25 junho 2011

São Paulo é mais gay ou evangélica? Por Gilberto Dimenstein

Por *Gilberto Dimenstein para a Folha.com

Como considero a diversidade o ponto mais interessante da cidade de São Paulo, gosto da ideia de termos, tão próximas, as paradas gay e evangélica tomando as ruas pacificamente. Tão próximas no tempo e no espaço, elas têm diferenças brutais.

Os gays não querem tirar o direito dos evangélicos (nem de ninguém) de serem respeitados. Já a parada evangélica não respeita os direitos dos gays (o que, vamos reconhecer, é um direito deles). Ou seja, quer uma sociedade com menos direitos e menos diversidade.

Os gays usam a alegria para falar e se manifestar. A parada evangélica tem um ranço um tanto raivoso, já que, em meio à sua pregação, faz ataques a diversos segmentos da sociedade. Nesse ano, um do seus focos foi o STF.

Por trás da parada gay, não há esquemas políticos nem partidários. Na parada evangélica há uma relação que mistura religião com eleições, basta ver o número de políticos no desfile em posição de liderança. Isso para não falar de muitos personagens que, se não têm contas a acertas com Deus, certamente têm com a Justiça dos mortais, acusados de fraudes financeiras.

Nada contra -- muito pelo contrário -- o direito dos evangélicos terem seu direito de se manifestarem. Mas prefiro a alegria dos gays que querem que todos sejam alegres. Inclusive os evangélicos.

Civilidade é a diversidade. São Paulo, portanto, é mais gay do que evangélica.

*Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha.com às segundas-feiras.

3 comentários:

  1. em tese a parada gay não deveria ter nenhum vínculo político, mas sempre tem alguém querendo se promover com manifestações como essas, eu por exemplo, acredito que a Marta Suplecy apoia a causa visando um grande público eleitor. Mas enfim que são dois grandes movimentos isso é, porém o movimento evangélico é muito mais organizado, pois doutrina seus seguidores, o que não é feito pelo movimento GLS, e nem deve ser feito afinal cada um deve expressar a sua opinião própria e não reproduzir discursos prontos.

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  2. Eu já havia visto e postado no Face ... uma análise perfeita e crítica ...

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