10 agosto 2014

O mundo agora é dos aplicativos.


Eles chegaram para ficar. Com a democratização das novas tecnologias, sobretudo aquelas que estão acopladas aos celulares, ter um ou vários aplicativos instalados significa estar antenado com as mudanças do mundo tecnológico. Rapidez, praticidade e pouco espaço para instalação, são critérios preliminares que levam muitos usuários a experimentar essa novidade. Além disso, fatores como curiosidade e modismo também atraem pessoas para esse universo. Desde coisas triviais a outras de cunho pessoal, os APPs modificaram a relação das pessoas com o mundo a sua volta. Entretanto, o contato demasiado com esse tipo de tecnologia tem trazido diversos problemas para aqueles que não tem limites na rede. Sem uma dosagem, nesse sentido, cresce em várias partes do mundo locais especializados em tratar quem ultrapassa a linha da moderação e se entrega ao vício virtual.

Não é difícil de encontrar alguém conectado à internet com um celular. Em casa, no trabalho ou na rua, a naturalização desse ato tem se tornado comum que poucos são aqueles que conseguem enxergar um problema nisso. No entanto, a banalização dessa visão é o primeiro dos muitos problemas que surgiram com a popularização dos aplicativos nos celulares. Sem dar uma devida importância a esse assunto, indivíduos de faixas etárias diversas foram fisgados pelo mundo virtual e, paulatinamente, foram se desconectando do mundo real. Pessoas diversas que, muitas vezes, não interagem mais com amigos e familiares frente à frente, preferindo o contato cibernético, como se houvesse uma barreira que impossibilitasse a interação tradicional.

Dentre tantos, os jovens são, sem dúvida, os mais hipnotizados pelas novidades tecnológicas. Nascidos numa era onde as brincadeiras são substituídas pelo computador, muitos já trazem os sinais dessa problemática. Entre as características mais frequentes estão o isolamento, já que é quase impossível ficar sem um computador ou celular. Eles se tornam mais arredios e propensos a depressões quando algo possa ameaçar seu novo modelo de vida. Fora de casa, geralmente no colégio, muitos são desconcentrados, perdidos, o que dificulta p aprendizado e a formação intelectual. Para completar esse quadro, ainda tem as redes sociais que agora também estão em formas de aplicativos para prender mais ainda a juventude nesse universo. Sem esquecer, é claro, dos jogos virtuais, que agora estão mais convidativos do que nunca.

No entanto, mesmo os adolescentes sendo os principais alvos dessas novidades, isso não quer dizer que adultos estejam imunes a elas. Pelo contrário, basta uma pequena busca nos inúmeros aplicativos de paquera existentes para comprovar que muita gente bem grandinha também usufrui desses novos recursos. A prova é tanta que na última copa do mundo, que aconteceu aqui no Brasil, APPs de pegação, hétero ou gay, tiveram picos de acessos no período futebolístico. A intenção desses recursos se assemelha às redes sociais existentes, onde a exposição de perfis, muitas vezes falsos, e a busca por reconhecimento de outras pessoas seja concretizada. O que muda, um pouquinho, é o teor sexual que alguns aplicativos possuem. Neles, pessoas descartam e são descartadas num simples deslizar de dedo pela tela do celular. É como se o ser humano se tornasse um Menu e quem está do outro lada escolhe se quer ou não comer aquele prato.

Além disso, há os fadados perigos da exposição virtual. Semelhante às tradicionais redes sociais nesse sentido, muitos aplicativos expõem duplamente quem tem conta em suas páginas e quem acessa tais páginas. Segredos são revelados, pessoas que no cotidiano tem uma conduta X, na net exibem outra Y, sem contar aqueles que aproveitam para cometer crimes virtuais contra quem se deixa amostra de mais na rede. Para quem exerce esse tipo de conduta, basta uma breve pesquisada para comprovar outros males do uso excessivo dos meios tecnológicos. Entre tantos, a mecanização humana é a principal. De tanto estar conectados, muitos começam a fazer parte da máquina, ou, se tornam semelhantes a ela.

Evidentemente que tudo isso não coloca os aplicativos e suas funcionalidades na berlinda. Muitos deles são extremamente úteis na sociedade caótica atual. Desde mecanismo para escapar do trânsito, passando por dicas diversas, curiosidades, entre outros. Sem esquecer que tais mecanismos foram criados para facilitar a vida das pessoas, com uma linguagem fácil e de fácil manuseio. Diante de tudo isso, talvez o erro não esteja na tecnologia, nem tão pouco nas novidades que ela proporciona, mas na falta de educação em torno do seu uso. Sem uma consciência sobre como se deve utilizar os recentes meios tecnológicos, os indivíduos ao invés de dominarem passam a ser dominados pela própria criação, o que resulta numa sociedade doente em vários sentidos.

Após diagnosticado isso, em alguns casos, quando a compulsão alcançou o limite máximo, resta apenas a internação em espaços especializados no tratamento de quem sofre de compulsões virtuais. Mas, o que fazer quando esse problema não é identificado no tempo certo? Por ser uma problemática tão moderna quanto as inovações em torno dela, fica difícil precisar o momento exato do qual uma pessoa está “doente” virtualmente falando. Embora o empirismo da questão possibilite que certos diagnósticos sejam realizados, é necessária maior atenção para os sinais mais comuns como isolamento, depressão, temperamento arredio, necessidade extrema de adquirir novas tecnologias, horas e horas conectado na internet, entre outros. Tarefa que parece simples, mas não é, pois muitos apresentam um ou mais caraterísticas das citadas há pouco.

Enquanto nada é feito, novos aplicativos surgem e aprisionam as pessoas. Sua facilidade e praticidade são inquestionáveis, embora sua funcionalidade nem sempre seja necessária. Entretanto, não há motivo para alarmes. A sociedade pode reverter essa cultura conectada e tentar equilibrar o tempo na rede com o da vida real. Também não é sensato afirmar que tais mecanismos devem ser banidos do dia a dia, apenas porque muitos não aprenderam a utilizá-los corretamente. Feliz ou infelizmente, a tecnologia veio para ficar e junto dela os benefícios e malefícios, porém o que falta é maior discernimento das pessoas para utilizar as benesses da tecnológicas sem abusos. Ai é que reside o problema, pois numa era onde o consumo dita regras, parece que o mundo é dos aplicativos e ao homem restou se curvar diante disso, comprando o novo smartphone do momento, para não ser de vez excluído da terra. 

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