17 junho 2010

O valor do Discurso na Construção da Sociedade




O discurso sempre foi, e ainda é usado como arma de persuasão para convencer o interlocutor sobre um determinado ponto de vista. Nas suas diversas facetas, ele pode ser um mecanismo poderosíssimo na construção ou desconstrução de ideias e conceitos. O discurso falado, por exemplo, torna-se um instrumento perigoso, nesse sentido, quando não é analisado no ato da sua propagação, pois ocasiona a formação deturpada da realidade circundante. Sabendo disso, muitos políticos utilizam da boa retórica, a arte do bem falar, para ludibriar as pessoas com promessas que, muitas vezes não são cumpridas.

Antes de tudo, é louvável mencionar que todas as formas de produção textual, falado e escrito, constituem o todo que é o discurso. Este, por sua vez, é uma unidade de sentido direta entre as pessoas, de modo que essa proximidade acaba resultando em inúmeras interpretações. Conhecendo essa multiplicidade, alguns políticos usam o efeito que o discurso pode causar para atingir uma massa afligida pelos problemas de ordem socioeconômicos e culturais. O resultado disso não poderia ser pior: o Brasil está entre os países com mais políticos corruptos no mundo. Mas será que só analisar o discurso é o suficiente na hora de escolher um bom candidato nas eleições?

Acredito que sim. Mesmo que o discurso seja uma faca de dois gumes, é sempre necessário conhece-lo antes de votar no discurso de determinados candidatos. Infelizmente, boa parte da sociedade é desprovida de conhecimento político e, principalmente educacional. Isso acaba prejudicando o voto de algumas pessoas, já que para elas pouco importa o que o candidato falou ou falará. O que realmente importa é ter o beneficio do governo na sua conta no fim do mês. Sabendo disso, muitos políticos criam argumentos bem elaborados, unidos com uma boa oratória, que dificilmente serão questionados pela massa. Essa atitude desonesta é usada pelos candidatos oportunistas que só querem conseguir o número de votos suficiente para a sua candidatura.

Frases rimadas também são utilizadas no discurso para convenser o eleitorado. Historicamente, muitas delas ficaram na mente dos brasileiros e até hoje se perpetuam. Uma clássica é essa propagada por um grande político do país, do qual eu não prefiro citar o nome: “quando o poder do amor se sobrepor ao amor ao poder, o mundo conhecerá a paz”. Linda frase! Diriam a grande maioria da população. Entretanto ela foi dita por um dos políticos mais corruptos da história do Brasil.

Esse tipo de mensagem é divulgada livremente nos meios midiáticos com a intenção de fixar na mente do eleitor as propostas “benéficas” dos candidatos. Além , é claro, dos shows pirotécnicos promovidos em ruas e avenidas, geralmente de comunidades carentes, onde o discurso da mudança de vida impera. Possa ser que tudo isso que está sendo discutido aqui já seja sabido do leitor, visto que a corrupção é um dos temas mais falados de todos os tempos. No entanto, acredito que poucos observaram a questão pelo viés discursivo, pois, lamentavelmente, a maior parte da população está fadada a reproduzir o que o outro disse, sem decodificar os meandros por onde passam a mensagem.

A sociedade precisa entender que por trás de cada discurso há uma intenção que, nesse caso, seria obter o maior numero de votos possível para continuar, muitas vezes, usurpando o dinheiro público. Para que isso não aconteça, ou, pelo menos diminua, é preciso que a sociedade encare o discurso como instância máxima no conhecimento da fala do outro, seja esta de ordem política ou não. Fazendo esse reconhecimento, as pessoas estarão mais propicias a desanunvear certas ideologias escondidas dentro de cada discurso.

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