21 outubro 2011
- · Não use abreviaturas.
- · Evite ser prolixo.
- · Não use rimas e/ou aliterações.
- · Diferencie maiúsculas de minúsculas.
- · Evite clichês e jargões.
- · Não use parênteses ou expressões explicativas.
- · Não use coloquialismos ou ditados populares.
- · Não use termos de baixo calão.
- · Nunca generalize.
- · Evite repetir a mesma palavra no mesmo parágrafo.
- · Não abuse das citações.
- · Frases incompletas podem causar prejuízos à interpretação do texto.
- · Não faça períodos muito longos.
- · Não seja redundante.
- · Frases com apenas uma palavra? Jamais!
- · A voz passiva deve ser evitada.
- · Use a pontuação corretamente.
- · Não use perguntas no desenvolvimento e/ou conclusão do texto.
- · Nunca use siglas desconhecidas.
- · Exagero é prejudicial à argumentação.
- · Analogias alegóricas não devem ser empregadas.
- · Evite estrangeirismos e/ou neologismos.
- · Evite o gerúndio.
- · Prefira frases na ordem direta.
- · Não escreva com letras separadas.
- · Evite frases longas.
- · Evite palavras vagas.
- · Faça parágrafos entre 05 e 08 linhas.
- · Construa pelo menos dois períodos em cada parágrafo.
- · Não se inclua no texto.
“Escrever é mais do que agrupar palavras, expor ideias ou informar coisas vãs. É, antes de tudo, um exercício de transformação e de reflexão do homem sobre o mundo” Diogo Didier – Professor de Redação.
01. Interpretação do tema: Devemos interpretar cuidadosamente o tema proposto, pois a fuga total a este implica zerar a prova de redação;
02. Levantamento de ideias: A melhor maneira de levantar ideias sobre o tema é a autoindagação;
03. Construção do rascunho: Construa o rascunho sem se preocupar com a forma. Priorize, nesta etapa, o conteúdo;
04. Repertório individual: Busque nesse momento tudo o que você pode relacionar sobre o tema proposto, a partir do seu conhecimento de mundo armazenado na sua mente.
05. Pequeno intervalo: Suspenda a atividade redacional por alguns instantes e ocupe-se com outras provas, para que possa desviar um pouco a atenção do texto; evitando, assim, que determinados erros passem despercebidos;
06. Revisão e acabamento: Faça uma cuidadosa revisão do rascunho e as devidas correções;
07. Versão definitiva: Agora passe a limpo para a versão definitiva, com calma e muito cuidado!
08. Releitura: Mesmo depois de pronta, a sua redação pode ter algum erro que passou despercebido. Por isso, se você encontrar palavras erradas, pontuação inadequada, ou qualquer outra falha, tente de alguma forma corrigi-las.
09. Aparência: Certifique-se antes de entregar a redação que a folha não esteja amassada, nem com nenhuma mancha.
10. Elaboração do título: O título deve ser urna frase curta condizente com a essência do tema.
TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Texto que se caracteriza por analisar, explicar e interpretar os vários aspectos associados a uma determinada questão e apresenta argumentos para defesa de uma tese.
ESTRUTURA DO TEXTO
TEMA
É uma afirmação contida numa frase sobre o assunto do texto. É genérico e abrangente. Por isso, deve ser analisado com cautela.
TÍTULO
É, geralmente, uma expressão curta que contém uma simples referência ao assunto. O título não deve ser genérico e deve antecipar o posicionamento do autor.
BASE DA REDAÇÃO
Introdução
Nela, o autor formula uma tese, assume um ponto de vista, que será discutido e provado no desenvolvimento. Tudo isso, partindo da definição e delimitação do tema. É a parte mais simples do texto.
Desenvolvimento
É a parte da argumentação propriamente dita. Nela, o autor comprovará a tese, de forma consistente ao dar informações, apresentar dados, exemplos, justificativas de forma gradual e progressiva.
Conclusão
Demonstração da validade da tese defendida, com base nos argumentos apresentados. Pode ser um resumo de tudo o que foi argumentado ou uma paráfrase do que foi dito na introdução do texto.
