15 outubro 2012



Para fazer parte de determinados mundos, o ser humano precisou seguir certos modelos sociais que foram paulatinamente sendo incorporados a sua rotina. Tal inserção não é algo recente, já que, historicamente, o homem sempre buscou formas de se manter agrupado, em comunidades, até por uma questão de sobrevivência. Este papel de unir pessoas semelhantes, numa cadeia, é exercido, na atualidade, pelas redes sociais. Elas que povoam a internet com suas múltiplas funções, modelos variados e nomes bem distintos, porém, com o mesmo propósito: aproximar pessoas através de mecanismos simples, dos quais com uma simples dedilhada é possível reencontrar aquele amigo esquecido ou parente distante. No entanto, a popularização desses veículos acabou desconfigurando o seu real papel de unificar, criando mundos paralelos, onde os usuários, às vezes isolados, não conseguem distinguir o real do virtual.

A popularização das redes sociais tem atraído um número cada vez maior de indivíduos. Iludem-se aqueles que pensam que as facetas desse mundo são atrativas apenas ao público mais jovial. Adultos e muitos idosos também fazem parte da rede de pessoas conectadas ao magnetismo desse ambiente. No entanto, ao passo que se estreitam as relações virtuais, distanciam-se, por outro lado, as relações sociais restritas ao ambiente familiar, colegial e até mesmo amigacional. As famílias “modernas” não conversam mais entre si. São filhos indomados, pais desorientados, culminando na formação de indivíduos vazios, artificializados, totalmente desconectados do humano que habitam dentro de si. Ao contrário disso, são formadas pessoas mecanizadas, pequenos androides que irão reproduzir o que veem, leem, apreendem e aprendem dentro dessas redes, como verdades absolutas.

Também há na utilização desses veículos uma forma de humanizar aqueles que na vida real não tem vida. O simples ato de curtir e ser curtido, compartilhar e ser compartilhado, faz com que indivíduos mais introspectivos ganhem visibilidade, destacando-se numa cadeia de outros seres sem vida em busca de holofotes para se sentirem ativos e, por fim, vivos. São pessoas tímidas, ou antissociais, que se mostram super populares e comunicativas, a partir do momento que criam um perfil nessas redes. Quem não conhece alguns casos de pessoas introvertidas, pacatas ou altamente isoladas que quando fizeram uma conta nas redes sociais se transformaram por completo? Exemplos não faltam. Há cada vez mais indivíduos que encontram nessa ferramenta a chance de existirem de fato. O problema é quando essa matrix acaba sobrepondo-se a realidade, atingindo a percepção dos dois mundos.

A quantidade de seguidores (“amigos”); a qualidade das fotos, bem como os melhores ângulos delas; o grau de intelectualidade das mensagens que são curtidas e compartilhadas. Tudo isso é avaliado numa escala de importância para mais ou para menos, de acordo com os adornos que enfeitam os milhares de perfis que povoam os campos da internet. Devido a essa fartura, sérios problemas acabam surgindo. Os jovens, por serem mais propensos as vicissitudes da modernidade, tornam-se presas fácies nas mãos de internautas mal intencionados que encontram na ousadia de algumas fotos a chance de aliciar os pueris ao ponto de ampliar os índices de pedofilia e cyberbullying que se proliferam pela net. Além disso, pessoas com baixa autoestima constroem uma falsa ilusão de si mesmas, criando duplas, triplas e múltiplas personalidades, que são álter egos eletrônicos, os quais se manifestam de acordo com os desejos do usuário. Tal atitude é insalubre para ambos os lados, tanto para quem se ilude ao criar personagens de si mesmo, quanto para quem acredita nelas.

