20 novembro 2011

JOVENS: NO MEIO DO CAOS


Em boa parte do mundo a juventude é tida como alicerce vanguardista da sociedade. Aqui no Brasil, no entanto, ela não tem a importância equivalente ao seu papel transformador. Vista, muitas vezes, como sinônimo de irresponsabilidade, imaturidade e inconsequência, a visão da sociedade sobre esse grupo é geralmente deturpada, ora por medo das nuances desconhecidas desses jovens, ora por temer o poder que pode ser emanado da união deles. Isto porque, em vários momentos da história, quando a juventude quis alguma mudança no país, ela foi às ruas lutar e exigir seus direitos - o movimento mais famoso, que serve de exemplificação, é o dos Caras Pintadas contra o governo Collor. No entanto, atualmente, o perfil lutador juvenil está paulatinamente perdendo forças, por razões de ordem política, social e, sobretudo educacional.

Num passado não muito distante, um garoto de 16 anos jogava bola na rua, brincava com bolinhas de gude e empinava pipa. Hoje, no entanto, um menino na mesma faixa etária, ou às vezes inferior, já faz parte do mundo do crime, seja no tráfico de drogas, seja cometendo pequenos delitos como assaltos, roubos a mão armada, ou até mesmo matando. O que leva cada vez mais esses jovens para essa rota brutal é a ineficiência do poder público, no que tange a proteção dos direitos básicos como saúde, saneamento, emprego e educação. E, a grande vilã de todas, a desigualdade social, uma vez que ela é o laboratório de onde são criados as anomalias sociais que se rebelam contra esse sistema desumano do qual os nossos adolescentes são lançados.

Nesse processo, a mídia tem exercido uma grande influência na deturpação da juventude ao longo dos anos. Ao propagar um modelo de vida muitas vezes regrado a drogas, lícitas ou não; cenas de violência que incitam brigas e a propagação da brutalidade e o apelo exorbitante a sexualidade precoce, ela tem contribuído para uma transformação negativa na formação de muitos jovens. Isso acontece porque a sociedade vive um modelo capitalista de subsistência, do qual não tem como prioridade atender as necessidades cruciais, sonhos ou desejos da adolescência, mas sim, enquadrá-los na sufocante ganância do capital, criando consumidores compulsivos que se tornam alheios a mudanças pessoais e, consequentemente sociais.
 
O reflexo disso é notório no perfil da juventude atual. De um lado, jovens alienados, despreocupados com o seu papel na sociedade, não apenas como meros cidadãos estáticos, mas sim como indivíduos em processo de transição com direito a voz que pode e deve ser ecoada para então ser ouvida e ter as suas exigências, carências, desejos, pedidos e sonhos realizados. E, do outro, uma enorme parcela que não teve o direito de pensar sobre essas possibilidades, pois nasceram sobre o estigma da pobreza, rodeados pela marginalidade que, muitas vezes, está diretamente impregnada pelas drogas e pela iniciação cada vez mais cedo a uma vida sexual desinformada. A essa grupo, a mudança ainda não começou, porque simplesmente não há um olhar transformador do poder público, e até mesmo da sociedade como um todo, que possa atender as necessidades não apenas físicas, mas intelectuais e humanísticas desses jovens.
 
Trabalhos com os jovens, sem observar os lucros, visando apenas à recuperação e ressocialização deles, existem vários, com destaque à Força Jovem Brasil que com diversificadas atividades, englobam tudo para suprir as necessidades de moças e rapazes. Com diversos projetos dentro da Força Jovem como Dose + Forte (combate as drogas), Se Liga 16 (cidadania), Jovem Nota 10 (educação), Esportes e Cultura; eles ganham espaço no meio jovem, sem esquecer as oportunidades de ingressam no mercado de trabalho. Prova disto foi o evento “Driblando o Crack” realizado em todo o país nos meses de setembro e outubro, com a finalidade de prevenção sobre este mal. Entretanto, infelizmente projetos dessa magnitude não fazem parte da realidade nacional como um todo, o que é uma pena, pois o país precisa ver iniciativas como essa sendo proliferadas como uma epidemia benéfica para então ver uma significativa mudança na dura vida da juventude brasileira.
 
Enquanto a verdadeira transformação não acontece, os jovens não podem ser vistos apenas como seres rebeldes e passivos de serem ouvidos. Eles como qualquer outro grupo deve ser analisado como indivíduos dotados de capacidades suficientes para mudar a própria realidade e a da sociedade como um todo. Mas para que a voz desses jovens tenha força é preciso cobrar dos governantes a aplicação dos direitos elementares a cada ser humano, como a possibilidade de se conseguir um emprego digno, saúde, segurança e educação de qualidade. Para isso, a escola tem um papel determinante explicando a importância que a juventude possui para mudar os rumos da politica de um país, pois é essa postura que irá garantir que os sonhos dos adolescentes de hoje não fiquem apenas nas promessas eleitorais, e sim que sejam concretizados com cobranças ativas não de votos e com a vigilância constante daqueles que foram escolhidos para representar o povo. Em outras palavras, deve-se despertar na juventude de hoje a necessidade de se ter consciência e de exercer esta de forma transformacional, para assim reverter os males que acometem cada vez mais jovens Brasil afora.

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