Luiz Gonzaga foi o mais significativo divulgador do forró e costumava dizer que
o Baião era pai do xote, do xaxado e do forró. Através desses ritmos ele levou
ao mundo nossas tradições, mostrando a saga dos retirantes, o vaqueiro, os
repentistas, as nossas riquezas, como as feiras, as praias, os nossos pássaros,
a vegetação da caatinga, além de cantar com a voz do protesto, denunciando
irregularidades e cobrando providências.
O forró é essência da nossa cultura. Agora, vem um ritmo denominado “plástico”
querendo fazer guerra. Primeiro, é preciso dizer que esse “plástico” é tudo,
menos forró. Segundo, isso é mais um modismo que como tantos outros passará.
Terceiro, é preciso que as autoridades, a exemplo do Ministério Público, investiguem
o que há por trás desse “plástico”, porque estamos presenciando órgãos públicos
despejarem rios de dinheiro da rubrica cultura para financiar
esse lixo, a tocar em praça pública, levando à nossa juventude apenas e
simplesmente o fomento à prostituição, à bebedeira, e, finalmente, à degradação
e desmoralização da mulher e da família.
No palco, bailarinas seminuas a dançar, como diz Pinto do Acordeon, sob o tom
da bateria que toca: “pra escapar, pra escapar, pra escapar”. O repertório é
único, todas as bandas tocam as mesmas músicas, o que implica dizer que é
preciso sempre o vocalista anunciar o nome daquela que está no palco.
As letras? Sem comentários. Mas, para termos uma idéia, vejamos: na música “Sou
Raparigueiro” as bandas, “cantam”: “...De segunda a segunda é viver de bar em
bar, / Cachaça e cabaré, raparigando sem parar / Segunda-feira bebo pra curar a
ressaca / Minha mulher já me mandou morar num bar.... / Na terça-feira os
amigos de cachaça / E tendo festa pra gente "bebermorar" / Na
quarta-feira, pega fogo cabaré e eu lá / Dentro bebendo, cheio de mulher, na
quinta-feira / Sexta-feira ia pra casa gerando, desmantelado / Amando e tomando
mé....”. Já na música “Cano de Ferro”, o povo escuta: “...Oh, gostosa, tá a fim
de relaxar / tá eu e meu amigo / / e aí? vai encarar? / Não fique assustada,
ele fica pra depois!/ O que é que você diz? / Um não, só quero os dois!! / vem
gostosa, que é isso que eu quero! / Vamos te pegar de jeito e dá-lhe de cano de
ferro! / vem gostosa, que é isso que eu quero! / Vamos te pegar de jeito e
dá-lhe de cano de ferro! / Relaxa! Vou dá-lhe de cano de ferro! / Relaxa! Vou
dá-lhe de cano de ferro!...”
Indago: Isso é cultura? Devemos continuar aceitando que o dinheiro público seja
destinado a financiar esse tipo de mensagem? Temos certeza de que não. A praça
é do povo e, estranhamente, estão negando-lhe a cultura. Esse plástico domina a
programação da mídia, cujas rádios e canais televisivos são concessões
públicas, mas, ao invés da divulgação da verdadeira cultura, estão, sim,
espalhando lixo sonoro. Estão eles a serviço de alguém? O que há por trás de tudo
isso? Só sei que gastam-se cem mil reais com a banda “x”, mais setenta mil
reais para a banda “y”, e a praça fica repleta de jovens ingerindo cachaça,
consumindo drogas, meninas e meninos desmaiando e por aí vai.
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