14 julho 2012

Ser gay está na moda e a Globo sabe disso!





Quem ultimamente ainda não ouviu a brincadeira de que ser gay está na moda certamente ainda ouvirá. Dados os grandes momentos de lucidez e avanços que a sociedade brasileira vem tendo no sentido de uma maior aceitação da diversidade sexual e de gênero – linha corrente de pensamento e política em quase todo o mundo-, as pessoas em geral passam a lançar um olhar mais interessado nos aspectos culturais da comunidade LGBT, percebendo que há muito de interessante por lá.

Se pararmos para reparar, quase todas as novelas têm pelo menos um personagem gay. E não paramos por aí, não! A comunidade LGBT está presente e elencada em quase todo tipo de arte que retrate a vida cotidiana do brasileiro atual. O gay nunca esteve tanto em evidência, e positivamente, o que é melhor.

Aproveitando-se de maneira inteligente, perspicaz e subliminar do imenso poderio cultural da comunidade LGBT, a TV Globo lança mão de determinadas leituras desta imensa fonte para garantir que seu novo posicionamento de mercado esteja realmente alinhado com o que é relevante para o seu grande público, a massa brasileira. Vamos combinar que não é segredo para ninguém que o Faustão, os antigos formatos de novela, a Ana Maria Braga, a Xuxa, o Caceta e Planeta e muito da grade fixa da maior emissora de televisão do país já estão desgastados há muito tempo. Não estou atacando aqui a capacidade de todos estes programas em comunicarem e gerarem ibope, mas que esta capacidade está abalada e desgastada, isso é um fato.

A grande sacada é notável. Caso lancemos um olhar crítico mais aguçado sobre os mais novos sucessos, de formatos revisados, da TV Globo: as novelas “Cheias de Charme”, “Avenida Brasil” e até mesmo “Gabriela” (que solidifica o novo horário de “novela das 23h”), todos possuem grande carga de símbolos e valores LGBT.

Mesmo se olharmos para algo que não está dando muito certo, ou que vem sendo muito mal falado, o novo programa de Fátima Bernardes, veremos que há também muito do gay contemporâneo incutido nas referências para a construção de tudo isso. Todavia, nesse caso, o pecado da falta de relevância fica por conta da fraqueza da produção e das abordagens das pautas sugeridas, não pela falta de bom referenciamento. Imaginem, muitos dizem que este novo programa é releitura mais fraca e elitizada do programa “Casos de Família”, do SBT, o que concordo plenamente.

Para facilitar o acompanhamento de meu raciocínio, vou elencar aqui alguns pontos fáceis das referências gay nas novas produções da Globo:

O excesso de brilho, música e alegria da novela “Cheias de Charme” facilmente encontrado nas Drag Queens;

A maior liberdade sexual da atual “Gabriela” e da piriguete “Suelen”, presente no discurso da diversidade sexual, que busca uma maior permissão, um maior direito à liberdade sexual;

O apelo à moda e à beleza vistos no “Encontro” e nas novelas em geral, valores enaltecidos pela comunidade LGBT;

A quebra com o maniqueísmo, atribuindo a vilões e mocinhos comportamentos positivos e negativos, uma leitura mais realista de vida e que podemos dizer baseada na quebra dos valores dogmáticos sociais que o movimento político LGBT propõe;

E claro, não poderia faltar uma série de belos galãs para arrematar de uma vez a atenção do público LGBT e feminino numa única tacada.

Todos esses pontos são estereótipos do imaginário gay que a sociedade brasileira possui, mas que acabam estabelecendo um diálogo direto com o público, mesmo que de maneira subliminar.

Não seria nada inteligente desconsiderar os quase 10% da população que as grandes pesquisas sociais alegam ser assumidamente gays, principalmente quando esta pequena parcela da população se mostra inovadora no quesito comportamento e pujante em termos de mercado consumidor.

A TV Globo já pegou essa dica, e você?!

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