Gatinha Manhosa
Adriana Calcanhotto
Meu bem já não precisa falar comigo dengosa assim
Brigas só para depois, ganhar mil carinhos de mim
Se eu aumento a voz você faz beicinho, e chora baixinho
E diz que a emoção dói seu coração
Já não acredito se você chora dizendo me amar
Eu sei que na verdade carinhos você quer ganhar
Um dia gatinha manhosa eu prendo você no meu coração
Quero ver você, fazer manha então
Presa no meu coração
Quero ver você
Já não acredito se você chora dizendo me amar
Eu sei que na verdade carinhos você quer ganhar
Um dia gatinha manhosa eu prendo você no meu coração
Quero ver você, fazer manha então
Presa no meu coração
Quero ver você
Com o crescente número de ataques homofóbicos pelo país, o "Mães pela Igualdade" escreveu uma carta pública para pedir providências sobre os ataques e um basta a violência.
O grupo é formado por mães de LGBTs que corajosas e assumidas, que se uniram para pedir mais tolerância a diversidade.
"Meu filho, meu melhor amigo, companheiro e confidente, foi morto num ataque homofóbico no ano passado. Hoje sinto um grande vazio, que procuro preencher com a luta contra a violência, homofobia, discriminação e preconceito", diz Eleonora, uma das mães do movimento.
A carta será enviada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e ao Ministério da Justiça. A seguir você confere a carta na íntegra. Para saber mais sobre o projeto, clique AQUI.
Carta às Mães e Pais Brasileiros
"Nós, Mães pela Igualdade, gostaríamos de pedir dois minutos de silêncio e atenção para refletirmos sobre o Brasil que queremos. Dois minutos para lembrar nossos filhos e filhas. Durante esses minutos, busquem em suas memórias o momento em que viram pela primeira vez o bebê tão esperado e desejado com amor por sua família. Os pequenos olhos, a boca, os pezinhos. Lembre-se daquele instante mágico em que, após meses de espera, a pequenina pessoa esteve em seus braços.
Lembram-se do balbuciar das primeiras palavras e dos primeiros passos? O primeiro dia na escola; as festas de aniversário, as noites mal dormidas quando adoeciam; o carinho com que prepararam os presentes na escola, no dia das mães ou no dia dos pais? Lembram da janelinha no sorriso banguela?
Mal nos damos conta e as nossas crianças crescem e passam a ter vida social própria: os piqueniques, os churrascos, tardes no shopping, as baladas, a faculdade ou a escola noturna. Jovens, lindos, sensíveis, solidários, cheios de vida e de alegria.
Agora imaginem que um dia, voltando para casa, seu filho ou filha é vítima de um ataque covarde na calçada, sem motivo nenhum além de ser quem é. Você pode ouvir seus gritos clamando ''Mãe, me ajuda!'', mas aquelas pessoas não param de bater, chutar, pisar e escarnecer; outras pessoas passam ao lado e nada fazem. Sua criança grita por ajuda enquanto sua pele é rasgada, seus dentes arrebentados, seus olhos feridos, seus ossos quebrados até a morte, banhada em sangue, e você impotente do outro lado da rua, ou mesmo em outra cidade. Aquele rostinho de outrora, agora deformado pelas pancadas. Essa imagem não sai da nossa cabeça. O sentimento é de desespero, angústia e vazio absoluto.
Respirem. Não é fácil passar por isso, mas essa violência é fato, e acontece todos os dias em nosso país. Nossas filhas e filhos têm sido agredidos, torturados e mortos. Nossas ''crianças'', tem sido humilhadas, discriminadas, ofendidas, xingadas nas ruas simplesmente porque têm orientação sexual ou identidade de gênero diferente da maioria. Não escolheram ser lésbicas, gays, transexuais, travestis ou bissexuais, não se trata de uma opção. Simplesmente são assim: pessoas corajosas, dignas e honradas que assumem quem são, não sabem ser de outra forma e não querem viver atrás de máscaras.
As palavras de Marlene Xavier, uma Mãe pela Igualdade, resume com precisão o resultado extremo da homofobia descontrolada no Brasil: "Quando perdemos um filho, nos tornamos eternamente mutiladas e a nossa imagem é o reflexo da dor e da saudade, que serão nossas eternas companheiras". Algumas de nós carregamos no peito essa cicatriz, por isso pedimos que cada um e cada uma de vocês que estão lendo esta carta se pergunte: "e se meu filho ou filha fosse gay, lésbica, travesti ou transexual? Compreenderiam então a insegurança em que nós, mães de homossexuais e pessoas trans, vivemos cada vez que nossos filhos e filhas saem às ruas, viajam, vão ao cinema ou à escola. E, se amam seus filhos como nós amamos os nossos, entenderão a dor de uma mãe que perdeu seu rebento para a homofobia".
