18 fevereiro 2014

A Boa Música é do Nordeste...


O nordeste é poesia, 
Deus quando fez o mundo 
Fez tudo com primazia, 
Formando o céu e a terra 
Cobertos com fantasia. 
Para o sul deu a riqueza, 
Para o planalto a beleza 
E ao nordeste a poesia. 
(trecho de patativa do assaré).

Rasgo de leste a oeste como peste do sul ao sudeste 
Sou rap agreste norte-nordeste epiderme veste 
Arranco roupas das verdades poucas das imagens foscas 
Partindo pratos e bocas com tapas mato essas moscas 
Toma! eu meto lacres com backs derramo frases ataques 
Atiro charques nas bases dos meus sotaques 
Oxe! querem entupir nossos fones a repetirem nomes 
Reproduzindo seus clones se afastem dos microfones 
Trazem um nível baixo, para singles fracos, astros de cadastros 
Não sigo seus rastros, negados padrastos 
Cidade negada como madrasta, enteados já não arrasta 
Esses órfãos com precatas, basta! ninguém mais empata 
Meto meu chapéu de palha sigo pra batalha 
Com força agarro a enxada se crava em minhas mortalhas 
Tive que correr mais que vocês pra alcançar minha vez 
Garra com nitidez rigidez me fez monstro camponês 
Exerce influência, tendência, em vivência em crenças destinos 
Se assumam são clandestinos se negam não nordestinos 
Vergonha do que são, produção sem expressão própria 
Se afastem da criação morrerão por que são cópias 
Não vejo cabra da peste só carioca e paulista 
Só frestyleiro em nordeste não querem ser repentistas 
Rejeitam xilogravura o cordel que é literatura 
Quem não tem cultura jamais vai saber o que é rapadura 
Foram nossas mãos que levantaram os concretos os prédios 
Os tetos os manifestos, não quero mais intermédios 
Eu quero acesso direto às rádios palcos abertos 
Inovar em projetos protestos arremesso fetos 
Escuta! a cidade só existe por que viemos antes 
Na dor desses retirantes com suor e sangue imigrante 
Rapadura eu venho do engenho rasgo os canaviais 
Meto o norte nordeste o povo no topo dos festivais, toma!

Refrão:

Êha! ei! nortista agarra essa causa que trouxeste 
Nordestino agarra a cultura que te veste 
Eu digo norte vocês dizem nordeste 
Norte nordeste norte nordeste 
Êha! hei! nortista agarra essa causa que trouxeste 
Nordestino agarra a cultura que te veste 
Eu digo norte vocês dizem nordeste 
Norte nordeste norte nordeste

Poesia:

Minhas irmãs, meus irmãos, oxe! se assumam como realmente são 
Não deixem que suas matrizes, que suas raizes morram por falta de irrigação 
Ser nortista & nordestino meus conterrâneos num é ser seco nem litorâneo 
É ter em nossas mãos um destino nunca clandestino para os desfechos metropolitanos.

Devasto as galerias tão frias cuspo grafias em vias 
Espalho crias nas linhas trilhas discografias 
Arrasto lp's, ep's cds, dvds 
Cachês, clichês, surdez, vocês? não desta vez! 
Esmago boicotes com estrofes em portes cortes nos flogs 
Poetas pobres em montes dão choques em hip pops 
Versos ferozes em vozes dão mortes aos tops blogs 
Repente forte do norte sacode em trotes galopes 
Meto a fita embolada do engenho em bilhetes de states 
Dou breaks em fakes enfeites cacete nas mix tapes 
Bloqueio esses eixos os deixo sem alimentação 
Alheios fazem feio nos meios de comunicação 
Essas rádios que não divulgam os trabalhos criados em nossos estados 
Ouvintes abitolados é o que produz 
Contratos que pagam eventos forçados com pratos sobre enlatados 
Plágios sairão entalados com esse cuscuz 
Ao extremo venho ao terreno me empenho em trampo agrônomo 
Espremo tudo que tenho do engenho a um campo autônomo 
Juntos fazemos demos oxigênios anônimos 
E não gêmeos fenômenos homogêneos homônimos 
Caros exteriores agrários são os criadores 
Diários com seus labores contrários a importação 
São raros nossos autores amparo pra agricultores 
Calcários pra pensadores preparo pra incitação 
Sou côco e faço cocada embolada bolo na hora 
Minha fala é a bala de agora é de aurora e de alvorada 
Cortando o céu da estrada do nada eu faço de tudo 
Com a enxada aro esse mundo e no estudo faço morada 
Sou doce lá dos engenhos e venho com essa doçura 
Contenho poesia pura a fartura de rima tenho 
Desenho nossa cultura por cima e não por de baixo 
Não sabe o que é cabra macho? me apresento rapadura 
Espanco suas calças largas com vagas para calouros 
Estranha o som do gonzaga a minha sandália de couro 
Que esmaga cigarras besouros mata nos criadouros 
Meu povo o maior tesouro amor regional duradouro 
Recito os ribeirinhos o mara - baixo em vivência 
Um norte com essência não enxerga essa concorrência 
São tão iguais ouvi vários e achei que era só um 
Se no nordeste num tem grupo bom 
Não tem em lugar nenhum, toma!

Refrão:

Êha! ei! nortista agarra essa causa que trouxeste 
Nordestino agarra a cultura que te veste 
Eu digo norte vocês dizem nordeste 
Norte nordeste norte nordeste

Êha! ei! nortista agarra essa causa que trouxeste 
Nordestino agarra a cultura que te veste 
Eu digo norte vocês dizem nordeste 
Norte nordeste norte nordeste.

Nenhum comentário:

Postar um comentário