Por Gunter Zibell - SP
Tem uma coisa para a qual, e para uma minoria, demora um pouco a cair a ficha : homofobia é uma causa perdida (não importa a pseudo-convicção que alguém julgue ter.) As rápidas e freqüentes denúncias dos casos que descambam em agressão física são sinal disso, embora em 2010 tenha havido um aumento extemporâneo de casos. A própria insistência de alguns segmentos em desqualificar o PLC/122 nesse contexto deve apenas levar mais formadores de opinião a se posicionarem a favor do mesmo.
E, no Brasil, apenas em 2010, houve várias jurisprudências pela normatização das relações homoafetivas. É questão de tempo e são muito raros os casos internacionais de recuo nesse aspecto. Note-se que os direitos civis dos LGBTT são uma das poucas coisas que unem governo, academia e imprensa.
Manifestações homofóbicas em público, como se ouvia nos anos 80, hoje não são admitidas em hipótese alguma nos mesmos círculos. Piadas só se forem inteligentes e de bom gosto, sem desqualificar ninguém (e isso não é só em relação a LGBTT, óbvio.) Demonstrar capacidade de convivência com a diversidade (mais aplicável que tolerância) é tido como ponto positivo em avaliações profissionais. As pessoas que insistem em demonstrar desconhecimento passam a ser consideradas preconceituosas e perdem sua credibilidade em relação a outras coisas que profiram.
O processo é o mesmo que acontece com os trolls assumidos em política : profissionais que se empenharam em divulgar emails destrutivos passaram a ser vistos com reservas pelas pessoas, afinal, como é que não se deu conta da bobagem que estava reproduzindo?
Isto é irreversível, já que não há nenhum argumento racional ou crível para que não se veja com naturalidade a total igualdade de direitos entre as pessoas qualquer que seja sua orientação sexual ou identidade de gênero. E isto incluirá a demonstração de afetividade, gostem algumas pessoas ou não. O mesmo acontece com outra faceta do sexismo, o machismo, e assim por diante. O caminho do conhecimento é unidirecional : sabe-se mais, deixa-se de ser preconceituoso. Mas é muito improvável (embora não impossível) o caminho para trás.
Os que ainda tentam expressar algum tipo de condenação à homoafetividade, fora da proteção do anonimato, o fazem cercados de cuidados que não convencem, do tipo “eu não tenho preconceito mas...”, “sem essa ditadura do politicamente correto...” , “talvez seja considerado homofobia porém...” Até isto cairá em desuso. Saliente-se que não existe preconceito reverso : quando se questiona alguém preconceituoso, trata-se já de conceito.
É claro, há pessoas que ficam muito aguerridas a construções antigas de pensamento ou mitos. Embora não saibam o porquê de terem acreditado no que lhes disseram, sobre isto ou aquilo outro, resulta um desconforto abandonar o que foi aceito sem reflexão. Isto não ocorre apenas em relação à vida afetiva, mas em relação à política, economia, ecologia, espiritualidade, saúde, etc. Nada novo.
Esta reflexão é como aquela frase do Asimov: " a ciência avança muito mais rapidamente do que a sociedade em sabedoria." Muito bom, Diogo! Abração. paz e bem.
ResponderExcluirTemos consciência para viver em consciência e não adormecidos numa ignorância abjecta!
ResponderExcluirBom ensaio!
Bjux
tenho uma outra visão. O que indica apenas o que já sabíamos: somos diferentes. Isso é bom.
ResponderExcluirDesaprovo posturas politicamente corretas. Tampouco concordo que se possa estabelecer "níveis razoáveis" no que diz respeito a manifestação do preconceito. Sem essa de "piadas de bom gosto". Ou é bulliyng ou é humor, a diferença é clara.
"Demonstrar capacidade de convivência com a diversidade (mais aplicável que tolerância) é tido como ponto positivo em avaliações profissionais." Quer dizer que ganhamos ponto se aceitamos o outro como ele é? Quer dizer que é opcional?
Será verdadeira a aceitação?
"profissionais que se empenharam em divulgar emails destrutivos passaram a ser vistos com reservas pelas pessoas". Estamos substituindo um preconceito por outro?
"Nada novo". Este é a frase mais acertada do texto.