03 março 2013

O basta do Papa



A Igreja Católica é conhecida historicamente pela sua importância enquanto maior império religioso do mundo, bem como pela forma como ela adquiriu tamanho poder. Historicamente a influência de tal instituição consolidou-se através de inúmeras conquistas, muitas delas de cunho controverso, mas suficientes para que ele transforma-se de vez a religiosidade de grande parte da humanidade. A sua frente, a figura Papal representa o símbolo máximo de tal religião. Entretanto, mesmo com tamanha influência, a Igreja não foi capaz de manter viva a imagem quase etérea dos pontífices que lideram a fé cristã. A saída do Papa Bento XVI comprova isso e diz ainda que o tempo não foi o principal culpado pela desistência dele, mas sim inúmeras fissuras que ferem a por dentro a postura do Cristianismo.

O mundo ficou e ainda está estarrecido com a saída abrupta do Papa Bento XVI do cargo mais alto da Igreja Católica. Pela primeira vez na história, alguém tomou tamanha atitude, que assusta e ao menos tempo inquietam fiéis e estudiosos de todo o planeta. De fato, o pontífice, conhecido pelo conservadorismo e por uma postura antagônica sobre determinados temas, travou uma batalha feroz entre os seus princípios e os escândalos da instituição a qual estava à frente. Dentre os inúmeros casos, temas envolvendo práticas homossexuais, pedófilas, as quais eram praticadas por alguns religiosos, mancharam a já enegrecida imagem da Igreja Católica na atualidade. É engraçado perceber que nessa situação as questões ligadas a sexo e sexualidade, temas perseguidos pelo Cristianismo, acabaram se tornando os principais entraves para a saída do Papa.

Por mais que ele tenha dito que a velhice tenha sido o principal motivo da sua renúncia, é importante destacar que esse argumento foi potencializado pelos escândalos envolvendo o nome da santa igreja. Conhecida pelo seu rigor sobre determinados temas, ela hoje tenta se reerguer e voltar a ser aquela que imperou nos tempos áureos do Cristianismo. No entanto, a Igreja Católica não acompanhou os avanços modernos e acabou retrocedendo, sobretudo quanto ao entendimento de inúmeros assuntos, como aborto, homossexualidade e sexualidade em geral. Além disso, o avanço do protestantismo, e de diversos outros segmentos religiosos no mundo, corroborou bastante para a diminuição no número de fiéis católicos.

Esses temas, porém, por mais crucificados que fossem sempre se fizeram presentes, desde os variados templos católicos espalhados por toda a terra, até nos silenciosos corredores do Vaticano. Isto porque a prática do celibato não foi suficiente para conter os desejos mais humanos de bispos e cardeais. Relacionamentos homossexuais entre clérigos se tornou, nesse sentido, um dos temas mais polêmicos envolvendo o nome da Igreja. O Papa, que igual à instituição que comandava, era totalmente contra a tal prática, se viu muitas vezes sem argumentos para defender seus companheiros de religião que a todo o momento escandalizavam o Cristianismo com casos do tipo. Somado a isso, ainda tinha os mais chocantes casos envolvendo práticas pedófilas, as quais vêm sendo frequentemente noticiadas pela mídia.

Diante disso, Bento XVI resolveu dar um basta e manter a sua integridade física e mental preservadas. Desde o início ele enfrentou grandes desafios, como ganhar a confiança de um povo, que era apaixonado pelo seu antecessor, o Papa João Paulo II, e ainda reavivar a fé católica num mundo em constantes transformações. Acontece que em ambos os obstáculos o Papa não conseguiu ultrapassar. Por mais que a mídia faça essa divulgação astronômica sobre a sua saída, a verdade é que ele não era tão querido como estão dizendo por ai. Seu nome, bem como a sua relação com o Nazismo, criaram um perfil controverso na figura Papal. A sombra bondosa de João Paulo ainda permanecia viva na memória do povo, que estava acostumado com a imagem quase celestial do antigo pontífice.

Aliado a isso, a Igreja católica, um dos maiores impérios que a humanidade já conhecera, vive/sobrevive hoje por causa de uma tradição histórica que está arraigada na sociedade do mundo e, principalmente no Brasil, onde, segundo dizem, é o maior país católico do planeta. Por causa de alguns dogmas que foram perpetrados por ela, como a idealização da família, a abominação ao aborto e a homossexualidade e a preservação da vida, mesmo que em outrora ela tenha sido uma das maiores genocidas, são elementos suficientes para manter vivas as ruinas dessa instituição. No entanto, a cada nova polêmica lançada na mídia, a Igreja Católica se enfraquece e por essa razão o Papa Bento XVI resolveu por um fim no seu trabalho. Ele acabou envelhecendo ao lado de uma doutrina que insiste em não ser jovem, no sentido de atual, moderno.

Então, sabiamente ele encerrou seus trabalhos e conseguiu, com isso, chamar a atenção do mundo para a Igreja. É evidente que o peso da sua idade contribuiu significativamente para a sua renúncia. Até porque não é uma tarefa fácil representar uma igreja desse porte, viajar pelo mundo todo evangelizando e ainda por cima enfrentar as falhas da própria instituição. É um trabalho pesado e que requer constantes mudanças. Porém, dizer que isso foi suficiente para a desistência dele é esquivar-se da realidade “pecaminosa” que o catolicismo vem passando. Na verdade, Bento XVI resolveu desistir de lutar na obra de reconstrução da imagem Católica, deixando isso para o próximo pontífice, alguém mais jovem e, possivelmente mais moderno, capaz de conduzir a Igreja e seus fiéis e, quem sabe, contornar, as nebulosas que insistem em escurecer os corredores católicos de todo o mundo.

Um comentário:

  1. Nada mudará nesta instituição dogmática e arcaica ... penso q uma boa mudança seria não ter mais os tais Papas ...

    bjão

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