19 agosto 2013

Até onde vale a androginia?


Visto no Moda para Homens 

Muito se discute atualmente a androginia na moda. Para os desavisados, androginia nada tem a ver com sexualidade: é a mistura de características masculinas e femininas em uma pessoa ou a ausência delas, de forma que você não consegue identificar realmente. Na psicologia, a androginia é considerada um transtorno de gênero, em que o indivíduo não se identifica como sendo homem ou mulher, e isso é mais comum do que você e pensa. Mas na moda, a história é um pouco outra. A que ficou conhecida como a grande mãe da androginia foi Coco Chanel, conhecida por tirar os espartilhos das mulheres (há outras versões da história) e vesti-las com trajes até então considerados masculinos. Há quem diga que Chanel foi visionária e há quem diga que ela apenas queria se sentir incluída em um universo que não era aceita. O filme Coco Antes de Chanel conta bem essa história. Yves Saint Laurent, um dos estilistas mais importantes da história, responsável por criar o smoking feminino (ou Le Smoking), também foi considerado um estilista que carregava a androginia em suas criações. Para as mulheres, a androginia está muito mais presente e teve grandes marcos como a inserção do uso de peças como a camisa de botões, polo, sapatos, calça, etc. São peças que, antes, eram usadas apenas pelos homens.
O modelo andrógino Andrej Pejic, um dos que mais esteve na mídia em 2012.
Ora posando como homem, ora como mulher. Às vezes como ambos

Não é de se espantar, porém, que essa história ia virar de ponta a cabeça com a mudança no vestuário do homem moderno. A moda está cada vez ficando mais unissex e, de alguma forma, andrógina para o ponto de vista masculino. Alguém se lembra da tribo “emos” (emotional hardcore)? Eles eram andróginos e, admita ou não, muitas características nós adotamos para o nosso vestir do dia-a-dia. Isso possibilitou a democratização do uso de acessórios, por exemplo. Hoje, homens e mulheres dividem, às vezes, os mesmos acessórios. Mais recente um pouco, também exemplificamos bem essa afirmação com a recém peça “fashionista” que alguns aderiram: as leggings masculinas (ou meggings, se preferir). Quem já pensou que ela ia ser usada pelos homens? Que você não usa, a  gente sabe, mas isso não anula o fato de que vários homens do mundo todo estão, aos poucos, aderindo a essa moda.

 
Em janeiro aconteceu a semana de moda masculina de Londres, e nos chamou a atenção uma coleção nada comum que era realmente de peças femininas adaptadas ao corpo masculino. É isso mesmo: O estilista  J.W Anderson não criou peças unissex, ele criou peças femininas para homens. A gente entende que o apresentado na passarela não é o que usamos na rua (e a intenção não é essa). A coleção está lá para mostrar o conceito de  uma tendência, às vezes, comportamental. E o caso foi exatamente esse. coleção é um alerta e traduz o que a moda está se tornando hoje: democrática, prática, livre, unissex. E, por mais as imagens abaixo sejam de se espantar, fique tranquilo: dificilmente as pessoas usarão essas roupas na rua. A reflexão que fica é se estamos mesmo num caminho de igualdade e liberdade (homens e mulheres cada vez mais iguais, com cargos iguais, preocupações e, consequentemente, aparência iguais) ou se, no lugar da liberdade de escolha, estamos cada vez mais esquecendo das atribuições de cada um, e essa coleção só mostra o quão distorcida nossa moda e sociedade está: o homem querendo ser a mulher e a mulher querendo ser o homem. Pode parecer uma ideia antiquada e até machista, mas muita gente ainda pensa assim. Uma coisa não podemos negar: a androginia ajudou muitas mulheres a assumirem os cargos que ocupam hoje e terem seu lugar na sociedade. E que mudanças poderá fazer no homem?
 
E você, de que lado está?

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