09 julho 2011

Marcha para Jesus ou para matar?

A Marcha para Jesus nasceu em Londres, no ano de 1987, fundada pelo pastor Roger Forster. Após a primeira, outras tantas já aconteceram e vem acontecendo, inclusive aqui no Brasil, como foi o caso da 19ª ocorrida em São Paulo que atraiu aproximadamente um milhão de pessoas de vários credos cristãos. Dentre os objetivos da Marcha está o de trazer as igrejas para a rua, porém a de São Paulo não teve só esse objetivo, pois entre outros estava o de pregar o ódio aos homossexuais. A crítica à decisão do STF do direito à união estável entre pessoas do mesmo sexo e o veto ao PL 122.

Tudo isso promovido pelos lideres evangélicos, ou melhor, pseudoevangélicos como Bispo Crivella, Pastor Malafaia e certamente com o aval do deputado Bolsonaro. De acordo com meus cálculos, se cada pessoa da Marcha para Jesus, incitada pelo discurso desses senhores, resolvesse aderir à fala deles, teríamos um homossexual morto a pauladas, “lampadadas”, facadas ou tiros, resultando, assim, aproximadamente um milhão de homossexuais mortos. Tudo isso pelo simples fato do ódio pregado “em nome de Jesus”, justamente em nome do homem que foi crucificado e morto por ser oposição à opressão, às injustiças, às discriminações e à falta de amor ao próximo.

Uma contradição desses líderes à própria ideologia da doutrina do Cristo verdadeiro. O Brasil vive atualmente uma efervescência do Cristianismo com força maior no Protestantismo. Isso tem atraído muita gente para as religiões evangélicas, o que deveria ser “uma bênção” (expressão usada pelos cristãos para se referir a coisas boas), mas que do meu ponto de vista não tem sido. Isso porque as pregações e os discursos usados por alguns “servos do Senhor” estão carregados de ódio, machismos, racismos, intolerâncias e homofobia; colocando em risco a paz e o amor tão pregados pelo nosso senhor Jesus Cristo. Desse modo, estão abandonando o verdadeiro Cristianismo que versa sobre o amor incondicional (ver episódio de Madalena e o apedrejamento assim como o do espinho da carne de Paulo), sobre o amor altruísta, sobre a caridade, e em oposição a isso reforçam violência.

Na Marcha para Jesus em São Paulo os líderes religiosos Malafaia e Crivella incitavam com seus discursos o povo à violência aos homossexuais, e quando se trata de povo, deve-se ter cuidado como se faz oposição a qualquer assunto, pois as conseqüências podem ser danosas. O Cristianismo aqui no Brasil precisa ser repensado, re-avaliado, pois se isso não ocorrer, em pouco tempo seremos testemunhas de chacinas a homossexuais, a usuários de maconha, a povos de religião de matrizes africana e indígena e a toda pessoa que não comungue do mesmo pensamento pseudo-cristão, e tudo isso ocorrerá “em nome de Deus”. O que é um grande equivoco, pois o verdadeiro Cristo Jesus não é e nunca foi racista, homofóbico, machista e intolerante. Muita paz, muito axé.

Prof. Carlos Tomaz

Coordenação de formação da REDE AFRO LGBT

Um comentário:

  1. Não é só no Brasil que o cristianismo precisa ser repensado, mas principalmente no coração ganancioso e preconceituoso das principais lideranças cristãs do mundo.

    Bj!

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