Mães pela Igualdade de todo o Brasil
Visto no: A Capa
15 outubro 2011
09 outubro 2011
Excelência,
Preciso dizer-lhe publicamente que votei muito mal nas últimas eleições estaduais!
Sou professora de Língua Portuguesa, Literatura e Redação e me dedico à profissão intensamente há vinte anos. Votei em Vossa Excelência por o senhor apoiar a campanha de Dilma Roussef. Há quatro revelações que devo fazer aos professores para que possam me desculpar esse ato falho, embora saiba que muitos deles agiram como eu, pois acreditaram em suas propostas de fazer avançar a educação no Estado. É justo que o senhor as conheça!
1. A primeira é a de que, na verdade, não havia, no Ceará, nenhum candidato dos que disputavam mais veementemente o Governo que fosse convincente, apesar do grande aparato midiático. Dos males, porém, viesse o menor. O senhor pelo menos contribuiu na campanha da Presidenta. O meu prejuízo não foi completo.
2. A segunda confissão é a de que, como o senhor, tentei ser esperta, pois votei em alguém de quem, mesmo não esperando um bom mandato, contribuía para o meu objetivo. Reconheço, contudo, que o senhor me superou no lucro de tudo isso, por ter sabido se apoiar na minha candidata para se eleger.
3. A terceira é a de que não esperava ver colegas escrachados, humilhados, surrados, feridos, ensanguentados, desmaiados, tratados sem o mínimo respeito, como se vítimas dos famosos anos de chumbo da Ditadura Militar, principalmente ocorrendo este fato na Assembleia Legislativa, Casa que deveria defender os interesses da classe em vez de, subservientemente, ceder aos seus caprichos. Felizmente a população já sabe que apenas quatro Deputados votaram contrariamente ao plano de Vossa Excelência. Não será só o senhor a perder no próximo pleito, mas também todos os que, ao contrário dos quatro, "ferraram" os professores (Esta é a expressão: "ferraram", pois não consigo ser educada e suave diante de barbaridades e brutalidades).
4. A quarta e última é a de que nunca me orgulhei tanto de ser professora. Estou feliz por saber que os meus colegas, os meus digníssimos colegas estão enfrentando como heróis seu autoritarismo e por saber que teremos avanços a partir de agora, pois a história dos professores cearenses muda a partir de agora, bem como a sua!
Continuemos, agora apenas entre nós! Não posso perder a oportunidade de satisfazer a uma curiosidade! Preciso perguntar-lhe: se o estudo do professor não tem valor no Ceará, que valor terá o do aluno? Ah, já sei... o senhor manda distribuir computadores a alguns. Quero lembrar que não são bobos. Vão recebê-los, mas não vão compensar as perdas do ano letivo!
Refiro-me à desvalorização da pesquisa e da obtenção de conhecimentos. Os professores, ao se submeterem a cursos como Especializações e Mestrados, desejam adquirir conhecimentos que difundirão para crianças e jovens do nosso Estado. Sei que não devem obter um título apenas nem principalmente para terem algum acréscimo financeiro em seus vencimentos. Seu maior anseio deve ser aprender mais, para ensinar mais e melhor. Esse argumento, porém, não pode dar sustento à desonestidade e à injustiça. O que se deve pagar a mais ao professor especializado, mestre ou doutor por essa conquista e pelos esforços necessários a ela tem que ser justo, e não desrespeitoso. Não deve se assemelhar a uma esmola, como a que o Governo de Vossa Excelência insiste em garantir. É necessário que todos os cearenses, da capital e de todos os outros municípios, saibam que a proposta para essa recompensa é humilhante e que precisaria que fosse decuplicada para corresponder a uma pequena porcentagem do subsidio de Vossa Excelência, que não precisou mostrar diploma nem provar conhecimento algum para governar o Estado. Para ser Governador, basta não ser analfabeto.
Algo mais grave!
