Por Reginaldo Lordannos* 
Direitos? Igualdade? Paz? Meu povo não conhece 
o significado dessas palavras, meu senhor. Muito menos o que é vivenciá-las. 
Infelizmente o Direito ainda tem cor, a Paz ainda tem credo e a Igualdade ainda 
tem classe social. 
Estou cansado, cansado de querer uma Igualdade 
que me difere, um Direito que me acusa e uma Paz que me atormenta. Exausto de 
dizer pra minha gente que um dia seremos todos iguais, que teremos paz e que 
nossos direitos serão reconhecidos. 
Força? Que força, meu senhor? Não tente 
adjetivar positivamente meu sofrimento, minha dor e meus direitos 
negligenciados. Desde que meu povo foi retirado brutalmente da África, sua vida 
tem sido marcada por desgosto. 
Minha gente anda tão desiludida de não ter 
Direitos, Igualdade e Paz que quer apenas Respeito. Olha a que pontos chegamos, 
meu senhor. Pedir o que deveria ser naturalmente garantido. Respeito! 
Senador? É esse o seu título não é mesmo? É 
esse o seu cargo? Então é você o homem eleito por estas tantas minorias 
humilhadas, esquecidas e forçadamente invisibilizadas para a sociedade. O que 
houve com o seu compromisso social? O que houve com os Direitos desses cidadãos 
que não são da sua cor, da sua religião, da orientação que o senhor professa 
ser, que não pertencem a sua roda de amigos? 
É vergonhoso, meu senhor, ver um país trigueiro 
negar suas origens nos Censos aplicados. Uma nação tão rica em diversidade 
cultural como a nossa, graças as suas várias etnias, poderia ser motivo de 
orgulho nacional e exemplo para o mundo. 
Minha gente está farta de adaptar sua fé, seus 
costumes e manifestações culturais para ser aceita. A verdade é que estamos 
todos enojados com tanta hipocrisia, com tanto preconceito velado, disfarçado, 
enfeitado e por fim negado.   
Essa gente de cabelo ruim! É assim que se 
referem ao nosso estilo, meu senhor. Ruim? Ruim é a ignorância e o racismo que 
se encontram escondidos atrás dessas palavras. A dor e o estalar da chibata 
ainda ressoa em nossos ouvidos toda vez que é preciso criar uma Lei para que não 
sejamos desrespeitados, agredidos ou mortos.  
Minha dignidade é diariamente questionada pelo 
simples fato de ser pobre. Então, não queira tornar meu fardo ainda mais pesado 
menosprezando-me pela minha cor, pela minha orientação, pelo meu sotaque e 
tantos outros motivos pequenos que nos diferencia. 
Aprendi que não devemos nos abater pelas 
injustiças, que não devemos nos calar diante das ofensas, porque não devemos 
nada a ninguém. Ainda esperamos pelo dia que nossas diferenças servirão apenas 
para nos qualificar e não para nos distanciar.  
Minha gente ainda precisa se impor, se dispor, 
incomodar, bradar, reclamar e reafirmar a sua posição de cidadão de uma nação 
que nega a seus filhos o pão da sobrevivência que os manterá na decência de 
civil honesto e disposto a procurar um posto pra chamar de seu. 
Numa sociedade onde a Ordem ainda não está 
estabelecida não haverá Progresso. 
* Reginaldo Lordannos é estudante de 
Artes Cênicas e Agente Cultural pela CIMA Produções Artística
.png) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Muito bom esse texto, Igualdade, Direito e Paz longe de serem alcançados mas não impossiveis, tenho esperança.
ResponderExcluir