19 maio 2013

Quebrando o muro do silêncio que cerca o aborto



Más condições econômicas e abusos sexuais são dois entre tantos fatores que contribuem para o aborto no Brasil. Por mais clichê que pareça, essa questão deve ser repensada, pois não é só a vida da criança que está em jogo, mas também a da mãe, que muitas vezes é julgada por escolher o que seria melhor para si, ao invés de seguir à risca as imposições da sociedade. O reflexo desse julgamento é possível ser observado na quantidade de abortos clandestinos.

Em uma nação que vive com um pé no futuro e o corpo no passado, percebe-se que parte da população ainda acredita que o homem é o líder e a mulher deve submeter-se a ele, ao mesmo tempo em que não aprovam sua decisão de abortar quando ela é abusada sexualmente. Muitos não percebem que assim como o bebê foi gerado isento de amor, também o seu desenvolvimento poderá ser. Preferem que essas mulheres deixem vir ao mundo uma criança que foi fruto de um abuso e corre o risco de ser abandonada pela mãe.

Infelizmente, a falta de apoio e estrutura nos hospitais faz com que as mulheres recorram a métodos abortivos clandestinos pondo em risco a sua vida. Segundo pesquises do IBGE desde 1989 em todo o Brasil foram feitos apenas 205 abortos legais, enquanto 1,4 milhões de abortos ilegais são efetuados por ano. Visando sanar isso, em 2010 foi aprovado o projeto bolsa estupro com a finalidade de reduzir o número de abortos dando um estímulo de um salário mínimo durante 18 anos. O Estado não percebe que além das questões financeiras existem também as psicológicas.

É importante destacar que os fatores econômicos também são importantes para decidir se uma família terá condições de arcar com as despesas de criar um filho. Aqueles que não têm possibilidades de suprir suas necessidades dificilmente suprirão as de uma criança. Mesmo sofrendo, muitas mães optam por abrir mão da gravidez a fazer com que essa criança venha crescer em um lar onde lhe faltará conforto e uma boa alimentação.

Portanto, abortar não é só uma questão de querer ou não ter um filho. Espera-se as mulheres adquiram mais autonomia, passando assim a tomar as próprias decisões observando se os fatores a sua volta favorecem o nascimento de uma criança sem as prejudicar.  Espera-se também que os serviços de saúde pública prestem o apoio necessário a essas mães, pois assim acabariam os abortos clandestinos e, consequentemente o número de mortalidade diminuiria.


Aluna: Juliana do Nascimento Ferreira
Professor: Diogo Didier

2 comentários:

  1. Que bom que tens levado tuas reflexões com seriedade e profundidade aos teus alunos...! Parabéns!

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  2. Queísmo reinando, mas o texto em si ficou maravilhoso! Parabéns!

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