Este texto é um resumo de outro publicado em 2011 com uma conotação pretensamente científica. Aqui, tento uma abordagem mais livre.
Não é possível que todas as pessoas sejam “iguais”, como muitos querem, e não possamos tratar de diferenças.
Tento mapear diferenças entre a mulher considerada segura e a insegura. Tomo por “segurança” uma estrutura pessoal ligada essencialmente à inteligência, à leveza e naturalidade das ações e reações rápidas e encantadoras, à sagacidade, à firmeza das decisões.
Delimito o assunto na mulher urbana do grande centro, trabalhadora ou executiva. Acho que o tema é importante para a mulher, sabendo-se que aqui há apenas uma interpretação, a minha, nada mais que isso.
Sabemos que conceitos como “segurança” e “insegurança” são bastante imprecisos e exigem definições prévias. Mas também podemos aceitar, apenas para compreensão, o que de comum costumamos perceber e considerar em alguém como seguro ou inseguro.
Falar da mulher segura ou insegura talvez seja mais apropriado do que falar do homem. Em razão do machismo, o homem foi constantemente habituado a ser mais “cobrado” do que a mulher. Ter que produzir, sustentar a família, ser o mantenedor. Não que isso, por si só, dê qualquer privilégio ao homem, até porque, atualmente, também se reverteu em grande parte. Mas por esse costume a mulher pôde ou foi forçada a ficar mais na retaguarda; mais a reboque do homem.
Uma primeira observação que cabe é acerca do patrulhamento sobre “comparações”. Estudiosos reclamam das comparações, no sentido de que não se pode fazer análises com lados opostos ou maniqueísmos. Mesmo assim, guardadas as proporções e ressalvas, tento nas colunas abaixo, um menu que me parece razoável, ainda que “bem humorado” ou “adulto” em certas suposições. No lado esquerdo estão “indicativos” da mulher segura. No lado direito, sem um antagonismo direto, diametral ou formalista, porém mais filosófico, estão o da mulher insegura. Vale à pena refletir sobre cada uma das “comparações” (comparações entre aspas!), sabendo-se que as posições, muitas vezes, acabam se misturando. Ninguém é totalmente seguro e ninguém é totalmente inseguro. Assim, teríamos:
MULHER SEGURA
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MULHER INSEGURA
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Comissiva
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Não quer incomodar
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Age
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Circula o fazer
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Questiona
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Prefere concordar por alguma subserviência
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De gozo audível
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Contorce-se com pudor
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“Engole”
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Nem cogita
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Abocanha
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Precisa combinar
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Vira e se revira
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Espera o parceiro
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Qualquer lugar serve
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“Aqui não fica bem”
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Gargalha
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Cerimoniosa
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Social
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Espera autorização
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Pergunta
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Espera para responder
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Rápida
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Receosa
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Ilimitada
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Possui um menu portátil de pudores
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Descolada
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Conservadora, chata
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Pode estar sem esmalte
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“a aparência é tudo”
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Dirige silenciosamente
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Usa a buzina para reclamar a cada esquina
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Pode beber de bambear
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Bambeia sem beber
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Pode declarar ciúme infernal
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Prefere chorar ou desistir
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Fala palavrão
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Não comete essa falta de “educação”
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Fica puta
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Fica nervosa
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Decide
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Espera
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Não tolera manha do filho
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Consulta psicólogo para saber como educar
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Negocia
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Cumpre
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Enfrenta
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Evita certos assuntos
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“Se acha” e sabe escolher roupa
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Pergunta para as amigas
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Aconselha
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Vive em dúvidas
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Identifica e adora genialidades
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Para ela todo mundo é igual
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Ousa
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Segue
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Inventa
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Copia
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Fecha questão
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Adia
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Não tem tabus
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Tem coisas que “prefere não comentar”
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Aguenta ouvir
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É escapista
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Não vive dizendo: eu sou segura
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vive repetindo: “quando eu quero, sei ser segura”
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Ainda, a mulher segura exige muitos itens do lado esquerdo para se dizer ser uma pessoa segura. Já a insegura identifica 1 ou 2 itens do mesmo lado esquerdo para dizer: “tá vendo? eu também sou segura”. A segura é; a insegura precisa dizer que é. A segura vive sua segurança normalmente; a insegura anuncia uma segurança que muitos percebem que não existe.
