Metade de cada brasileiro esclarecido se angustia com a
disparada do valor da gasolina e o impacto na economia nacional.
Mas a outra metade se rejubila ao ver tanto
pato amarelo da CBF indignado com a política de preço dessa quadrilha levada
por eles ao poder.
Dois anos atrás, saíram às ruas para ladrar contra Dilma e companhia revoltados
porque o litro custava 50% do montante pago agora nas bombas.
Até adesivo misógino com imagem da
presidenta de pernas abertas circulou nos carros como forma de protesto –
exemplo clássico da simbiose nociva entre cegueira e sexismo.
A era Temer impôs a eles o gosto amargo do
capitalismo selvagem e sem freios: danem-se o poder aquisitivo dos consumidores
e a ideia da estatal a serviço do bem-estar da sociedade.
A lógica da famigerada autorregulação do
mercado nesse campo inclui, ainda, submeter cidadãos à humilhação do fogo à
lenha – regressão de séculos na condição humanitária – porque o preço do gás se
tornou impraticável e a miséria avançou sob indiferença do estado.
O revés do momento castiga a intocável
mobilidade da classe média, com corrida, filas e valores exorbitantes nos
postos, e atrapalha a ponte aérea dos mais abastados, em nome do lucro dos
investidores externos.
Inconformados, eles ensaiam um tímido grito
de repúdio contra a própria carapuça. Quando dói no bolso, tudo indica, a
consciência ameaça acordar.
Com o tempo, a poeira da insanidade baixa, e
a massa de manobra descobre como foi feita de trouxa para, com a licença do
trocadilho, abastecer um golpe de estado à brasileira.
Visto no: DCM
Nenhum comentário:
Postar um comentário