08 de abril de 2011 | 13h 18
IGOR GIANNASI - Agência Estado
A história de um triângulo amoroso entre um homem, uma mulher e o amante morto que retorna como fantasma soa familiar ao público brasileiro. Mas a semelhança entre "Dona Flor e Seus Dois Maridos", dirigido por Bruno Barreto e baseado no romance de Jorge Amado, e "Contracorrente", primeiro longa-metragem do diretor peruano Javier Fuentes-Léon, acaba por aqui. Se o tom é de comédia no filme brasileiro, na coprodução entre Peru, Colômbia, França e Alemanha que estreia nesta sexta-feira em salas de cinema de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre, a abordagem é dramática e, mais que isso, trata do envolvimento romântico de dois homens.
Em uma pequena e religiosa cidade de pescadores no norte do Peru, o pescador Miguel, interpretado pelo ator boliviano Cristian Mercado, vive com a mulher Mariela (a atriz peruana Tatiana Astengo), grávida do primeiro filho do casal. Ao mesmo tempo, ele mantém um romance secreto com um forasteiro, o pintor Santiago, papel do colombiano Manolo Cardona, que não é bem visto pelos outros moradores do vilarejo por conta de seus hábitos considerados estranhos.
A súbita morte de Santiago, em um mergulho acidental no mar, traz um conflito para o pescador: enterrar o corpo do amado como manda as tradições locais para que sua alma possa descansar em paz ou continuar o romance com o fantasma dele, já que assim, pode, por exemplo, andar de mãos dadas com ele pela cidade, sem a reprovação das pessoas. "Eu queria contar uma história de amor que é muito romântica, com grandes dilemas, com um final tocante mas com algum tipo de final positivo e esperançoso", diz o diretor Fuentes-Léon, em entrevista por telefone de Los Angeles, onde mora.
Para que conseguisse humanizar esta história de amor, Fuentes-Léon destaca que a química entre os três vértices do triângulo foi essencial. "Eu precisava que o público também se apaixonasse pelo pintor. Que não pensasse que ele estava destruindo uma família, o que seria ruim para a história porque as pessoas poderiam não se conectar com o romance entre os dois."
Fuentes-Léon considera seu primeiro trabalho em longa-metragem como "muito pessoal", ainda que não tenha vivido nada tão dramático quanto no filme. Homossexual assumido, conta que assim como Miguel, sentiu medo de ser rejeitado quando era mais jovem, mas conseguiu superar essa fase, inclusive tendo o apoio da família. "Claro que a sociedade não ajuda, especialmente com pessoas que estão lutando com sua própria identidade sexual, mas, geralmente, nosso pior inimigo não são os outros, mas nós mesmos."
Com o filme, o diretor deseja que o público gay possa se enxergar nele e encontrar algum tipo de esperança - algo que ele não conseguia reconhecer nos filmes de amor os quais cresceu assistindo. Já para o público heterossexual, a identificação deve ocorrer no esforço do protagonista em ser fiel a quem realmente ele é.
O diretor comenta que "Contracorrente" é apenas o segundo filme feito no Peru que aborda diretamente a questão da homossexualidade. O antecessor foi "Não Conte a Ninguém", de 1998, dirigido por Francisco Lombardi e baseado no romance autobiográfico do escritor peruano Jaime Baily. "Mas eu acho que este é o primeiro a colocar o tema numa visão positiva porque em ''Não Conte a Ninguém'', no final, a mensagem é de manter se escondendo e neste é seja você mesmo."
Adorei esse roteiro. Quero ver esse filme.
ResponderExcluirSeu blog está lindo amigo. :)
Valeu Val! bjoxx grande!
ResponderExcluirMas é isso que penso da homoafetividade e sua aceitação. Quando filmes de amor não tiverem mais que ter o rótulo de filme gay ou filme lesbo, estaremos um passo adiante.
ResponderExcluirBj!