07 agosto 2011

A DIVINA COMÉDIA por Victor Ricardo

Desde a pré-história, o homem vem buscando convenções e relações sociais que visam atingir o estado de bem estar social, tão caro aos enciclopedistas do século dezoito. No entanto, no Brasil, percebe-se que os alicerces da organização políticoeconômica não são efetivos, fato que é bem compreendido quando as questões são a educação de base e as políticas públicas voltadas à garantia das condições de trabalho e lazer; itens que ficam apenas previstos na carta de direitos universais, por exemplo. E o problema ganha dimensões outras se levadas em conta as consequências desse descaso, que se repete por décadas e governos.

Na esfera da educação brasileira, o notório problema do analfabetismo é galante. Em simples análise sobre este, não inédito, mas velho, infortúnio nacional; as palavras do poeta João Cabral de Melo Neto nos trazem a reflexão de que se mudam as lamparinas, mas o querosene é o mesmo. Nesse sentido, os cidadãos brasileiros sentem uma constante realidade: entram e saem políticos e a educação no Brasil continua em absoluto descaso. Apesar disso, as estatísticas que “medem” o nível de aprendizagem e aproveitamento escolar dos jovens brasileiros, à revelia do real quadro em que se vive, cresce a cada ano aos olhos da comunidade internacional.

Não só para literatos como João Cabral, o livro, palavra-chave para a realização da aprendizagem, parece manter consenso entre os educadores de todo o país. Isto porque, sem investimento do governo nesse sentido, não há chances reais de reverter as mazelas sociais que também acompanham o déficit da educação no Brasil. Além disso, agravantes como as falhas do serviço de saúde e da inoperante segurança públicas, paralelas ao desemprego, fecham o ciclo vicioso que remete a contextos de governos da segunda metade do século passado. É sabido que, por outro lado, os recentes investimentos como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o projeto federal “Mais Educação” significam tentativas de mudança por parte dos gestores , todavia o Brasil ainda está longe de ser um país modelo em termos de funcionamento politicoeconômico e cultural.

A garantia dos direitos universais como saúde, educação e segurança públicas não devem ser perdidas de vista por nação alguma. Portanto, o Brasil, enquanto país emergente, não pode perdê-las de foco, pois estas devem ser, primeiro, garantidas a todos com igualdade e, segundo, como válvulas de escape do lamentável histórico de negligências nesse sentido. Em linhas gerais, seja através da Literatura ou a partir de exemplos mundiais como o da China, o ensino de base é a chave de acesso à melhoria ampla e igualitária da vida dos brasileiros.


*Victor Ricardo é professor de Língua Portuguesa, Literatura e Redação

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