Antes
do preconceito é preciso haver humanidade
A mulher que aborta é um monstro sem
coração. Essa frase é comumente utilizada por religiosos e pessoas que
descordam do aborto. Todavia, é preciso averiguar o que leva tantas mulheres a
cometerem tal ato. A violência sexual e situação econômica precária, são
fatores muitas vezes ignorados pelos que sentem-se no direito de julgar.
Casos de abusos sexuais fazem parte
das principais causas de aborto. Entretanto, diferente do que se pensa, nem
todas as mulheres são violentadas por desconhecidos. Existe um ditado que diz:
"Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher." Em
contrapartida, segundo dados de meios midiáticos, a cada 12 segundos uma mulher
é estuprada no Brasil; mais de 70% desses crimes acontecem dentro de suas casas
por parte de seus companheiros. Diante disso, torna-se desumano privar essas
vítimas de um aborto digno e com garantia de segurança.
Lamentavelmente, o que se observa é a
valorização dos que possuem boa situação financeira e a negligência para com os
carentes. Mulheres que têm dinheiro buscam clínicas particulares para fazer o
procedimento abortivo. Porém, as mulheres pobres procuram aborteiras ou tentam
encerrar a gravidez se utilizando de chás, tesouras e até espetos como únicas
alternativas.
Prova disso, é o fato da maior
parcela dos leitos voltados para o setor ginecológico dos hospitais públicos,
ser ocupada por mulheres vítimas de um aborto mal sucedido. Vale salientar que
pessoas não recorrem a esse procedimento por pura crueldade. O fazem por conta
de traumas de uma violência sexual, ou mesmo por perceberem que a criança não
poderá ser educada, nem alimentada devidamente, graças à situação financeira da
família.
Dessa forma, é preciso rever nosso
preconceito para com as mulheres que abortam. O Estado, através do Sistema
Único de Saúde(SUS), deve garantir o atendimento digno a essas mães, e ofertar
procedimento abortivo de forma humanizada. Fazendo isso, a taxa de mortalidade
consequente de abortos clandestinos será reduzida, e a ilegalidade dizimada.
professor: Diogo Didier
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