Trato ainda de algo mais grave: do seu desrespeito ao professor. Suas infelizes frases, reveladoras do grande desdém que Vossa Excelência não soube esconder em seu discurso, magoaram a todos nós, e não apenas aos colegas da rede estadual. A sua sugestão de que professores devem trabalhar por amor só poderia ser aceita se eles não comessem; se não quisessem garantir às suas famílias pelo menos uma diminuta parcela dos benefícios que o senhor garante à sua e a si mesmo; se não se vestissem, se não precisassem pagar por energia, água, telefone e, o que já é impossível, se não precisassem de livros e de outros recursos para o seu crescimento intelectual.
Não posso deixar de comentar também sobre a sua declaração de que o professor que queira ganhar melhor deve migrar para a escola privada. Vossa Excelência não se preocupa com a evasão dos professores da rede estadual? Isso não seria problema? Outros seriam contratados? Não interessa a permanência dos professores por muito tempo no serviço público, para que projetos tenham continuidade e outros benefícios ocorram? A escola privada realmente se mostra mais justa que a pública para com o professor? Esse pensamento de Vossa Excelência é lastimável!
Por que falo tanto?
Não tenho interesses partidários nem sou membro da oposição. Mas sou uma professora! E mais: sou especialista e mestra. Não gosto de ver meu esforço desvalorizado. Não adentrei o serviço público de educação. Não tive o desprendimento e o heroísmo dos meus digníssimos colegas da educação pública do Estado do Ceará, os quais respeito muito. Não me considero, porém, culpada por não acompanhá-los em tamanho esforço porque, ao contrário de Vossa Excelência, não concordo que eu deva trabalhar só por amor, mas também por dinheiro.
Não digo que a sua visão de que o professor ou qualquer outro profissional deva trabalhar por amor é ingênua, pois ingênua seria eu se assim pensasse. Digo sim que é uma máxima cruel, insensível, revoltante, além de ridícula! Além de respeitar o professor, lamento pelo desdém de que ele é vítima, pelas humilhações a que é submetido. É absurdo um professor precisar destinar-se à Assembleia Legislativa do Ceará para reivindicar desgastantemente um direito garantido por lei que Vossa Excelência insiste em desrespeitar: o direito a um piso salarial de aproximadamente R$ 1100,00.
Um apelo...
Pense melhor, Excelência. Deixe a sensibilidade superar a arrogância e a indiferença pelas necessidades sociais. Seja prudente! O senhor já perdeu por tudo que tem feito!
Um aviso...
Não é só o professor da rede estadual que está insatisfeito, mas também o da rede privada de ensino, bem como outros segmentos. Não há causa sem efeito!
Sem mais,
Ritacy de Azevedo Teles
P.S.: O tratamento respeitoso de "Vossa Excelência" é mera convenção gramatical da qual não consigo me desvencilhar. Não deve entendê-lo literalmente
04 outubro 2011
Como se sabe, o Brasil está crescendo muito rapidamente se comparado aos seus vizinhos latinos. Mesmo com tal constatação, o aquecimento econômico não tem solucionado certos problemas que insistem em desmascarar o “progresso” pelo qual o país está passando. As possibilidades de mudanças sociais ampliaram, mas, a resolução de temas que afligem as pessoas mais carentes como educação, segurança e saúde pública de qualidade, moradia e saneamento básico são assuntos que continuam sem uma solução concisa. Na verdade, o que acontece por aqui é uma sucessão de paliativos que tentam encobrir uma sequência de erros que, infelizmente só atingem as camadas mais pobres da população.
Nessa vida de descaso e esquecimento, não é de se surpreender que a nação sofra com a brutal fúria da desigualdade social. Esta moléstia moderna acabou contribuindo para o surgimento e disseminação de outro problema muito maior e, ao mesmo tempo, muito longe de ser resolvido, à violência. Ela, na verdade, configura-se como o espelho de tudo o que ocorre com as pessoas esquecidas pelo poder público. É também o fenômeno social que se volta, inevitavelmente contra aqueles que contribuíram de alguma forma para a ampliação existente entre os grupos dos mais ricos e dos mais pobres. Ou seja, é um anarquismo transgênico, elaborado não em laboratórios, mas sim na raiva ensanguentada de um povo que não quer viver a revelia da vida. Em outras palavras, as pessoas não querem ser condicionadas a meros serviçais, matéria bruta da burguesia, mas ter as mesmas chances de transformar a sua própria condição de sujeito.
