Recentemente uma pesquisa realizada pelo IPEA (Instituto
de Pesquisas Econômicas e Aplicadas) gerou enorme polêmica em todo país. Ela
mostrou que 65% dos brasileiros acham que mulheres que usam roupa curta
“merecem” ser estupradas. Isso causou revolta em muitas feministas que
protestaram na internet com o incentivo inicial da jornalista e ativista Nana
Queiroz. Protesto este que mobilizou várias famosas inclusive a presidente do
Brasil via redes sociais numa luta contra uma sociedade moralista e patriarcal.
Embora tenha havido
uma suposta troca de gráficos e o novo resultado divulgado pelo IPEA tenha sido
de 26% da população que concorda com a afirmação em questão (Mulheres “merecem”
ser estupradas por usar roupa curta), ainda assim a porcentagem é altíssima
levando em consideração todos os direitos já alcançados pelas mulheres em nosso
país. Fazendo uma analogia com as mulheres muçulmanas, por exemplo, que usam
burca, se o problema realmente fossem as roupas, os países muçulmanos deveriam
ter índice de estupro 0%.
O resultado
alarmante divulgado por essa pesquisa só demonstra o quão pré-histórica é a
sociedade em que vivemos, onde um grande número de pessoas ainda associa roupas
longas à “decência”, roupas curtas à “vulgaridade”, e onde o fato de as
mulheres usarem shorts ou saias curtos justifica uma agressão sexual bárbara
como o estupro, como se por usarem esse tipo de roupa “pedissem” para serem
agredidas. Como se fossem culpadas por atiçar o “extinto animal e selvagem” de
estupradores em potencial.
Também não podemos
culpar as mulheres por outro simples motivo: nosso país está acostumado a
tratar o estupro como uma “brincadeira”. Isso é perceptível nas propagandas,
nos filmes, nas novelas, nos programas de humor. Então, cria-se a ideia de que
isso é “normal”. Portanto, não se pode culpar a mulher por usar roupa curta,
deve-se culpar a mídia por propagar a ideia de que estupro é engraçado, deve-se
culpar o governo pela falta de punidade severa ou pela impunidade para essa
epidemia que se tornou o estupro.
Um blogueiro, em
relação à pesquisa, se pronunciou afirmando: “A culpa não é da mulher, mas
tenho certeza que ‘moças de respeito’ correm menos risco de serem estupradas”.
Como se define “moças de respeito”? O que se entende por vulgaridade? É por causa
de pensamentos como esses que nosso país não evolui quando se trata desse tema.
Sendo assim, a culpa definitivamente não é da mulher, pois ela tem a liberdade
de usar a roupa que quiser, ainda mais em um país tropical como o nosso, mas a
culpa é sim de uma sociedade inteira, machista e contraditória.
Aluna: Larissa Cassiano
Professor: Diogo
Didier
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