Viver
numa sociedade viciosa tem sido a realidade de muitos povos ao redor do mundo.
O padrão estético tem acomodado as pessoas a escolherem pelo estereótipo ao
invés de avaliar a sensatez e o caráter das pessoas fora do padrão físico.
Cerca de mais da metade da população mundial, no atual
século, prende-se aos padrões de beleza moderna. Academias têm ganhado ainda
mais frequentadores, clínicas estéticas tem triplicado o ganho mensal, levando
em conta que esse grande número cresce à medida que a concorrência aumenta. É
um mundo que se torna cada vez mais padronizado de forma geral.
Adentrar a uma política física deveria em sumo ser algo para
benefício da saúde em prol de si mesmo. No entanto, com o aumento na demanda de
anabolizantes, esteroides e outras drogas musculares, a saúde tem ficado em
segundo plano na mente de quem preza pela perfeição do corpo como arma de
sedução, de impressionismo ou mesmo de trabalho.
O interesse pela beleza tem substituído os hábitos que faziam
das pessoas belas por natureza. Foi-se o tempo em que alguém se apaixonava por
outra por vê-la lendo algo interessante, ou mesmo rabiscando poemas nas últimas
páginas do caderno. Não aqueles namoros antiquados, mas os namoros sinceros,
que respeitavam e jamais colocavam a beleza como fator primordial de escolha.
Hoje em dia, se você não fizer parte da massa, certamente não
fará parte da sociedade que domina. Uma classe burocrática até na estética
alheia, que aliena, modifica até a maneira de pensar. As pessoas estão deixando
de ser quem são para ser quem todo mundo quer que sejam. Não percebem, mas
estão perdendo sua essência dia após dias em cada gota de suor derramado no
exagero das academias, nas cinco ou dez colheres de esteroides disfarçados de
compostos naturais.
O planeta está perdendo a essência que o fazia lindo. O amor
ao corpo pisoteia o amor à essência, ao caráter propriamente dito. Falta
consciência, relatividade e aceitação ao que se foi e ainda luta pra ser.
Infelizmente, é cada vez maior o número de seres pré-programados para
supervalorizar o corpo e esquecer-se de supervalorização da mente. Enquanto
metade do mundo se perde em alienação física, outra metade caminha a passos
largos em busca da aceitação social. Beleza é relativo, a partir do momento que
você modifica seu corpo, perde o valor, porque você é exatamente como tem que
ser, não como a sociedade te obriga a ser.
Portanto, não peço que deixe de praticar suas múltiplas
sessões de bíceps e costas. Ou mesmo, de fazer abdominais à espera do carnaval
pra mostrar o “tanque”. Peço apenas que cuide disso de forma saudável, sem o
exagero das drogas ou o esvaziamento da mente; porque se as pessoas preferem
beleza, que ela venha acompanhada de um caráter válido e não uma mente
popularizada pela ideia geral do ser perfeito.
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