14 junho 2010

O Rio São Francisco e o Dilema da Transposição



A busca incessante pelo progresso econômico tem causado danos extremos ao meio ambiente ao longo do tempo. Seja nas florestas, rios e mares, a humanidade utiliza cada vez mais os recursos naturais, muitas vezes, sem primar pelo desenvolvimento sustentável. A prova disso, no Brasil, ocorre com o ousado projeto de transposição do Rio São Francisco, ainda que políticos e ambientalistas não tenham chegado a um consenso sobre a melhor maneira de tocar a obra sem agredir o ecossistema.

O Velho Chico, apesar de beneficiar vários estados brasileiros, mais precisamente os da região nordeste, é palco de um dilema que tem como pano de fundo levar água para as regiões mais áridas do sertão brasileiro. A ideia inicial do projeto visa minimizar os problemas provenientes da escassez de água vivida por muitas famílias que não dispõe desse recurso para atender as necessidades básicas para a sobrevivência. Outro ponto dessa questão seria o aquecimento econômico entre os estados que receberão o desvio do Rio.

Em muitas áreas a agricultura irrigada irá se proliferar, contribuindo para o crescimento empregatício nas regiões mais áridas do país. A única contrapartida dessa questão é a divisão desigual das riquezas, já que, com a transposição do Chico, só os grandes latifundiários serão realmente beneficiados, aumentando assim, a linha divisória que, historicamente limita a posse de terras pelos menos favorecidos.

Ainda sobre o Rio, a polêmica envolvendo a transposição sustenta-se pelo fato e que ambientalistas preocupados com uma possível tragédia ambiental, afirmam que se o projeto não for bem analisado poderá resultar em sérios problemas ao ecossistema no futuro. Eles tomam com exemplo o incidente que aconteceu no Mar de Aral, localizado entre o Cazaquistão e Uzbequistão, que teve sua rota desviada em prol do desenvolvimento econômico local e aos poucos está se transformando num aglomerado de água salgada. Em meio a isso, a obra da transposição ainda conta com a animosidade entre os estados que não serão favorecidos com as águas do São Francisco, pois asseguram que o desvio reduzirá o abastecimento em seus municípios, prejudicando a irrigação e a geração de energia pelas hidrelétricas.

Utilizar os recursos provenientes da natureza sem agredi-la é, portanto, um dos principais desafios do homem moderno. Por isso, não é coerente começar uma obra, da magnitude como a do desvio do São Francisco, sem fazer uma projeção para os possíveis danos que esse projeto poderá acarretar ao meio ambiente; porquanto uma analise prévia reduzirá as chances de, no futuro, ele vir a se extinguir.




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