22 abril 2012

O direito de não crer...

Hoje acordei e vi uma imagem religiosa sendo compartilhada no Facebook. Falava sobre os "evangélicos de verdade" e como eles nao deveriam ser associados à igreja universal nem à igreja mundial. Versava sobre temas como doações à caridade e também sobre homossexuais, ateísmo e seu suposto amor a esses grupos, como não deveríamos tomar os evangélicos como alienados e que "o sistema epistemológico bíblico é filosoficamente coerente e não contraditório". No entanto, havia lá um discurso implícito que nao achei legal, principalmente em dois pontos: 1º Dizer que pessoas estudam, se formam, são doutores e PhD's não isenta elas de serem alienadas.

A alienação é uma condição que não é determinada pelo nível de conhecimento que se tem, de uma forma ampla, mas pela capacidade que de se distanciar o pensamento do sistema de valores ao qual ele está inserido. Em outras palavras, é através do quanto o sujeito consegue se enxergar no sistema de um ponto de vista “externo” a ele que determina, digamos assim, seu "grau" de alienação. Tal capacidade não tem uma relação necessária com o conhecimento. Além disso, não há como escapar da alienação: muitas vezes ao se afastar de um sistema de valores, de uma alienação, entramos na esfera de outra.

O homem é alienado por definição. Assim, nada impede, a não ser o sujeito mesmo, que conhecimento e alienação às vezes andem de mãos dadas. 2º É sim uma contradição epistemológica grave afirmar que ser bom não garante a salvação de ninguém, e que ninguém é bom o suficiente para ser salvo. Enquanto um discurso explícito da religião cristã prega a bondade, caridade, amor ao próximo como ideal de vida e de felicidade, há um eco nas entrelinhas que prega a submissão, humilhação, dogmatismo, sujeição a valores preconceituosos e, em última instância, alienação da vontade do sujeito em função de um ser abstrato que não se contenta com a benevolência pura e sincera, mas exige incondicionalmente que se siga à risca cada aspecto dessa sujeição total como sendo o único meio de salvação (“O ‘prêmio’ não é dado aos bons, mas aos bons iguais a nós”).

Ou seja, não basta ser extremamente bom, vc tem que ser o espelho que vai refletir esse ideal contraditório em que, num primeiro momento tem a bondade, caridade, amor ao próximo como o foco central da sua ideologia, mas que adota como condição final e decisiva que você seja vetor dessa irredutível sujeição a uma ordem superior, que se submeta à alienação religiosa. Então você deve se perguntar: a intenção da religião é mesmo a propagação da bondade ou a propagação desse “submeter-se ao dogma”? E indo mais além, não seria invés de um método de aceitação do outro e propagação do bem, um artifício para agregação, transformação e por fim "propagação de iguais"? Não vem ao caso dar uma resposta sobre isso, mas que se pense sobre. Que se pense em como o dogma religioso pode ser instrumentalizado e ser usado de má fé (exemplos não faltam!). Será que a religião cristã foi criada com esse propósito instrumental ? Não vem ao caso responder mas... exemplos não faltam!

*texto recebido por email de autor desconhecido!

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