10 novembro 2019



É preciso guardar bem na memória a data de hoje: 8 de novembro de 2019. Neste dia, o verdadeiro presidente do Brasil ganhou a liberdade. Vítima de um processo criminal inegavelmente duvidoso, Lula foi sordidamente preso às vésperas de concorrer à presidência da república, fruto de um esquema golpista mais bem elaborado na história do país. Diante disso, fomos intoxicados com uma conjuntura política das mais abjetas já vistas nos últimos anos. Porém, a soltura de Lula representa o fôlego que nos faltava para respirar diante da atual atmosfera asfixiante que sufoca o Brasil. Sua liberdade carrega em si a de outros brasileiros encarcerados com ele pela sanha controversa de um projeto político conservador, o qual deu seus primeiros passos no golpe à Dilma Rousseff e teve seu apogeu no atual governo.
Entretanto, o país que Lula vai enfrentar é completamente distinto daquele antes de sua prisão. Divididos em uma polarização, orquestrada em boa medida pela mídia, o Brasil mostrou sua face retrógrada por meio de uma retórica desumana da governança vigente. Assim, o cidadão de bem, o pai de família, o homem fervoroso temente a Deus, aquele que se encaixava nesses e noutros clichês pacifistas, praticamente inexiste. Na realidade, muitas facetas ditas humanistas ruíram diante dos gritos pelo armamento social; pela exaltação de frases como “bandido bom é bandido morto”; pela criminalização da juventude pobre e negra; pela supressão de direitos sexuais de mulheres e gays; pelo desrespeito aos idosos; pelos ataques e negligências ambientais da Amazônia ao litoral do nordeste; e, sobretudo, pela perseguição a cultura, bem como ao saber democrático alicerçado na figura de Paulo Freire.
Tudo isso feito através de mãos em formato de armas abençoadas por setores religiosos bilionários – leia-se Record- e por nacionalismos elitistas disfarçados de patriotismo – o velho da Havan é uma prova disso. Em meio a essa turbulência, Lula vai precisar reorganizar os discursos da esquerda, perdidos na última eleição, bem como silenciados pelo estardalhaço feito pelo clã Bolsonaro na política. Necessita ser mais ágil do que as Fake News que ainda fazem parte da plataforma bozo de atuar. Para isso, urge adentrar nas redes sociais para fazer o oposto do que tem sido feito pela presidência. Também é crucial arregimentar eleitores incrédulos frente ao descrédito dado ao PT nos últimos anos. Há muitos, inclusive, que se bandearam para o lado inimigo porque, desesperançosos com o cenário nacional, apostaram, e alto, em um candidato cuja proposta política, nitidamente absurda, saciava os anseios populacionais e ainda prometia acabar com a corrupção. Tamanho milagre sebastianista não só não ocorreu como as falcatruas envolvendo a consanguínea família Bolsonaro estão paulatinamente vindo à tona, para além da corrupção: Marielle, PRESENTE!
Será um trabalho árduo, digno de alguém cuja frase de Euclides da Cunha, “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”, serve à carapuça. Lula é, antes de mais nada, a resistência de um povo que não quer ser emudecido pelos brados intolerantes de um candidato claramente despreparado para estar no poder. Ele, o nordestino que ganhou o mundo, representa a diversidade ignorada pelo atual governo. É a face da pluralidade que ganhou espaço em vários setores sociais, mas agora está sendo marginalizada por um ser preocupado em atender os interesses de pequenas parcelas historicamente privilegiadas da nação. Lula deverá reorganizar a única balbúrdia visível nos últimos anos: a ascensão meteórica de um candidato que na vida política não fez absolutamente nada de produtivo para a sociedade, mas conseguiu alcançar o cargo mais importante do país de forma inescrupulosa, em uma pátria onde a corrupção é fichinha diante dos arremedos da politicagem. Será penoso o regresso a um modelo político dantes em equilíbrio, porém, o primeiro passo rumo a isso foi dado. Agora, vamos à Luta com Lula para Libertar o Brasil!