Carlos Alberto Di
Franco
Impressiona-me o
crescente espaço destinado à violência nos meios de comunicação. Catástrofes,
tragédias, crimes e agressões, recorrentes como chuvaradas de verão, compõem
uma pauta sombria e perturbadora. A violência não é uma invenção da mídia. Mas
sua espetacularização é um efeito colateral que deve ser evitado. Não se trata
de sonegar informação. Mas é preciso contextualizá-la. A overdose de violência
na mídia pode gerar fatalismo e uma perigosa resignação. Acabamos, todos,
paralisados sob o impacto de uma violência que se afirma como algo irrefreável
e invencível. E não é verdade.
Os que estamos do
lado de cá, os jornalistas, carregamos nossas idiossincrasias. Sobressai, entre
elas, certa tendência ao catastrofismo. O rabo abana o cachorro. O mote,
frequentemente usado para justificar o alarmismo de certas matérias, denota, no
fundo, a nossa incapacidade para informar em tempos de normalidade. Mas, mesmo
em épocas de crise (e estamos vivendo uma gravíssima crise de segurança
pública), é preciso não aumentar desnecessariamente a temperatura. O jornalismo
de qualidade reclama um especial cuidado no uso dos adjetivos. Caso contrário, a
crise real pode ser amplificada pelos megafones do sensacionalismo. À gravidade
da situação, inegável e evidente, acrescenta-se uma dose de espetáculo e uma
indisfarçada busca de audiência. O resultado final é a potencialização da
crise.
Precisamos, ademais, valorizar editorialmente inúmeras iniciativas que tentam construir avenidas ou ruelas de paz nas cidades sem alma. A bandeira a meio-pau sinalizando a violência não pode ocultar o esforço de entidades, universidades e pessoas isoladas que, diariamente, se empenham na recuperação de valores fundamentais: o humanismo, o respeito à vida, a solidariedade. São pautas magníficas. Embriões de grandes reportagens. Denunciar o avanço da violência e a falência do Estado no seu combate é um dever ético. Mas não é menos ético iluminar a cena de ações construtivas, frequentemente desconhecidas do grande público, que, sem alarde ou pirotecnias do marketing, colaboram, e muito, na construção da cidadania. É fácil fazer jornalismo de boletim de ocorrência. Não é tão fácil contar histórias reais, com rosto humano, que mostram o lado bom da vida.
A violência está aí. E é brutal. Mas também é preciso dar o outro lado: o lado do bem. Não devemos ocultar as trevas. Mas temos o dever de mostrar as luzes que brilham no fim do túnel. A boa notícia também é informação. E, além disso, é uma resposta ética e editorial aos que pretendem fazer do jornalismo um refém da cultura da violência.
Precisamos, ademais, valorizar editorialmente inúmeras iniciativas que tentam construir avenidas ou ruelas de paz nas cidades sem alma. A bandeira a meio-pau sinalizando a violência não pode ocultar o esforço de entidades, universidades e pessoas isoladas que, diariamente, se empenham na recuperação de valores fundamentais: o humanismo, o respeito à vida, a solidariedade. São pautas magníficas. Embriões de grandes reportagens. Denunciar o avanço da violência e a falência do Estado no seu combate é um dever ético. Mas não é menos ético iluminar a cena de ações construtivas, frequentemente desconhecidas do grande público, que, sem alarde ou pirotecnias do marketing, colaboram, e muito, na construção da cidadania. É fácil fazer jornalismo de boletim de ocorrência. Não é tão fácil contar histórias reais, com rosto humano, que mostram o lado bom da vida.
A violência está aí. E é brutal. Mas também é preciso dar o outro lado: o lado do bem. Não devemos ocultar as trevas. Mas temos o dever de mostrar as luzes que brilham no fim do túnel. A boa notícia também é informação. E, além disso, é uma resposta ética e editorial aos que pretendem fazer do jornalismo um refém da cultura da violência.
Carlos
Alberto Di Franco
É doutor em
Comunicação pela Universidade de Navarra
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