de um colégio de classe média alta em São Paulo, Ana Sordi (foto a esq.), de 18 anos, foi a única estudante de seu ano a prestar vestibular para Pedagogia. E também ouviu: “Você vai ser pobre, não vai ter dinheiro”. Apesar das críticas, conselhos e reclamações, Ligia, Isaías e Ana não desistiram. No quinto ano de Letras na USP, Ligia hoje trabalha como professora substituta em uma escola pública de São Paulo. Formado em História pela Unesp e no quarto ano de Pedagogia, Isaías é professor na rede estadual na cidade de São Paulo. No segundo ano de Pedagogia na USP, Ana acompanha duas vezes por semana os alunos do segundo ano na Escola Viva.

Quando os três falam da profissão, é com entusiasmo. Pelo que indicam as estatísticas, Ligia, Isaías e Ana fazem parte de uma minoria. Historicamente pressionados por salários baixos, condições adversas de trabalho e sem um plano de carreira efetivo, cursos de Pedagogia e Licenciatura – como Português ou Matemática – são cada vez menos procurados por jovens recém-saídos do Ensino Médio. Em sete anos, nos cursos de formação em Educação Básica, o núsmero de matriculados caiu 58%, ao passar de 101.276 para 42.441.

Atrair novas gerações para a carreira de professor está se firmando como um dos maiores desafios a ser enfrentado pela Educação no Brasil. Não por acaso, a valorização do educador é uma das principais metas do novo Plano Nacional de Educação. Uma olhadela na história da educação mostra que não é de hoje que a figura do professor é institucionalmente desvalorizada. “Há textos de governadores de província do século XIX que já falavam que ia ser professor aquele que não sabia ser outra coisa”, explica Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas, coordenadora da pesquisa Professores do Brasil: Impasses e desafios. No entanto, entre as décadas de 1930 e 1950, a figura do professor passou a ter um valor social maior. Tal perspectiva, porém, modificou-se novamente a partir da expansão do sistema de ensino no Brasil, que deixou de atender apenas a elite e passou a buscar uma universalização da educação. Desordenada, a expansão acabou aligeirando a formação do professor, recrutando muitos docentes leigos e achatando brutalmente os salários da categoria como um todo.

Raio X
Encomendada pela Unesco, a pesquisa Professores do Brasil: Impasses e desafios revelou que, em geral, o jovem que procura a carreira de professor hoje no Brasil é oriundo das classes mais baixas e fez sua formação na escolas públicas. Segundo dados do questionário socioeconômico do Enade de 2005, 68,4% dos estudantes de Pedagogia e de Licenciatura cursaram todo o Ensino Médio no setor público. “De um lado, você tem uma -implicação muito boa. São jovens que estão procurando ascensão social num projeto de vida e numa profissão que exige uma formação superior. Então, eles vêm com uma motivação muito grande.”

É o caso de Fernando Cardoso, de 26 anos. Professor auxiliar do quinto ano do Ensino Fundamental da Escola Viva, Fernando é a primeira pessoa de sua família a completar o Ensino Superior. Sua primeira graduação, em Educação Física, foi bastante comemorada pela família de Mogi-Guaçu, interior de São Paulo. O mesmo aconteceu quando ele resolveu cursar a segunda faculdade, de Pedagogia.

Entretanto, pondera Bernardete, grande parte desse contingente também chega ao Ensino Superior com certa “defasagem” em sua formação. A pesquisadora cita os exemplos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que revela resultados muito baixos, especialmente no que diz respeito ao domínio de Língua Portuguesa. “Então, estamos recebendo nas licenciaturas candidatos que podem ter dificuldades de linguagem e compreensão de leitura.”

Segundo Bernardete, esse é um efeito duradouro, uma vez que a universidade, de forma geral, não consegue suprir essas deficiências. Para Isaías Carvalho, esta é uma visão elitista. “Muitos professores capacitados ingressam nas escolas e estão mudando essa realidade. Esse discurso acaba jogando toda a culpa nos professores”, reclama.

