28 junho 2015

Culto a forma: saúde, vaidade ou escravidão?


“Narciso acha feio tudo o que não é espelho.”

        A concepção de “beleza” vem sofrendo profundas transformações ao longo dos séculos. Se na Antiguidade Egípcia ela era tida como símbolo de soberania e pode, hoje é alvo do capitalismo exacerbado que comercializa um ideal de beleza padronizado. Com base nisso, é importante analisar os motores responsáveis pela difusão dessa conduta, bem como o reflexo disso na sociedade contemporânea brasileira.

        Com o avanço da globalização, um dos modelos adotados para a comercialização de produtos foi o uso do corpo nas campanhas publicitarias. Com essa modificação no paradigma social, ocorreu a massificação dos padrões de beleza que acabaram por acentuar as diferenças sociais no Brasil. Isso porque foi difundido o pensamento de que, para ser incluído em determinados grupos sociais, era necessário se adaptar às tendências pré-estipuladas pela sociedade de consumo. A partir disso, o Sociólogo Max Webber compara esses modelos estereotipados a uma gaiola de ferro que acaba por segregar as minorias, negando-lhes o direito de inclusão e exercício da cidadania.

       Por outro lado, decorrente da busca incessante pelo ‘‘belo’’, observa-se o crescimento da indústria do corpo nos setores de todas as áreas, com destaque para as academias de musculação. Isso porque um número cada vez maior de pessoas vem sendo atraídas pelas facilidades de custo e, muitas vezes, priorizam a beleza em detrimento da saúde. Reflexo disso é o uso descontrolado de anabolizantes e recursos para melhorar a aparência física que acabam por causar danos à saúde, como impotência sexual e problemas cardiovasculares. Assim, isso acaba por coisificar as pessoas, induzindo à busca de métodos cirúrgicos e estéticos para atingir uma máxima de beleza frequentemente associado ao status social como meio de se destacar na sua realidade.

      Compreende-se, portanto, que há uma linha tênue entre os padrões de beleza propostos pela sociedade capitalista e a necessidade de quebrar os paradigmas associados a um ideal de belo estereotipado. Logo, é preciso que o poder público, através de incentivos fiscais, estimulem as empresas a reduzirem o uso do corpo como artefato de venda, bem como conscientize a população, através de campanhas publicitarias, para que a sociedade não se deixe ser alienada pela ditadura da beleza. E, assim, romper com os estigmas de uma sociedade apática para que não acabemos como no mito de narciso, afogados no próprio ego.

Aluno: Guilherme Queiroz Braga
Professor: Diogo Didier

6 comentários:

  1. Pensei que tinha sido você. Está incrível essa redação.

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  2. Redação culto ao corpo perfeito saúde vaidade ou escravidão.

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  3. Resguardadas as proporções, digamos assim, guarda analogia, a "questão trans", será que muitas cirurgias precisaram ou precisariam serem realizadas? Digo isso porque sou cisgenero que transei geralmente com outro cisgenero e a atração reciproca e intensa: em nenhum momento o excesso de pelos ou a voz vieram impedir nossas erecoes e 69 e nem a vontade dele me penetrar!!

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