24 abril 2013

De Face-crítico, médico e louco, todo mundo tem um pouco - por Davi Dias

 
        Honestamente, não sei o que tem se passado com as pessoas ultimamente. Não se olha mais para os dois lados da rua antes de atravessar, simplesmente se cruza a rodovia da opinião dos terceiros, crendo megalomaniacamente que não será atingido por um caminhão de críticas. As pessoas estão livres demais, soltando bombas e abandonando a área explodida logo em seguida, sem encarar as consequências dos seus dizeres. Não, ninguém deve ser censurado por ninguém, mas bom-senso e autocensura andam juntas e mandam lembranças.
       Aí a gente, entre frases de amor-não-correspondido e convite de jogos, se depara com um amigo-amigão postando um estupidez que realmente fere seus princípios. O que fazer? Escrever um loooooongo parágrafo recheado de argumentos que eu estou cansado de usar e os outros cansados de ouvir (e refutar) ou simplesmente virar pro lado e lidar com a decepção de que aquele camarada e na verdade um babaca premiado e condecorado?

      O debate morreu. As pessoas não sabem mais discutir sem ofender ou sem aceitar os fatos. Por mais plausíveis que as provas sejam, todo mundo anda meio cego, ignorando o que está a um palmo a frente do próprio nariz. Hoje todo mundo tá meio agarrado numa crença (que não precisa ser religiosa) e teme a destruição do mundo que essa idealizou sem se dar conta de que esse mundo é cheio de outras e outras opiniões. E quem está certo? E qual a verdade?

     Dane-se a verdade. O maior de todos os crimes é a imposição. Na real, o grande e derradeiro argumento seria "Vamos viver nossas próprias vidas." Eu sou a favor do debate, mas não das bravatas, gritarias e imposições de verdades. Sou a favor do debate tipo "viu que eu tenho minhas razões, agora posso ir embora e viver minha vida?". E se a opinião de alguém me incomoda, simples e limpo, eu a deixo ir, pois o que não está no meu convívio não há de me ferir. Por isso é preciso aprender que opinião, todo mundo tem e pode dar, mas na hora certa e no momento propício, de forma inteligente e respeitosa.

      Eu não sou todo virtude: até gostaria de que ao deletar pessoas do Facebook, sua respectiva existência também fosse obliterada. Mas não, esse não é um mundo perfeito. Ao invés disso sou surpreendido vez ou outra com a opinião tosca e ignorante dos que eu já julguei dignos. E como eu sou contra toda forma de debate que não seja a cara-a-cara, melhor fingir que o mundo real é tão bom e prático quanto o virtual: amigo deletado, problema resolvido.
 

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