Eles chegaram para
ficar. Com a democratização das novas tecnologias, sobretudo aquelas que estão
acopladas aos celulares, ter um ou vários aplicativos instalados significa
estar antenado com as mudanças do mundo tecnológico. Rapidez, praticidade e
pouco espaço para instalação, são critérios preliminares que levam muitos
usuários a experimentar essa novidade. Além disso, fatores como curiosidade e
modismo também atraem pessoas para esse universo. Desde coisas triviais a
outras de cunho pessoal, os APPs modificaram a relação das pessoas com o mundo
a sua volta. Entretanto, o contato demasiado com esse tipo de tecnologia tem
trazido diversos problemas para aqueles que não tem limites na rede. Sem uma
dosagem, nesse sentido, cresce em várias partes do mundo locais especializados
em tratar quem ultrapassa a linha da moderação e se entrega ao vício virtual.
Não é difícil de
encontrar alguém conectado à internet com um celular. Em casa, no trabalho ou
na rua, a naturalização desse ato tem se tornado comum que poucos são aqueles
que conseguem enxergar um problema nisso. No entanto, a banalização dessa visão
é o primeiro dos muitos problemas que surgiram com a popularização dos
aplicativos nos celulares. Sem dar uma devida importância a esse assunto,
indivíduos de faixas etárias diversas foram fisgados pelo mundo virtual e,
paulatinamente, foram se desconectando do mundo real. Pessoas diversas que,
muitas vezes, não interagem mais com amigos e familiares frente à frente,
preferindo o contato cibernético, como se houvesse uma barreira que
impossibilitasse a interação tradicional.
Dentre tantos, os
jovens são, sem dúvida, os mais hipnotizados pelas novidades tecnológicas. Nascidos
numa era onde as brincadeiras são substituídas pelo computador, muitos já
trazem os sinais dessa problemática. Entre as características mais frequentes
estão o isolamento, já que é quase impossível ficar sem um computador ou
celular. Eles se tornam mais arredios e propensos a depressões quando algo
possa ameaçar seu novo modelo de vida. Fora de casa, geralmente no colégio,
muitos são desconcentrados, perdidos, o que dificulta p aprendizado e a
formação intelectual. Para completar esse quadro, ainda tem as redes sociais
que agora também estão em formas de aplicativos para prender mais ainda a
juventude nesse universo. Sem esquecer, é claro, dos jogos virtuais, que agora
estão mais convidativos do que nunca.
No entanto, mesmo os
adolescentes sendo os principais alvos dessas novidades, isso não quer dizer
que adultos estejam imunes a elas. Pelo contrário, basta uma pequena busca nos
inúmeros aplicativos de paquera existentes para comprovar que muita gente bem
grandinha também usufrui desses novos recursos. A prova é tanta que na última
copa do mundo, que aconteceu aqui no Brasil, APPs de pegação, hétero ou gay,
tiveram picos de acessos no período futebolístico. A intenção desses recursos
se assemelha às redes sociais existentes, onde a exposição de perfis, muitas
vezes falsos, e a busca por reconhecimento de outras pessoas seja concretizada.
O que muda, um pouquinho, é o teor sexual que alguns aplicativos possuem. Neles,
pessoas descartam e são descartadas num simples deslizar de dedo pela tela do
celular. É como se o ser humano se tornasse um Menu e quem está do outro lada
escolhe se quer ou não comer aquele prato.
Além disso, há os
fadados perigos da exposição virtual. Semelhante às tradicionais redes sociais
nesse sentido, muitos aplicativos expõem duplamente quem tem conta em suas
páginas e quem acessa tais páginas. Segredos são revelados, pessoas que no
cotidiano tem uma conduta X, na net exibem outra Y, sem contar aqueles que
aproveitam para cometer crimes virtuais contra quem se deixa amostra de mais na
rede. Para quem exerce esse tipo de conduta, basta uma breve pesquisada para
comprovar outros males do uso excessivo dos meios tecnológicos. Entre tantos, a
mecanização humana é a principal. De tanto estar conectados, muitos começam a
fazer parte da máquina, ou, se tornam semelhantes a ela.
Evidentemente que tudo
isso não coloca os aplicativos e suas funcionalidades na berlinda. Muitos deles
são extremamente úteis na sociedade caótica atual. Desde mecanismo para escapar
do trânsito, passando por dicas diversas, curiosidades, entre outros. Sem esquecer
que tais mecanismos foram criados para facilitar a vida das pessoas, com uma
linguagem fácil e de fácil manuseio. Diante de tudo isso, talvez o erro não
esteja na tecnologia, nem tão pouco nas novidades que ela proporciona, mas na
falta de educação em torno do seu uso. Sem uma consciência sobre como se deve
utilizar os recentes meios tecnológicos, os indivíduos ao invés de dominarem
passam a ser dominados pela própria criação, o que resulta numa sociedade
doente em vários sentidos.
Após diagnosticado isso,
em alguns casos, quando a compulsão alcançou o limite máximo, resta apenas a internação
em espaços especializados no tratamento de quem sofre de compulsões virtuais. Mas,
o que fazer quando esse problema não é identificado no tempo certo? Por ser uma
problemática tão moderna quanto as inovações em torno dela, fica difícil
precisar o momento exato do qual uma pessoa está “doente” virtualmente falando.
Embora o empirismo da questão possibilite que certos diagnósticos sejam
realizados, é necessária maior atenção para os sinais mais comuns como
isolamento, depressão, temperamento arredio, necessidade extrema de adquirir
novas tecnologias, horas e horas conectado na internet, entre outros. Tarefa que
parece simples, mas não é, pois muitos apresentam um ou mais caraterísticas das
citadas há pouco.
Enquanto nada é feito,
novos aplicativos surgem e aprisionam as pessoas. Sua facilidade e praticidade
são inquestionáveis, embora sua funcionalidade nem sempre seja necessária. Entretanto,
não há motivo para alarmes. A sociedade pode reverter essa cultura conectada e
tentar equilibrar o tempo na rede com o da vida real. Também não é sensato
afirmar que tais mecanismos devem ser banidos do dia a dia, apenas porque
muitos não aprenderam a utilizá-los corretamente. Feliz ou infelizmente, a
tecnologia veio para ficar e junto dela os benefícios e malefícios, porém o que
falta é maior discernimento das pessoas para utilizar as benesses da tecnológicas
sem abusos. Ai é que reside o problema, pois numa era onde o consumo dita
regras, parece que o mundo é dos aplicativos e ao homem restou se curvar diante
disso, comprando o novo smartphone do momento, para não ser de vez excluído da
terra.
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