21 fevereiro 2016

Eu não sou, e não quero ser o seu crush - José Lúcio dos Santos

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Eu nunca soube flertar muito bem. Na verdade, nunca tive paciência para charmes exacerbados e gente que adora transformar coisas simples em problemas complicados, tentando adivinhar as minhas vontades pelas frestas do que não digo. Esse lance de ignorar para não parecer fácil, esperar alguma sugestão de programa para não soar como se fosse ‘’atirado demais’’, não me diz respeito, e eu acabo me retirando de cena. Pode dar o seu show sozinho.
Não tenho tempo para esperar ninguém já que nem o próprio tempo me espera. Se a vida andasse mais devagar, talvez eu até poderia seguir o seu conselho de ‘’irmos nos falando’’, mas ela não é boa em aceitar justificativas, e pra te falar bem a verdade, também não sou. Essa coisa de empilhar selfies e mais selfies com trechos recitando Clarice Lispector, é a forma mais fácil e imbecil que você conseguiu encontrar para enaltecer o seu ego, por meio de elogios e likes de Facebook.
Pouco me importa o teu mapa astral, o teu signo e a tua lua em câncer, levo como base os meus princípios e costumo não agendar o dia de amanhã como uma tarefa. Mapa, pra mim, só se for o de alguma trilha ou cidadela da Europa em que eu possa me perder entre memórias que me farão um avô saudoso e cheio de histórias para contar aos netos algum dia.
Pode ficar com a sua reputação de difícil, de ‘’diferentão’’, o que reclama que não dá certo com ninguém, mas não se entrega de verdade, fazendo tudo errado. Escolhendo ser o que não é para agradar a quem não vem. Eu desisti de encontrar qualquer motivo que pudesse me fazer gostar de ti, de chamar a sua atenção, já que ela está totalmente voltada para o espelho do seu quarto.
Já não quero mais saber se você irá mandar mensagem de boa noite, bom dia ou boa tarde. Provavelmente estarei muito ocupado comigo ou com os meus amigos em algum lugar por aí, mostrando as suas fotos e dando risada dos seus bicos intermináveis acompanhados das suas legendas à lá ‘’Foco, Força e Fé’’. Ninguém é miserável o suficiente para mendigar atenção, e já não ligo mais para os seus áudios monossilábicos, pingados de 12 em 12 horas.
Pode ter certeza de que já fui, e sou muito mais do que você merece. Na ânsia de cozinhar as minhas expectativas, quem acabou se queimando foi você, em meio aos planos infundados sobre filmes, cafés e poesias. Era uma vez nos dois, hoje não mais. Feliz eu sempre fui, sozinho ou acompanhado de alguém.
E se você cruzar comigo pelas ruas, por algum bar ou pelo Tinder, faça o favor de fingir que não me conhece, da mesma forma que eu não te conheci, e não faço mais questão. Exatas ou humanas, tanto faz a sua área de atuação. Já reciclei o meu papel de trouxa e o queimei logo em seguida, apenas para ter certeza de que não me restariam mais dúvidas mesquinhas, iguais a você.
 Visto: Amor Abusado

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