Desde 2006, Isaías Carvalho trabalha como professor do Ensino Fundamental II e Ensino Médio em uma escola estadual em São Paulo. Oriundo de formação em escolas públicas, Isaías também é formado pelo Senai e chegou a trabalhar como técnico em refrigeração. Só conseguiu passar pelo “gargalo do vestibular” por causa do esforço de alguns professores da escola em que estudava na Vila Prudente, zona leste de São Paulo. Voluntariamente, os professores davam aulas de reforço pré-vestibular de graça para os alunos, nos fins de semana. “Os alunos se organizavam para comprar as apostilas”, lembra. Foi durante uma participação como assistente de um professor na escola de japonês em que estudava que Antônio Marcos Bueno, de 21 anos, resolveu tornar-se professor. “Um sentimento único me tocou”, exclama. Em busca do objetivo, saiu de Manaus, onde morava, e mudou-se para São Paulo. Depois de quase dois anos de cursinho pré-vestibular, Antônio Marcos está prestes a se mudar para a cidade de Assis, no interior do Estado, onde vai cursar Letras, com habilitação em japonês.

Entretanto, essa visão enraizada na cultura brasileira de que ser professor é uma missão ou vocação – e não uma profissão – acaba contribuindo para a desvalorização do profissional. “Socialmente, a representação do professor não é a de um profissional. É a de um cuidador, quase um sacerdote, que faz seu trabalho por amor. Claro que todo mundo tem de ter amor, mas é preciso aliar isso a uma competência específica para a função, ou seja, uma profissionalização”, resume Bernardete.

Contra a corrente
Ainda assim, o idealismo e a vontade de mudar o mundo ainda permanecem como fortes componentes na hora de optar pelo magistério. Anderson Mizael, de 32 anos, teve uma trajetória diferente da maioria dos seus colegas da PUC-SP. Criado na periferia de São Paulo, Anderson sempre estudou em escolas públicas. Adulto, trabalhou durante cinco anos como designer gráfico antes de resolver voltar a estudar. Bolsista do ProUni, que ajuda a financiar a mensalidade,

Anderson é um dos poucos do curso de Letras que almejam a posição de professor de Literatura. “Eu tenho esse lado social da profissão. O ensino público está precisando de bons professores, de gente nova”, explica ele, que acaba de conseguir o primeiro estágio em sala de aula, em uma escola no Campo Limpo, zona sul da capital. Ana, que hoje trabalha em uma escola de elite, sonha em dar aula na rede pública. “São os que mais precisam.” “Eu sempre quis ser professora, desde criança”, arremata Ligia.

A empolgação é atenuada pela realidade da escola – com as já conhecidas salas lotadas, falta de material e muita burocracia. Ligia Reis reclama. “Cheguei, ganhei um apagador e só. Não existe nenhum roteiro, nenhum amparo”, conta. “Às vezes, você é um ótimo professor, tem várias ideias, mas a escola não ajuda em nada”, desabafa. Ligia também conta que, para grande parte de seus colegas de graduação, dar aula é a última opção. “A maioria quer ser tradutor ou trabalhar em editoras. É um quadro muito triste.”

Como constatou Ligia, de forma geral, jovens oriundos de classes mais favorecidas, teoricamente com uma formação mais sólida e maior bagagem cultural, acabam procurando outros mercados na hora de escolher uma profissão. “Eles procuram carreiras que oferecem perspectivas de progresso mais visíveis, mais palpáveis”, explica Bernardete. Um dos motivos que os jovens dizem ter para não escolher a profissão de professor é que eles não veem estímulo no magistério e os salários são muito baixos, em relação a outras carreiras possíveis. “Meu avô disse para eu prestar Farmácia, que estava na moda”, lembra Ana.

A busca pela valorização da carreira de professor passa também, mas não somente, por políticas de aumento salarial. Além de pagar mais, é preciso que o magistério tenha uma formação mais sólida e, principalmente, um plano de carreira efetivo. “Um plano em que o professor sinta que pode progredir salarialmente, a partir de alguns quesitos. Mas que ele, com essa dedicação, possa vir a ter uma recompensa salarial forte”, conclui a pesquisadora.

Anderson, Ligia, Ana, Isaías, Antônio e Fernando torcem para que essa perspectiva se torne realidade. “Eu acho que, felizmente, as pessoas estão começando a tomar consciência do papel do professor. É uma profissão que, no futuro, vai ser valorizada”, torce Anderson. “É uma profissão, pessoalmente, muito gratificante.” “Às vezes, eu chego à escola morta de cansaço, mas lá esqueço tudo. É muito gostoso”, conta Ana.
"Ou os estudantes se identificam com o destino 
do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se 
dissociam do seu povo, e nesse caso, 
serão aliados daqueles que exploram o povo."
 (Florestan Fernandes)

26 abril 2011

Resumo do Livro



Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rasheed, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Mas as pessoas não controlam seu destino.

Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz - 'Você pode ser tudo o que quiser'. Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos.

Confrontadas pela História, o que parecia impossível acontece - Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. E a partir desse momento, embora a História continue a decidir os destinos, uma outra história começa a ser contada, aquela que ensina que todos nós fazemos parte do 'todo humano', somos iguais na diferença, com nossos pensamentos, sentimentos e mistérios.




Podia ser o horário que fosse. Se Caio Fernando Abreu sentasse à frente de sua máquina para escrever, acendia antes uma vela para Virginia Woolf, ao lado do retrato que mantinha da escritora inglesa na cabeceira da cama. Depois, mil laudas em branco, um cigarro atrás do outro, música e café com conhaque eram suficientes para o escritor, jornalista e dramaturgo cumprir o único dos ofícios que dizia saber. Criar era, para ele, “sangrar a-bun-dan-te-men-te. Porque dói, dói, dói. É de uma solidão assustadora”, como escreveu certa vez a um amigo.

Mas, com as palavras no papel, Caio era mais ele. Bastava uma noite para desprender os sentimentos díspares e a sensação de não pertencer a lugar algum. “Não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?”, destilava ele. Tão perceptível hoje, passados quinze anos de sua morte– em decorrência de complicações causadas pelo vírus da aids –, como desde os primeiros textos escritos aos 6 anos de idade em sua cidade natal, Santiago do Boqueirão, no interior do Rio Grande do Sul. Virginiano de 12 de setembro de 1948, era o primogênito do casal Nair e Zael Abreu, respectivamente educadora – com formação em história e pedagogia – e militar.

Ainda jovem, com 15 anos, mudou-se para a capital gaúcha para cursar o colegial no internato Instituto Porto Alegre. Pouco depois, ingressou em Letras e em Artes Cênicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas não concluiu nenhum dos cursos. Acontece que, com 20 anos, atendeu ao primeiro dos muitos chamados que norteariam sua vida: após ser selecionado em um concurso nacional, embarcou para São Paulo para integrar a primeira redação da revista Veja. Era o ano de 1969.

Nos dois anos seguintes, publicou o primeiro livro de contos, Inventário do irremediável, passou pelas redações das revistas Manchete, Pais e Filhos e do jornal Zero Hora, além de preencher as prateleiras com a segunda obra: o romance Limite branco.

ALMA INADEQUADA
“Caio tinha vocação para a tristeza”, atesta a jornalista Paula Dip, que conheceu o escritor em 1979 quando trabalharam juntos em uma editora paulista. “Como todas as vocações, é difícil dizer de onde veio a dele. Acho que um pouco estava no DNA da nossa geração, mas também acredito numa espécie de sopro divino”, diz ela, que em 2009 lançou Para sempre teu, Caio F. Na obra, ela destrincha a relação de muitos anos com o escritor, que, reciprocamente lhe dedicou contos, correspondências e peças literárias.

Paula conta que Caio sempre se sentiu diferente e excluído, sentimentos que o arrebatavam e o intimavam a aprender a conviver com sua bipolaridade, quando tal distúrbio nem era assim conhecido. Todavia, o impelia a diversas crises depressivas, que o faziam beirar o suicídio.

A inadequação ao mundo de Caio Fernando Abreu, de alma cigana, se traduzia também em um constante mudar de casas, cidades, estados e países. Em 1973, por exemplo, embarcou para um autoexílio pela Europa. Passou por Paris, lavou pratos em Estocolmo e tomou o rumo de Londres, onde viveu como hippie e chegou a trabalhar até como modelo vivo. Ali, o “escritor da paixão”, como a ele se referia Lygia Fagundes Telles, respirava as últimas baforadas e viagens psicodélicas do movimento Flower Power antes de voltar ao Brasil e preparar os futuros O ovo apunhalado (1975) e Pedras de Calcutá (1977).

MULTIFACETADO
Conhecer Caio Fernando Abreu era estar diante de um homem sem igual, como afirmam aqueles que se honram com o título de seus amigos. “Ele era intenso, superlativo, passional, amoroso, irônico, profundo, culto, inteligente, denso e de uma extrema sensibilidade”, relata o ator Marcos Breda, que conheceu o escritor em fevereiro de 1986.

