Por Maurício dos Santos*
Enquanto de um lado a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis
e Transexuais) aparece com mais naturalidade em vários âmbitos da sociedade, a
homofobia dispara como uma das causas de muitos crimes em todo o planeta. Em
lugares onde essa violência específica não é punida oficialmente em lei, a
homofobia cresce solta. É o caso do Brasil, um país de controversas. Mas a
confusão de emoções gerada por essa temática nos faz pensar no porquê de tanto
medo, prazer e ódio.
A homofobia diz respeito a um transtorno que faz o
agressor perseguir e maltratar homossexuais. Existem também a lesbofobia e a
transfobia, aversão a lésbicas e a transexuais, respectivamente. O agressor tem
aversão a essas pessoas. Um ato de violência física na escola pode ser a
extensão de uma piada tolerada em casa, ainda na infância, por exemplo. O que
precisamos enxergar é que preconceito é sinônimo de violência, baseado na falta
de conhecimento e compreensão.
Todos os envolvidos passam por momentos
de tortura, sentem medo e desespero. Mas por que é tão difícil para o homofóbico
conviver com os outros? O fenômeno afetivo que rebaixa certos sujeitos é
utilizado como arma para classificar pessoas, e, consequentemente, diminuí-las.
É um mecanismo de defesa usado para tentar mascarar quaisquer tipos de
fraquezas. "O medo frente ao diferente é menos produto daquilo que não
conhecemos do que daquilo que não queremos e não podemos reconhecer em nós
mesmos por meio dos outros". Freud, o pai da teoria psicanalítica, evoca nessa
citação a fuga do ser humano vindo após a sensação de medo.
Diminuir a
outra pessoa é uma ação prazerosa para muitos, prática sadomasoquista. Além da
violência clara e exposta ao máximo, pode ser incluída ali uma repressão ao
próprio sexo. Quando o homofóbico agride o homossexual ele nega a si mesmo. A
forte negação revela um excesso doentio em querer mostrar-se diferente do outro,
com uma sexualidade superior. É ressaltada, nessa prática fóbica, a sexualidade
sob o falso status de simples escolha de vida e identidade de gênero.
Tenta se passar, por muitos, a ideia de orientação sexual como algo
plástico, frágil e indeciso. Todavia, a Psicanálise versa, desde seu início,
sobre a diversidade sexual - normal e comum, que habita todo ser humano.
Bissexual, por si só, seria uma condição de todo indivíduo. O princípio do
prazer que orienta os lados humanos faz com que os seres humanos não sejam tão
diferentes assim. Mudam na personalidade, alimentada pelas diferenças. A riqueza
humana esta nas características pessoais de cada um. O self requer isso:
diferenças para alcançar o amadurecimento. Crescemos com os
diferentes.
Fundamental nos casos de preconceito é estabelecer um pacto
de respeito. Para isso, o ego precisa estar forte. O homossexual necessita
aceitar a si mesmo, com suas potencialidades e seus limites. O sujeito violento
necessita se entender e aprender a conviver, além de encontrar uma outra saída
de descarregar essas energias violentas, que não seja prejudicando o outro.
Nesta sociedade colorida e plural, precisamos eliminar a auto-punição e o
sentimento de culpa, tão disseminados em pensamentos rebaixados.
* O
autor é Jornalista e Presidente da Câmara do Livro do Vale do Itajaí / Santa
Catarina
Estudante de Psicanálise, pela SPOB (Sociedade Psicanalítica
Ortodoxa do Brasil)
Contato: imprensa.mauriciosantos@hotmail.com
Visto: Revista Lado A
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