Parece que essa cadeia de mentiras é o que alimenta a vida nas redes sociais. As pessoas preferem se enganar, postando coisas que não acreditam, compartilhando mensagens que não traduzem o que elas realmente gostam e curtem de forma demasiada tudo o que é curtido por todos, como forma de sinalizar que elas fazem parte daquele contexto. Há nesses atos a necessidade de pertencimento, de fazer parte deste ou daquele mundo onde todos são inteligentes, bem informados e altamente sociáveis. Tamanha hipnose poderia ter um lado positivo, se pelo menos a metade de todos aqueles que se utilizam das redes sociais todos os dias expressassem genuinamente o seu eu, ao invés de disseminar ideologias encapsuladas em subterfúgios que não correspondem ao âmago dos indivíduos que usufruem dessas redes. Isso pode ser reflexo de uma sociedade doentia, que prefere enganar seus problemas, elaborando escapismos nos quais a representação da vida crua, pode ganhar uma conotação menos dura se receber uma dose de fantasia.

De certa forma, essa postura é o reflexo da carência humana de não estar, nem permanecer, sozinho no mundo. Sabendo disso, talvez o sucesso de tais redes seja justificado, a priori, como algo positivo, pois é uma ferramenta capaz de aproximar pessoas distantes, unificar aqueles que comungam de pensamentos e ideologias semelhantes e ainda dá a chance de popularizar aqueles que na vida real são mais inibidos. Em contrapartida, não se pode desconsiderar que a periculosidade dessas redes reside na desumanização da sociedade, a partir do momento que o virtual mistura-se ou esmaga o mundo real e a pessoa acaba perdendo a sensibilidade de beijar, abraçar, conversar, discutir, festejar, amar, etc., características inatas ao ser humano e que podem ser trancafiadas no corpo como microchips andantes. O homem precisa estar em contato, com outras pessoas para se humanizar e saber que não é superior nem tão pouco inferior a ninguém, mas membro de uma grande árvore genealógica da qual todos somos parentes. Seja esta árvore vegetal, seja cibernética, o que ele não pode é deixar de ser humano.



Tema: Como entender o ser humano?

Entre o ser e o saber

Nomenclatura oficial da espécie humana, Homo sapiens quer dizer homem sábio, aquele que sabe. Em se tratando, contudo, das normas morais e éticas, ele sabe o que é certo e o errado, mas deixa-se atrair por caminhos muitas vezes inadequados, como é o caso da intrínseca individualidade. Porém, não há como o homem progredir social e cientificamente se ainda há mistérios no íntimo humano a serem descobertos, sendo os sentimentos controversos os principais responsáveis pela infinidade de comportamentos inerentes ao seres humanos.

Por maior que seja a ânsia por conhecer o desconhecido e conquistá-lo, o ser humano depara-se com atitudes que o impedem de seguir adiante. Seu erro, entretanto, é desejar explorar o universal quando sequer domina o pessoal. Em outras palavras, porque almejar objetivos tão grandiosos quando ainda não é possível conhecer psicologicamente o ser humano, seus sentimentos e concepções? Como escreveu Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, “ao acabarem [as conquistas] só resta ao homem a dificílima viagem de si a si mesmo”. Neste sentido, um dos fatores que impedem a sociedade de progredir em suas obstinações é a falta de conhecimento pessoal.

Apesar de, cientificamente, o ser humano ser considerado a espécie de maior sucesso, sua sabedoria é facilmente distorcida por “cortesias” que o fazem valorizar o “ter” em detrimento do “ser”. É o caso da corrupção, na qual uma parcela da população é favorecida quando uma maioria carrega o peso de uma nação injusta e desigual. Não há uma explicação lógica para o fato de o homem, ao mesmo tempo em que é intelectual, solidário e capaz, ser absurdamente corrupto e imoral. O desconhecimento do “eu”, então, proporciona caminhos favoráveis para tais contradições.