A mulher segura é um espetáculo, uma delícia, apaixonante, divertida, alegre, risonha, gargalhativa, sacana, sinérgica, ágil, ou preguiçosa. E comilona. Vive rodeada de pessoas que fazem questão de sua companhia, é uma líder nata, disputada por todos. Esta mulher eventualmente pode criar caso e brigar, invariavelmente com explosões sonoras encantadoras a um observador atento (e apaixonado).
No plano da traição a mulher segura parece ser mais confiável que a insegura. A mulher segura não precisa “provar” nada. Não trai porque se vê bem resolvida com o parceiro. E mesmo traída talvez absorva a tragédia sem se violar, sem se violentar, sem uma vingança de plantão para “provar” que também pode ou sabe trair. Ou talvez largue o homem falando sozinho no meio da rua. As reações são próprias da segurança, seja para que lado for. Talvez por ser menos formalista, e mais de conteúdo, a mulher segura quando sofre vive um drama sério, com dores lancinantes. Suas análises são menos superficiais ou estéticas, e mais ligadas às profundidades do sentir.
Quanto à beleza (aparência, estética) a mulher segura se torna linda, encantadora de qualquer jeito e modo. Seu discurso é vivo, sua fala é suntuosa e sua conversa é hipnótica. Tem seguidores e há o encanto genuíno e não forçado nela.
Um questionamento interessante é se saber se a mulher insegura pode “se tornar” segura. Queremos que sim, torcemos para isso. Mas sabemos que em alguns casos isso pode ser um traço meio invencível de personalidade.
O caminho talvez seja longo, mas parece valer à pena. Começa com uma leitura verdadeira, objetiva e racional de a própria mulher se conhecer. A fundo e sem medos. Pedir a amigos queridos, por exemplo, que digam, confessem, assumam um “diagnóstico” ou uma interpretação para ela, sobre os próprios pontos em que poderia ser insegura. Mas deve querer “ir” às profundezas das fraquezas, mapeando-as, sem medo de manuseá-las ou expô-las.
Acho que é muito fácil e simplista querer se “atacar” a possibilidade de mudança pessoal, dizendo que isto ou aquilo é um absurdo, uma violência, uma imbecilidade. Mudanças não são projetos simples, mas acredito que possam ser possíveis. Isso tudo aqui, a própria comparação sugerida por mim, parece beirar a um racionalismo oitocentista, meio cartesiano, reconheço, em que o emocional não é considerado. Mesmo com todas essas observações e ressalva, não somos bichos e nossa racionalidade pode nos ajudar muito.
Cada um acredita no que quer e gosta e isso é livre e soberano. Pessoas, homens ou mulheres, há que são seguros e outros inseguros. Buscar uma melhora é sempre algo louvável. O clichê de que “ninguém muda ninguém”, ou ninguém faz a cabeça de ninguém “também” é verdade, mas não é verdade total. Como se fôssemos dotados de um fixismo personalista ou uma teleologia genética no sentido de que fomos feitos assim e não mudaremos.
A mulher é em si o melhor dos mundos. O melhor prazer, a melhor companhia, o melhor amor. E com aquele cheiro; (o que é aquilo?). Se além disso tudo, ainda for uma poderosa segura, para toda uma noitada de conversa, uísque, charuto e gargalhadas infinitas, aí ninguém aguenta. Deixo aqui um beijo para todas as meninas, com a doçura do coração e a crença de que todos podemos evoluir durante a vida.
Jean Menezes de Aguiar
Visto no: Observatório Geral
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