Em um ano que o deputado Jair Bolsonaro e outros militantes da “anti-causa gay” como o pastor Silas Malafaia ganharam visibilidade pelo discurso refratário ao reconhecimento dos direitos de lésbicas. gays, bissexuais, travestis e transexuais, as novelas tentaram de várias formas levar ao público o debate sobre a homofobia.
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Mais uma vez, no entanto, não foram as produções da Globo as mais ousadas na abordagem do tema. “Amor e Revolução”, escrita por Tiago Santiago para o SBT, levou ao ar a primeira cena de beijo entre as personagens de Luciana Vendramini e Gisele Tigre. Não era selinho. E por isso mesmo chocou os anunciantes, que ameaçaram retirar patrocínio caso a emissora veiculasse outra cena do tipo, dessa vez entre os atores Lui Mendes e Carlos Arthur Thiré.
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Já “Vidas em Jogo”, de Cristianne Fridmann, deu picos de audiência ao revelar o segredo da personagem Augusta (Denise Del Vecchio): era uma transexual. Em entrevista, a autora disse que o tema seria tratado de maneira contundente. O filho de Augusta tentaria interditá-la como “doente mental” para tomar conta de todos os seus bens, já que a personagem ficara milionária ao ganhar na loteria.
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O que chocou, no entanto, foi a cena em que o menino Gilvan (Miguel Roncato) é espancado e morto por um bando de “pit boys”. Não tanto pela cena em si, mas pelas manifestações de apoio vindas de internautas de todo o país. Em enquete realizada pela repórter Thays Almendra, a maioria dos entrevistados afirmou que era mais chocante ver um beijo gay do que um homossexual ser espancado. Se foi efeito da teledramaturgia ou não, o fato é que durante a exibição de “Insensato” o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu as uniões entre pessoas do mesmo sexo, embora o tema ainda patine no Congresso Nacional.
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Apesar de toda a discussão acerca de preconceito, LGBTs mais populares da ficção em 2011 foram os caricatos Crô, de Marcelo Serrado em “Fina Estampa”, e Áureo, de André Gonçalves em “Morde & Assopra”. Criticados pelos ativistas do movimento LGBT por supostamente acentuarem o conceito da “bicha pintosa”, aceita socialmente sempre como motivo de chacota ou, ainda, por “não refletirem a realidade” de LGBTs, Crô e Áureo, ou melhor, André e Marcelo, afirmam receber inúmeras manifestações de carinho nas ruas.
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Na verdade, esse tipo de afirmação apenas reflete um preconceito existente entre os próprios LGBTs em relação aos afeminados. Qualquer pessoa que frequente a rua Vieira de Carvalho no centro de São Paulo vai perceber que as “pintosas” existem sim e também merecem ser aceitas, nem que seja pelo humor, pois se Crô e Áureo não aprofundam nas questões dos direitos civis, pelo menos promovem algum tipo de tolerância, não a ideal, já que esse papel não cabe à novela, mas ao Congresso.
POR JAMES CIMINO
Visto no: Gay 1
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