12 agosto 2013

A pressa é a alma de nossos negócios

           O tempo é uma criação humana, mediante a necessidade de regular suas atividades e ações no meio em que se vive. Na antiguidade clássica, criam na existência de um deus que ordenava o tempo, cujo nome era Cronos. Hoje, os valores capitalistas, que permeiam o mundo contemporâneo, deram espaço para um novo deus. Este, não mais controla apenas as horas, mas rege todas as relações sociais, econômicas e interpessoais. Denominado dinheiro.

          A ideia de que tempo é dinheiro surge justamente com o advento do capitalismo, proporcionando uma nova relação entre o homem e o tempo. Neste vínculo, o homem passa a ser escravo, assumindo uma postura maquinizada, a fim de produzir em horas estabelecidas. Qualquer transgressão nesse período estipulado é motivo para repreensão. Afinal, perder alguns minutos é perder alguns centavos. Esta descrição é bem exemplificada no famoso filme de Charlie Chaplin, tempos modernos.

          Os que mais padecem com tal regulação são os proletários que submetessem a condições desumanas para tentar sobreviver nesse mundo competitivo, impiedoso e selvagem. Com isso, o tempo tem sido gerador de um caos existente nos relacionamentos humanos. Pois, as pessoas não possuem tempo para amar, se divertir, confraternizar. Ao contrário disto, estão cada vez mais ocupadas se potencializando para ter condições de concorrer. A compaixão ao próximo termina no momento em que ele passa a ser um adversário no mercado de trabalho.

          A preocupação em atingir as metas impostas por esse sistema competitivo e individualista tem prejudicado demasiadamente as relações afetivas que a cada dia se tornam mais ríspidas e mecanizadas. Os indivíduos vivem com pressa e não mais possuem tempo uns para os outros. Como Chico Buarque representou um breve diálogo em sua música sinal fechado, “me perdoe à pressa, é a alma de nossos negócios”. O ideal seria que as pessoas se desapegassem dessa supervalorização ao materialismo. Porém, parece impossível quando se vive em uma sociedade onde o ter vale mais que o ser. E conquistar o ter, requer tempo.
                                                                                                    Aluna: Amanda Gabriele de F. Santos
 
                                                                                                                          Professor: Diogo Didier

Um comentário:

  1. Como é prazeroso ler! E ler algo de tamanha profundidade e leveza é ainda mais prazeroso, profundo por abordar o tema com argumentos filosóficos e históricos muito bem engrenados com uma leveza, simplicidade e objetividade fantástica de abordagem.
    Parabéns Amanda Gabriele de F. Santos!!!! Parabéns Prof. Diogo Didier!!!!!!!!!!!!

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