E, enquanto a nação cresce economicamente na visão internacional, com a moeda local valorizada, mais exportações de produtos e com a procura de novas empresas multinacionais interessadas em se instalarem por aqui, a diferença entre ricos e pobres também cresce proporcionalmente. Tudo isso porque quem detêm as rédeas do poder, ou as pessoas que guiam o leme das finanças nacionais, não consegue, ou não tem o menor interesse, de equilibrar a divisão do dinheiro que é introduzido no país com o esforço da coletividade. Disso resulta o desnivelamento que acomete apenas as camadas historicamente desfavorecidas de saúde, de segurança e, sobretudo educação.
Como um cidadão conseguirá entrar nesse rumo de transformação social, pelo qual a nossa economia está passando, se ele não tem as mínimas condições de concorrer a uma simples vaga de emprego, visto que os governantes não lhe deram a oportunidade de se preparar para tal? A resposta é simples, não conseguirá. Ele, como muitos outros, ficará estagnado na sociedade, exercendo alguma função maquinizada, ou seja, que não exija muita reflexão para ser executada. Isso, é claro, se ele não for fisgado antes pelo bicho da marginalidade, o qual dia após dia captura para o seu cativeiro pessoas com o sonho de mudar de vida e, depois de esquecidas pelos nossos governantes, acabaram frustradas, servindo de lenha para criminalidade.
Afirmar que um país é de todos seria verdadeiro se os serviços de saneamento básico e de água encanada chegassem a todas as residências desse Brasil, garantindo uma vida digna a cada pessoa que constitui essa nação. E proferir a falácia de que vivemos num país de todos é ignorar que a educação pública, tão importante para a construção, reflexão e transformação individual e coletiva da sociedade, está sendo posta de lado, paulatinamente falseada com dados mentirosos que tentam mascarar a verdadeira realidade do quadro de esquecimento e desrespeito da educação pública e, muitas vezes privada, nacional.
Por isso, é preciso que os governantes vistam a camisa, não com o título “Um país de todos”, mas sim “Um país para todos”. Para pobres e ricos, homens e mulheres, brancos e negros, jovens e idosos, héteros e gays, religiosos, deficientes, absolutamente para todos os que formam a pluralidade de vida existente nessa nação. Estamos cansados de sermos enganados com falsas promessas de mudanças que são lindas em discursos, mas na prática não são realizadas. O povo quer ação concreta, imediata. Quer ver a transformação acontecer por baixo, com aquele menino da favela sem perspectiva de futuro, com aquele homem que vive isolado pela seca do nordeste brasileiro, pelas mulheres que lavam suas roupas sujas no curso do rio São Francisco, pelos povos que vivem isolados nas longínquas terras amazônicas desse país. Ou seja, o povo quer, precisa, e tem o direito de ver as reais mudanças acontecerem agora.
Ultimatum
Álvaro de Campos
Mandado de despejo aos mandarins do mundo
Fora tu reles esnobe plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade e tu, da juba socialista, e tu qualquer outro.
Ultimatum a todos eles e a todos que sejam como eles todos.
Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral que nem te queria descobrir.
Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo!
Vós anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores para quererem deixar de trabalhar.
Sim, todos vos que representais o mundo, homens altos passai por baixo do meu desprezo
Passai, aristocratas de tanga de ouro,
Passai frouxos
Passai radicais do pouco!
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa, descascar batatas simbólicas
Fechem-me isso a chave e deitem a chave fora.
Sufoco de ter só isso a minha volta.
Deixem-me respirar!
Abram todas as janelas
Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo.
Nenhuma idéia grande, nenhuma corrente política que soe a uma idéia grão!
E o mundo quer a inteligência nova
O mundo tem sede de que se crie
O que aí está a apodrecer a vida, quando muito, é estrume para o futuro.
O que aí está não pode durar porque não é nada.
Eu, da raça dos navegadores, afirmo que não pode durar!
Eu, da raça dos descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir o mundo novo.
Proclamo isso bem alto, braços erguidos, fitando o Atlântico
e saudando abstratamente o infinito.