Ocidentais e orientais, religiosos e ateus, brancos e negros, homens e mulheres, héteros e gays, pobres e ricos, todos, como se sabe, constituem a árvore da diversidade humana. Devido a essa pluralidade de ideologias, pensamentos, crenças e, sobretudo comportamentos desiguais, os conflitos interacionais são inevitáveis. Isso acontece porque há uma necessidade inerente do ser humano de se sobrepor ao outro, de propagar uma filosofia particular de forma unívoca, como se ela fosse detentora das verdades absolutas. Exemplos disso não faltam na história da humanidade. Desde a catequese impelida pelo Catolicismo por várias culturas do mundo; da escravidão dos negros nos tombadilhos até as terras brasileiras; das teorias ensandecidas de raças puras defendidas por Hitler; dos conflitos religiosos da atualidade no Oriente Médio; das discriminações sofridas por negros, mulheres e homossexuais, passando pelo desolador quadro da desigualdade econômica presente em alguns países como o Brasil.
Nesse espectro, onde a antítese fincou morada, os grupos estigmatizados estão lutando em defesa da afirmação do seu espaço. E como toda luta, as discordâncias servem como pano de fundo para justificar práticas violentas que dividem a sociedade entre os menos e os mais aceitos. Nesse momento, é criada uma pirâmide entre aqueles que devem permanecer desfrutando do convívio social, geralmente posicionados no topo dela, e, por outro lado, aqueles que ficam à margem dessa estrutura, lhes restando o lugar mais rasteiro e esquecido. E nesse instante uma onda de intolerância banha a sociedade, pois cada grupo quer ter o direito expor as suas “verdades” e disseminá-las com intuito de ratificar determinados comportamentos e/ou filosofias.
Tal cenário, no entanto, vem sendo desconstruído, pelo menos aqui no Brasil, onde as pessoas estão derrubando certos preconceitos, a fim de viverem harmoniosamente entre si. Na realidade, já não são tão acentuadas as diferenças entre homens e mulheres, sobretudo no ambiente de trabalho ou nas questões relativas ao lar. Hoje, elas estão em pé de igualdade com eles, mostrando igual ou superior competência. Também houve uma significativa mudança entre as práticas discriminatórias contra os negros, visto que as leis que protegem esse grupo serviram para reeducar a sociedade para a importância de respeitá-los tal qual qualquer outro cidadão que compõe esse país. Na mesma linha impositiva, os gays também estão conseguindo legitimar o seu espaço na sociedade. Mesmo sem uma lei que criminalize os crimes contra essa classe, são inegáveis as melhorias alcançadas por eles nos últimos anos e, principalmente a ampla aceitação da população para a temática LGBTT.
Toda essa trilha revolucionária tem como bússola a palavra união. Ela é o guia que pode levar a sociedade para longe da selvageria criada por ela mesma. Desse modo, por trás de cada discurso social há uma crescente necessidade de buscar a unificação dos grupos, o que não quer dizer que isso vá “ilegitimar” as suas diferenças. Pelo contrário, a intenção primária é pacificar a sociedade, fazendo com que pessoas de tribos distintas possam conviver democraticamente entre si, numa relação de civilidade. Tudo isso porque a falta dessa união já causou, e ainda causa muito sofrimento e dor. Estes elementos resultantes de atos violentos, impensados por alguns que preferem agredir verbal ou fisicamente o outro, a ter que entender o cerne das diferenças que os constituem.
Assim, é pretensioso, e até hipócrita, querer que a sociedade caminhe de mãos dadas de uma hora para outra. Isso seria utópico, quase que irrealizável, pois as distinções entre as pessoas impossibilitariam tal feito. No entanto, é possível sim que todos vivam em harmonia, basta somente que haja a propagação da palavra tolerância. Ela é determinante na sedimentação do respeito, na autoafirmação da identidade e, consequentemente na construção da igualdade. Ninguém precisa gostar ou aceitar uma pessoa no seu convívio que tenha um pensamento religioso diferente do seu, um comportamento social incomum, uma cor de pele não padronizada, uma prática sexual diferenciada ou até mesmo uma maneira de agir desconforme com tudo o que se conhece como “correto”. Porém, todas as pessoas têm o dever moral e, principalmente humano de respeitar essas diferenças, pois é nessa máxima que a paz vai sendo construída e os preconceitos vão sendo vencidos. Portanto, só a união desprendida de moralismos e conservadorismos será capaz de reverter às atrocidades cometidas pela insensatez do homem.