Ser humano multifacetado, Caio era vegetariano macrobiótico, embora, às vezes, se fartasse em uma boa churrascada ou com uma porção de camarões. Era católico de batismo e de primeira comunhão, cresceu rosacruz, consultou videntes e cartomantes, foi budista, kardecista, frequentava terreiros de candomblé, experimentou a Ayhuasca, lia Krishnamurti, acreditava em óvnis e estudou astrologia por mais de trinta anos.

Esse mesmo homem era também briguento e ciumento. Adorava as noites do Ritz e do Espaço Pirandello, em São Paulo. Assim como mergulhava em festas intensas, regadas a drogas e boa música, e fazia sexo com toda a liberdade defendida por sua geração.

ÍCONE DE SEU TEMPO
Quando o sonho da contracultura acabou, na década de 1980, Caio estava ali, com o fardo que carregou durante anos. A aids era a realidade que levou embora boa parte de seus amigos e namorados. A dor da perda, entretanto, não o intimidou. Jornalisticamente, continuou a escrever reportagens e crônicas para veículos como O Estado de S. Paulo, enquanto ia firmando seu nome entre os maiores na literatura, especialmente com o que é, até hoje, seu maior sucesso editorial: Morangos mofados (1982). Também faturou o prêmio Jabuti três vezes com o Triângulo das águas (1984), Os dragões não conhecem o paraíso (1988) e com o que ele intitulou como “pré-póstumo”, Ovelhas negras (1996).

“Sua obra, especialmente nos contos, aborda os personagens de um modo peculiar: eles estão sempre um pouco fora de foco. Quer dizer, nunca se sabe se são aquilo que dizem ser, pois pensam atropeladamente e têm muitas incertezas, talvez por serem um tanto assustados. E esse é o segredo da obra do Caio: seu estilo é o estilo dos seus personagens”, destaca o escritor e amigo João Silvério Trevisan, que conheceu Caio em 1976.

Outro profundo conhecedor da produção do autor gaúcho é o poeta, editor e professor de literatura da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Italo Moriconi, responsável por publicar em 2002 o livro Caio Fernando Abreu – Cartas (esgotado).

“Eu diria que a sensibilidade e a delicadeza são as características mais fortes de seus escritos, mesmo quando trabalham textos pesados. E as suas cartas nos mostram como pode ser intenso o cotidiano banal. Elas revelam para o mundo suas angústias, ansiedades e, às vezes, um pouco de tédio também”, afirma.

PAIXÃO A-LI-MEN-TO
Na última década de vida, os anos 1990, Caio conhecia os louros do sucesso, embora não tenha guardado nenhum dinheiro ou adquirido posses. Preocupava-se, como sempre, em escrever. E assim lançou seu livro de maior repercussão internacional: o romance Onde andará Dulce Veiga?

Somente em 1994, já com alguns problemas de saúde, ele aceitou fazer o exame que lhe confirmou ser portador do HIV desde 1985. Diante da certeza da morte, que o levaria em 25 de fevereiro de 1998, o escritor decidiu viver mais. “Ele voltou para a casa dos pais no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Também não reclamava mais da vida. Ficou em paz consigo mesmo, aceitou o pouco que lhe restava e trabalhava furiosamente em sua obra”, revela Paula Dip.

A maior dor, contudo, foi, talvez, a ausência do amor definitivo. “Caio se alimentava de paixão. Mas, por ser mais atento e sensível que a maioria, não suportava relações mornas: assim que percebia a fugacidade da paixã, quebrava tudo, ia embora, se decepcionava, sofria. Ele mesmo dizia que, se encontrasse um amor duradouro, talvez parasse de escrever”, conta ela.

Talvez também por isso Caio tenha dito, certa vez, que a epígrafe, a síntese e “quem sabe epitáfio” de tudo o que produziu seria a frase que até hoje pode ser lida na fachada da casa número 19 do Quai de Bourbon, em Paris: “Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta”. Foi escrita pela escultora Camille Claudel para seu mestre e amante, Auguste Rodin, em 1886. ©

Fonte: Revista da Cultura

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles


Metade

Adriana Calcanhotto

Composição : Adriana Calcanhoto

Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim...

Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será
Que você está agora?...(2x)

Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim...

Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será
Que você está agora?...(2x)

O espiritismo está se tornando um subgênero no cinema brasileiro, e de grande sucesso comercial: Bezerra de Menezes – O Diário de Um Espírito (de Glauber Filho e Joe Pimentel) chamou a atenção do público em 2008 e deu início à produção de diversas obras que homenagearam o centenário de Chico Xavier, caso de E a Vida Continua, de Paulo Figueiredo, baseado no livro homônimo do médium, e do documentário As Cartas Psicografadas de Chico Xavier, de Cristiana Grumbach, sobre as famílias que buscaram a ajuda do espírita após a perda de entes queridos.

Mas foi o filme Chico Xavier e a megaprodução Nosso Lar que alcançaram marcas recordes de bilheteria e confirmaram a força do gênero: a cinebiografia dirigida por Daniel Filho registrou R$ 6,2 milhões só no final de semana de estreia e a adaptação de Nosso Lar (de Wagner de Assis, baseada num dos livros mais conhecidos do médium mineiro) ultrapassou a marca de 4 milhões de espectadores. As Mães de Chico Xavier encerra as homenagens e deve repetir o êxito na bilheteria, já que traz as características de seus antecessores, a começar pelo ator Nelson Xavier, que volta a interpretar o famoso médium, desta vez com idade mais avançada do que no filme anterior (os próprios produtores consideram este longa a conclusão de uma trilogia sobre Chico).

Dirigido por Glauber Filho e Halder Gomes, e baseado no livro Por Trás do Véu de Ísis, do jornalista Marcel Souto Maior, o filme centra-se na vida de três mães que buscam nas palavras do célebre médium o conforto da perda de entes queridos. E o elenco não decepciona: Via Negromonte utiliza-se do silêncio para mostrar a dor que sente com o péssimo relacionamento com seu filho, dependente químico; Vanessa Gerbelli segura as pontas no papel da mulher ignorada pelo marido e que precisa se erguer após a morte do pequeno filho; e Tainá Müller, que vem conquistando seu espaço desde Cão Sem Dono e Tropa de Elite 2, interpreta uma jovem professora em crise com sua gravidez não planejada.

Apesar de a produção negar ser este um filme doutrinário, fica evidente a vontade de oficializar a autenticidade do espiritismo, utilizando-se como condutor o jornalista interpretado por Caio Blat, que, se é cético e tira sarro das imagens de Chico Xavier quando recebe a proposta de fazer uma reportagem sobre o médium, torna-se um defensor e divulgador da religião de Allan Kardec ao longo da projeção. Quando o jornalista pergunta ao seu chefe qual a versão ele deve buscar em sua reportagem, a resposta é enfática: “A verdade”.

A linguagem de novela é o maior problema de As Mães de Chico Xavier. É evidente que seu público-alvo é adulto e não espera uma narrativa muito diferente do que está acostumado a ver na TV, mas seu desenvolvimento é lento e pode incomodar. Nosso Lar trazia os efeitos especiais como chamariz e Chico Xavier tinha uma montagem interessante, com flashback e suspense. Já o filme de Glauber Filho e Halder Gomes deixa apenas para o último ato os acontecimentos, forçando o espectador a esperar por algo que ele já sabe que vai acontecer desde o começo do filme.

Enquanto isso, alternam-se diversas imagens de nuvens – que remetem ao Paraíso –, e trilha musical típica das telenovelas globais (que também trazem o espiritismo nas entrelinhas e subtramas). A mensagem antiaborto no final reforça a posição doutrinária, no entanto é coerente com a trama. Agora, o “momento” Ghost – Do Outro Lado da Vida, após uma cena de acidente de ônibus, é totalmente desnecessária e já está bem batida no cinema.

Por: Leonardo Vinícius



As Mães de Chico Xavier – 108 min
Brasil – 2011
Direção: Glauber Filho, Halder Gomes
Roteiro: Glauber Filho, Emmanuel Nogueira – Baseado no livro Por Trás do Véu de Ísis, de Marcel Souto Maior
Com: Nelson Xavier, Herson Capri, Caio Blat, Via Negromonte, Tainá Muller, Vanessa Gerbelli, Gustavo Falcão
Estreia: 01 de abril.

Visto no: Blog Tricotei

As pessoas sempre me perguntam se os gays que se libertaram das amarras ou do famoso armário e tem orgulho de sua sexualidade conseguem viver grandes histórias de amor mais fácil.

