04 maio 2011

As Relações Homoafetivas e a sua Incompreensão Social


A visibilidade homossexual é um fenômeno crescente em todo o mundo. Várias nações, sobretudo em países desenvolvidos, vêm observando essa classe e trabalhando para atendê-los de forma igualitária, no que tange principalmente as garantias dos direitos básicos atribuídos a quaisquer cidadãos. São permitidos em muitos lugares o casamento, ou união civil entre pessoas do mesmo sexo, adoção de crianças e até mesmo a partilha de bens quando um dos conjuguês vem a falecer. Tais conquistas, porém, não foram suficientes para que a sociedade compreendesse que por trás de um casal gay não há apenas sexo, mas também amor, carinho, desejo e, sobretudo respeito, sentimentos pouco valorizados ultimamente.

Para muitos, a homossexualidade é considerada como antinatural, uma vez que se cresce com o discurso de que o homem foi feito para a mulher e vise-versa. Aprende-se desde cedo que meninos e meninas são diferentes biologicamente e que essa partilha da sexualidade só poderá ser unificada quando esses infantes estiverem prontos para perpetuarem uma nova espécie. Esse ciclo anacrônico, muitas vezes não ensina que a sexualidade de cada indivíduo não está fincada só em seus estímulos sexuais, mas também numa gama de sentimentos que corroboram para a escolha de um parceiro ou parceira.

Entretanto, a biologicidade da questão chega neste século e acaba sendo superada pela visão da afetividade humana. Ou seja, não basta somente restringir a vontade, o desejo, o caráter e a personalidade de um indivíduo, apenas entre um pênis e uma vagina. O homem é antes de tudo um ser dotado de sentimentos e estes, por sua vez, não estão limitados aos órgãos sexuais. Assim, é muito tacanha a ideia de que entre dois homens ou duas mulheres não pode haver afeto, carinho, paixão e amor, só pelo fato de serem do mesmo sexo. A nossa afeição pelo outro se dá, prioritariamente pela atração e desemboca no respeito.

Do mesmo modo, não se pode desconsiderar a capacidade que os gays possuem de construir uma família tão “decente” quanto às dos casais heterossexuais. O mundo atual avança para esse novo modelo de família que não deve nada ao modelo convencional. As especulações feitas para tentar menosprezar uma família composta por pessoas do mesmo sexo foram derrubadas por pesquisas e trabalhos psicopedagógicos dos quais comprovaram que as crianças que convivem entre casais do mesmo sexo não sofrem interferência na própria sexualidade por causa disso. Pelo contrário. Muitas crianças, filhos de homossexuais, crescem em ambientes tão decentes e produtivos quanto quaisquer outras de lares heteronormativos e até se tornam hetéros menos preconceituosos.

Mesmo com tal constatação, muitos ainda não conseguem ou não querem entender que a relação homossexual também é pautada por algo presente em qualquer outro relacionamento humano, o afeto. Este sentimento, quando o centro da questão são os gays, parece ser desconstruído e/ou modificado para algo como perversão ou promiscuidade. Ora, se ter carinho pelo pessoa de quem se gosta é considerado como algo abominável, então essa visão de sentimento nutrida por muitos deve ser revista, antes que outros sentimentos passem pelo mesmo processo de transição de sentido; interferindo na verdadeira essência deles.
 
A homoafetividade é tão legitima quanto à heteroafetividade. Assim, as pessoas não podem ser crucifixadas pelos sentimentos que sentem por outras, mesmo que estas sejam do mesmo sexo. A sociedade avança, rapidamente para a desconstrução desse modelo preconceituoso do qual diz que apenas homens e mulheres, enquanto casal, sentem sentimentos verdadeiros e são os únicos capazes de ter um filho ou de constituir família. O mundo caminha para além disso, num discurso que inclui também os homossexuais, pois eles são dotados de todos os critérios necessários para que um ser humano seja feliz.

SER FELIZ É SER LIVRE!

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