Brasil: Estamos sem voz!
A comunidade política existe num nível que não é idêntico à realidade
das pessoas. Não se pretende aqui, tratar de ideologias políticas, partidárias
ou místicas, o único interesse é fazer uma crítica à inércia e a falta de
competência do cidadão que não é capaz ou é impedido de ser e sentir-se parte
da engrenagem que chamamos cidade, sociedade, como sujeito opinativo, criativo
e participativo, que deveria ser estimulado e respeitado enquanto cidadão. No
entanto o corporativismo político encabresta cada vez mais os desejos e as
ações do homem justo.
Quem espera por uma República Militar, está no mesmo patamar daqueles
que querem um Brasil Monárquico. Estão atrás de um retrocesso político. Não é
um governo militar que irá melhorar o país ou um rei que irá acabar com a
corrupção e o mau caratismo político.
O Brasil precisa de uma reforma ampla, profunda e corajosa no sistema
político e econômico, que pode ser realizada por qualquer liderança política.
Precisamos de justiça para os justos, de leis que protejam o cidadão e o
estado, garantindo os direitos essenciais que permitam ao povo viver uma
democracia de fato. A voz do povo deve ter valor. Ditadura já existe, mudar de
sistema significa apenas mais burocracia e mudança de postos, troca de
cadeiras. Seis por meia dúzia, fica como está.
As coisas não estão boas, são muitas incertezas, muitas teorias e
ideologias pipocando e confundindo as pessoas, democracia, teocracia,
jesuscracia, militarismo, comunismo, parlamentarismo, seja qual for o modelo,
todos pretendem quebrar a constituição, quebrar as liberdades e os direitos do
povo. Uns sutilmente, outros sem o menor escrúpulo, em favor de méritos privados
e pessoais, que podem ser negociados livremente no mercado das preferencias
corporativistas.
A população precisa ser ouvida e atendida, a democracia, o governo do
povo pelo povo, está cada vez mais degradado, um lixo. A vontade do povo não
prevalece nem influencia as tomadas de decisão em nosso país, basta observar os
fatos que ocorrem nas casas legislativas, para se verificar os níveis da
qualidade e reconhecimento aplicados aos interesses populares.
Um ruralista, que não respeita a sustentabilidade ambiental, defende uma
agroindústria monopolizadora e assassina, que desrespeita seus trabalhadores, o
pequeno produtor, além de impor ao consumidor produtos de boa aparência, que
precisam da força do marketing para imprimir uma ilusão de status e saúde, que
verdadeiramente não agregam, preside a Comissão de Meio Ambiente, Defesa
do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal.
Um dublê de pastor e deputado, analfabeto social e cientificamente, que
politiza nos cultos e faz pregações religiosas na política, espalhando
preconceito e ódio ao falar de etnias, sobre os direitos dos homossexuais, além
de responder a processos por racismo, discriminação sexual, estelionato e
injuria, é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Ainda há aqueles que foram condenados, não sei a quem cabe julgar se o
mensalão existiu ou não, se foi ou não linchamento político, assim como não é
possível definirmos se as condenações foram justas ou injustas. O que interessa
neste evento, é que os condenados estão circulando livremente usando e abusando
de direitos parlamentares. Além de ocuparem cadeiras na Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania. Um exemplo claro de que as leis são
elaboradas para proteger grupos de interesses e seus próprios elaboradores,
nada mais.
Como presidente do Senado, temos um senador que em outra gestão precisou
renunciar ao cargo para não ter os direitos políticos cassados. O sujeito é
campeão em processos arquivados que envolvem todo tipo de falcatruas com o
dinheiro público. De volta ao seu ninho, ganha dos colegas de trabalho, a
presidência da casa, apesar de toda a rejeição popular, que lembra ao resto do
país a existência da Lei Ficha Limpa.
Na trilha das improbidades, também está o presidente da Câmara dos
Deputados, que vem empurrando a força de recursos, a quebra de seu sigilo
fiscal e bancário, bem como de suas empresas, sendo acusado de manter
ilegalmente dinheiro fora do país. Somente para não esquecer, há também aquele
palhaço semi-analfabeto que foi campeão de votos.
São inúmeros os casos de parlamentares com denuncias e processos em
andamento, que em detrimento da vontade popular, continuam suas vidas normais,
fazendo o seu trabalho normal de "político". Como se não bastassem
tantas atrocidades praticadas por nossos "supostos representantes", a
Procuradoria da Câmara quer controlar a internet para tirar do ar vídeos e
comentários que desagradam aos parlamentares. Mas isso não é censura, é
controle de informação sem qualidade. O interessante de tudo isso, é que a medida
protege imediatamente um ou dois parlamentares, que adivinhem, também estão no
centro de denúncias e processos.
Diante de todo este quadro, apenas uma pequena parcela da sociedade tem
a capacidade de indignar-se, ao perceber que não são ouvidos em suas queixas e
reclamações, não se veem acolhidos pelo estado que promete através de
representações políticas a manutenção dos direitos humanos. O sistema
contaminado e corrupto não dá ouvidos aos clamores populares, manifestações em
praças públicas, marchas, cartas abertas, abaixo assinados, petições físicas ou
virtuais, não servem para nada.
Para completar, existe uma classe de conservadores e ultraconservadores,
que limitados por conceitos ineptos de moralismos sobre a família e sobre o
comportamento social, não entendem que se já houve ordem social melhor do que
há hoje, certamente foi destruída desde a Revolução Industrial, que tirou o
homem de uma vida de subsistência, para uma vida de "sub existência".
O capital e o trabalho, fez das sociedades o que elas são hoje. Mesmo a
despeito dos processos educacionais contemporâneos, que tentam há 300 anos
promover o sujeito crítico e autônomo, remando contra a maré, pois todo o
sistema é globalmente utilitário e anarcocapitalista, sem o estado mínimo, onde
é possível perceber que capital e estado estão intrincadamente interligados.
Piorando, estes conservadores, fingindo-se indignados e exaltados com as
mazelas sociais, creditam a alta criminalidade, a falta de recursos para a
educação, para a saúde, a falta de moradia e emprego, a este ou aquele sistema
de governo, em clima de desespero político e muita desestabilização da
consciência social, fazem um sensacionalismo midiático que embebedam a
população, e ficam a fustigar velhas caveiras, colocando carnes nos seus ossos
ressecados, alegando uma sugestão de ordem, sem perceberem que nada mudará a
condição humana.
Estamos caindo num poço de "inexistencialismo" individual,
social e político, valemos apenas pelo nosso voto, por nossa força de trabalho,
após isso é sentar e calar. A voz do povo nunca foi a voz de Deus.
Sempre nos enganaram, de agora em diante, tudo está mais evidente.
Visto no blog: Altair Ramos
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