Engana-se quem acha que a lei da atração ( Você atrai aquilo que pensa ) age facilmente nesse caso. Num conto de fadas tradicional, temos a figura da princesa frágil, indefesa que busca um homem que a proteja e lhe dê filhos. E quando acontece com dois principes? Submissão é algo que cada dia se torna mais raro nos dias de hoje. Foi-se o tempo em que, se sentava e esperava aquele lindo homem e seu cavalo branco. Temos nesse contexto dois homens que desempenham um mesmo papel. Ter um relacionamento está complicado para todos, principalmente para os bem resolvidos sexualmente, já que atingir esse estágio não é fácil e a maioria passa longe desse nível.

Você está bem consigo mesmo, tem aqueles amigos maravilhosos. Um emprego que não é o dos seus sonhos mas, a grana é boa. Seu último relacionamento lhe ensinou uma ótima lição “amor-próprio” e você está a seguindo diariamente mas, falta algo. Você sente que está na hora de sentir aquelas malditas borboletas fervilhando seu estômago de novo. E você passa a sair, se arruma como se fosse sua última noite, conhece um, conhece outro mas, ainda não bateu aquela química de seriado americano. Então você começa a xingar seu ex., dizer que foi praga e a pensar que não nasceu para amar ou que não existe ninguém a sua altura (a lição amor própria volta a sua mente). Dai quando você menos espera, no dia que você acordou com pressa e pegou a primeira roupa que viu e foi trabalhar (Cuidado para não se fantasiarem antes do Halloween ) você dá de cara com ele: Lindo, educado e seu número.

Vocês têm o primeiro, segundo....sétimo encontro e está tudo as mil maravilhas. Finalmente encontrou seu príncipe. Suas amigas morreriam para estar no seu lugar. Só que de repente você passa a notar que seu príncipe mudou: apelidos sumiram, depois do sexo vira e dorme, isso quando não acaba logo com aquilo para ver futebol ou luta na TV. Quando vocês conseguem conversar e pede para ele lhe apresentar a família e amigos, o discurso é o mesmo de sempre : “Minha família não sabe de mim”. E Você passa a se questionar o porquê agüenta toda aquela situação. Seria carência? Paixão? E percebe que sim você está vivendo um conto de fadas e encarnou perfeitamente o papel das submissas princesas Disney e não tem quem te liberte já que o seu salvador na verdade é o grande vilão.

Lembra da lição que você aprendeu no último relacionamento? Use-a! Dê adeus aos príncipes e aprenda que além do arco-íris não tem pote de ouro, muito menos príncipe encantado. E agradeça por ter escrito o fim desse conto de fadas ao seu modo.

Quer saber um segredo? O meu príncipe me trocou pelo cavalo branco, porque não falava tanto e tinha mais dotes.



25 abril 2011

Disco 1
1. A Distância - Milionário & José Rico
2. Proposta - César Menotti & Fabiano
3. As Curvas da Estrada de Santos - Nalva Aguiar
4. Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo - Gian & Giovani
5. Alô - Martinha
6. Desabafo - Bruno & Marrone Desabafo - Bruno & Marrone
7. Caminhoneiro - Dominguinhos & Paula Fernandes
8. Todas as Manhãs - Sérgio Reis
9. O Quintal do Vizinho - Almir Sater
10. Esqueça (Forget Him) - Elba Ramalho

Disco 2
1. Jesus Cristo - Victor & Leo
2. Eu Disse Adeus - Roberta Miranda
3. O Portão - Zezé Di Camargo & Luciano
4. Quando - Zezé Di Camargo & Luciano e Daniel
5. Do Fundo do Meu Coração - Daniel
6. Sentado à Beira do Caminho - Rionegro & Solimões
7. Por Amor - Leonardo
8. Eu Preciso de Você - Chitãozinho & Xororó
9. É Preciso Saber Viver - Leonardo e Chitãozinho
10. Como é Grande o Meu Amor por Você - Roberto
11. Eu Quero Apenas - Todos

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RESPOSTA DE UMA PROFESSORA A REVISTA VEJA
(Anne Lieri)

Recebi por email.Achei importante e estou repassando:

Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador.

Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira.

Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que pais de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras.

Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola. Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”.

Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida.

Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina.

Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores?

E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência.

Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.

Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero.

E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”, elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;

Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas.Plano de saúde? Muito precário.

Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave.

Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite.

E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.

Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.

Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade..

Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo

Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!!

Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO.

Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.