Sem autocrítica ou autocontrole, entre outros “autos”, as pessoas tornam-se susceptíveis a atos que, muitas vezes, ferem os direitos humanos, e isso requer uma reflexão concisa de quem é e o que pensa, bem como o que quer o ser humano. O ideal seria descobrir, de fato, esta espécie que pensa, que sente, que sabe, e colonizá-la a fim de extrair atitudes fortemente humanitárias. Apenas desta forma, o homem conhecerá, segundo Drummond, a “alegria de com-viver”.

Aluna: Ana Carolina Lima
Prof. Diogo Didier


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.


Mais Uma Vez

Renato Russo


Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.

Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está

Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém

Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo

Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!



Ei! Sorria... 
Mas não se esconda atrás desse sorriso...
Mostre aquilo que você é, sem medo.
Existem pessoas que sonham com o seu sorriso, assim como eu.
Viva! Tente! A vida não passa de uma tentativa.


Ei! Ame acima de tudo, ame a tudo e a todos.
Não feche os olhos para a sujeira do mundo, não ignore a fome!
Esqueça a bomba, mas antes, faça algo para combatê-la, mesmo que se sinta incapaz.
Procure o que há de bom em tudo e em todos.
Não faça dos defeitos uma distancia, e sim, uma aproximação.
Aceite! A vida, as pessoas, faça delas a sua razão de viver.
Entenda! Entenda as pessoas que pensam diferente de você, não as reprove.


Ei! Olhe... Olhe a sua volta, quantos amigos...
Você já tornou alguém feliz hoje?
Ou fez alguém sofrer com o seu egoísmo?


Ei! Não corra. Para que tanta pressa? Corra apenas para dentro de você.
Sonhe! Mas não prejudique ninguém e não transforme seu sonho em fuga.
Acredite! Espere! Sempre haverá uma saída, sempre brilhará uma estrela.
Chore! Lute! Faça aquilo que gosta, sinta o que há dentro de você.


Ei! Ouça... Escute o que as outras pessoas têm a dizer, é importante.
Suba... faça dos obstáculos degraus para aquilo que você acha supremo,
Mas não esqueça daqueles que não conseguem subir a escada da vida.


Ei! Descubra! Descubra aquilo que há de bom dentro de você.
Procure acima de tudo ser gente, eu também vou tentar.


Ei! Você... não vá embora.
Eu preciso dizer-lhe que... te adoro, simplesmente porque você existe.



Salmo 90
Sitael

DEUS, PROTETOR DOS JUSTOS


1. Deus,
eu moro sob a proteção do Altíssimo
e descanso à sombra do oponente.

2. Digam todos:
"O Senhor é meu refúgio e
meu escudo,
meu Deus em quem confio."

3. Porque o Senhor há de livrá-lo
do laço do caçador e das doenças
perigosas.

4. Com Suas penas o cobrirá
e o abrigará sob Suas asas.
Escudo, verdade e aliança são lealdade divina.

5. O filho que crê no Pai
não teme jamais,
nem à noite nem à luz do Sol,

6. as doenças que se propagam
ou os flagelos que arrasam o dia.

7. Podem cair mil a Seu lado,
e à direita, mais dez mil,
mesmo assim nada O atinge.

8. Inclinará os Seus olhos em tudo,
e verá que o caminho contrário
não leva a nada.

9. Pois Ele é de fato
meu refúgio.
Sinto-me confortado
no Senhor Altíssimo.

10. Nada poderá me atingir.
Em minha casa não haverá doenças
nem desavenças.

11. Pois o Senhor deu ordens aos anjos
para que guardasse Seu filho por
onde quer que Ele caminhe.

12. Eles irão levá-lo,
segurando suas mãos,
para que não machuque
os pés nas pedras.

13. Andará por sobre os
contrários mais temíveis, como
o leão, o dragão...
E Seu filho pisará a salvo.

14. Porque quem está unido ao Senhor
estará salvo e protegido.

15. "Se invocado,
Eu ouvirei.
Serei Seu amigo nos momentos
mais difíceis
Eu lhe darei a salvação e a glória.

16. Darei fartura, prolongando a vida.

...amém...